Os analistas do mercado financeiro elevaram novamente as projeções para a inflação no Brasil em 2024. O avanço é o 13º nas últimas 14 semanas, indicando maior pessimismo entre os economistas, que acreditam na piora do desempenho do indicador neste ano.
De acordo com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 4,20% neste ano, acima da projeção anterior (4,12%). Há quatro semanas, a taxa estava em 4,00%, e as previsões seguem em alta quase ininterruptamente desde o início de maio.
Embora tenha avançado mais uma vez, a taxa segue dentro da meta definida para o ano, algo que é muito positivo para o país. Isso porque, quando a inflação fica controlada, há uma sinalização clara de fortalecimento da economia brasileira, ao menos no geral.
A saber, o BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Para 2025, os analistas projetam uma taxa inflacionária de 3,97% no país, levemente abaixo da última estimativa (3,97%). A inflação deverá ficar bem parecida com a deste ano, visto que os juros também deverão se manter em nível semelhante ao de 2024.
Brasil busca uma inflação controlada
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%. Logo, as projeções dos analistas, de 4,20%, estão dentro do limite, dado muito positivo para o país.
Estimativas para o PIB brasileiro não variam
O boletim Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta atualização, o mercado manteve estável a previsão de crescimento da economia brasileira em 2024.
Em síntese, a taxa se manteve em 2,20% para este ano, interrompendo cinco semanas seguidas de alta. O crescimento deverá ser menor que a alta registrada em 2023, quando o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023, em relação ao ano anterior.
No entanto, a expectativa é que o desempenho do PIB brasileiro em 2024 ainda surpreenda o mercado e cresça mais que o esperado atualmente pelos economistas. Inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o avanço da economia brasileira será superior a 2,2%, taxa projetada pela pasta.
Para 2025, as estimativas também se mantiveram estáveis, em 1,92%, abaixo da taxa projetada para 2024. Vale destacar que a taxa não costuma apresentar grandes variações porque os analistas ficam mais atentos ao desempenho do ano vigente, ou seja, de 2024.
Taxa de juros no Brasil se mantém estável
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic, em 10,50% neste ano, pela oitava semana consecutiva. A saber, o BC promoveu cortes na Selic, totalizando uma redução de 3,25 pontos percentuais entre agosto de 2023 e maio deste ano.
Contudo, após essa sequência de reduções, a autarquia decidiu manter a taxa estável, sem promover alterações no nível atual dos juros no Brasil. Por isso, a taxa Selic está em 10,50% ao ano, e a expectativa é que encerre o ano nesse patamar.
Isso significa que o BC não deverá promover mais qualquer redução na taxa de juros neste ano. Esse prognóstico é bem diferente do observado há alguns meses, quando os analistas acreditavam que o BC manteria seus cortes de meio ponto percentual por mais tempo, para 9,00% ao ano.
A propósito, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a temida inflação. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como os preços dos produtos cresce quando há maior demanda, o contrário também acontece. Assim, ao elevar os juros e reduzir as chances da população gastar, mais controlada tende a ficar a inflação.
Para 2025, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 9,75%, patamar um pouco menor que o esperado para o final deste ano. O BC não deverá elevar os juros no ano que vem, visto que a taxa de inflação também deverá ficar levemente menor em 2025, mas a redução deverá ser bem leve.