O volume de financiamento de veículos vem crescendo de maneira intensa no Brasil. Em julho deste ano, 626 mil veículos foram comprados através do financiamento. Esses números se referem a veículos usados e zero e fazem parte de um levantamento realizado pela B3.
Isso representa um aumento de 27,2% em relação ao mesmo período de 2023. Em resumo, esse é o melhor desempenho desde dezembro de 2013, ou seja, há mais de dez anos que as pessoas não financiavam tantos veículos assim no Brasil.
A saber, a B3 é responsável pela bolsa de valores brasileira e também opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG). Este sistema reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o país.
Veja mais detalhes dos financiamentos
De acordo com o levantamento da B3, o financiamento de automóveis e comerciais leves teve um crescimento de 26% em julho, na comparação com o mesmo mês de 2023.
Por sua vez, o financiamento de veículos pesados, cresceu 28%, na mesma base de comparação. Esse segmento é composto notadamente de caminhões. Já o segmento de motocicletas teve houve um aumento ainda mais expressivo, de 32%.
No acumulado do ano até julho, houve o financiamento de 4 milhões de veículos, incluindo todos os segmentos. Esse número representa um aumento de 24,3% da quantidade de veículos financiados em relação a julho de 2023.
Juros estacionados favorecem financiamentos
Nos últimos anos, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas a taxa de juros no Brasil, a Selic, entre 2021 e 2022. Ao final dos aumentos, os juros chegaram ao maior patamar desde 2016, elevando o custo de vida dos brasileiros.
Em suma, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para segurar a alta da inflação no Brasil. A autarquia aumentou os juros devido à inflação elevada, uma vez que a Selic mais alta também aumenta os juros de diversos setores, como o imobiliário e o veicular. Em outras palavras, os juros mais altos encareciam os financiamentos no Brasil.
Como o BC passou a reduzir os juros no ano passado, e agora vem mantendo a taxa estabilizada, muitas pessoas passaram a realizar o financiamento de veículos, uma vez que a operação não está mais tão cara no país como antigamente.
Analistas projetam juros estáveis até o final do ano
Os analistas do mercado financeiro acreditam que a taxa Selic seguirá em 10,50% até o final de 2024. Isso significa que o BC não deverá promover mais qualquer redução na taxa de juros neste ano, como o fez nos primeiros meses do ano.
Esse prognóstico é bem diferente do observado há alguns meses, quando os analistas acreditavam que o BC manteria seus cortes de meio ponto percentual por mais tempo, para 9,00% ao ano.
Quando a taxa de juros sobe, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. Como os preços dos produtos crescem quando há maior demanda, o contrário também acontece. Assim, ao manter os juros em nível elevado, o BC reduz as chances da população realizar mais gastos.
Embora a taxa de juros siga elevada no Brasil, o patamar é menor que o observado nos últimos anos. Isso já é suficiente para que as pessoas busquem realizar seus sonhos, como o financiamento de veículos, uma vez que não há muita expectativa em relação à queda intensa dos juros nos próximos anos.
Isso quer dizer que a taxa Selic deverá se manter elevada no país, com pequenas quedas até o final de 2025. Portanto, as pessoas não precisariam esperar mais tempo para que as condições de juros melhorassem no Brasil, uma vez que isso deverá se manter semelhante à taxa de juros atual.
Juros também afetam caderneta de poupança
A taxa Selic de 10,50% ao ano impacta a caderneta de poupança da mesma forma que anteriormente, já que a taxa se manteve estável. A propósito, quanto mais altos os juros estiverem, mais vantajosa fica a renda fixa no Brasil, e a poupança faz parte desse grupo de ativos.
Caso a pessoa aplique R$ 1 mil na poupança e em outros tipos de investimentos no período de um ano, ela resgatará os seguintes valores:
- Poupança: R$ 1.071;
- Tesouro Selic com vencimento em 2027: R$ 1.094;
- CDB que paga 103% do CDI: R$ 1.097;
- CDB que paga 108% do CDI: R$ 1.102;
- LCI ou LCA que paga 93% CDI: R$ 1.107.
Caso o valor de R$ 1.000 passe cinco anos nestes tipos de investimentos, as pessoas irão resgatar, ao final do período, os seguintes valores:
- Poupança: R$ 1.406;
- Tesouro Selic com vencimento em 2027: R$ 1.671;
- CDB que paga 103% do CDI: R$ 1.682;
- CDB que paga 108% do CDI: R$ 1.741;
- LCI ou LCA que paga 93% CDI: R$ 1.726.
Por fim, vale destacar que as simulações foram feitas por Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, e informadas ao jornal Valor Investe.