Os brasileiros sofreram com o aumento da inflação no mês passado. Isso porque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,38% em julho, acelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa teve alta de 0,21%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Além de ter acelerado, o resultado também veio levemente acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,35% em julho. Isso aconteceu porque os preços subiu em relação a abril para a maioria dos grupos pesquisados, com destaque para itens do transporte.
Com o acréscimo da variação mensal, a taxa acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses ganhou força, passando de 4,23% para 4,50%. Dessa forma, a taxa chegou ao teto da meta definida para a inflação de 2024, de 4,50%, no limite da taxa definida para este ano.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta sexta-feira (9).
Você sabe o que é IPCA e como ele mede a inflação?
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor. No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
Veja abaixo a variação registrada por cada um dos grupos em julho:
- Transportes: 1,82%;
- Habitação: 0,77%;
- Despesas pessoais: 0,52%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,22%;
- Comunicação: 0,18%;
- Educação: 0,08%;
- Artigos de residência: 0,48%;
- Vestuário: -0,02%;
- Alimentação e bebidas: -1,00%.
Transportes impulsionam IPCA
De acordo com o IBGE, o grupo transportes voltou a exercer o maior impacto no IPCA-15, de 0,37 ponto percentual (p.p.). O avanço respondeu por praticamente toda a variação da inflação nacional, impulsionando-a no mês.
Os transportes havia exercido o único impacto negativo em junho (-0,04 p.p.), mas reverteu essa posição, apresentando a maior influência positiva em julho, com os preços subindo em relação ao mês anterior.
No grupo, o grande destaque foi o item passagem aérea, cujos preços subiram 19,39%. De acordo com o gerente do IPCA, André Almeida, “em julho temos férias escolares, o que concorreu para o aumento das passagens aéreas. Além disso, neste mês passou a vigorar a bandeira tarifária amarela para a energia elétrica residencial, que acrescenta R$ 1,885 a cada 100 kwh, ocasionando elevação de preços“.
“Já o maior impacto foi da gasolina (3,15% e 0,16 p.p.). Em relação aos demais combustíveis (3,31%), o etanol (5,90%) e o óleo diesel (1,03%) apresentaram aumento de preços, enquanto o gás veicular (-0,20%) registrou queda“, informou o IBGE.
Veja outras variações importantes em julho
O grupo habitação impactou a inflação do país em 0,12 p.p., exercendo a segunda maior influência na taxa nacional. Em suma, o grupo “foi influenciado, principalmente, pela energia elétrica residencial (1,93% e 0,08 p.p.). Em julho, passou a vigorar a bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$1,885 a cada 100 kwh consumidos“, explicou o IBGE.
Por outro lado, o grupo alimentação e bebidas inverteu a variação, saindo do campo positivo (0,44%) para o negativo (-1,00%) entre junho e julho. A saber, o grupo impactou a inflação oficial do Brasil em -0,22 p.p. Esse foi o único resultado negativo do mês, impactado pela alimentação no domicílio, que caiu 1,51% em julho, após alta de 0,47% em junho.
Aliás, essa é a primeira queda dos preços após nove meses seguidos de alta. “O aumento da oferta de diversos produtos agrícolas contribuiu para a redução dos preços“, explicou André Almeida. As quedas mais importantes registradas pelos alimentos foram:
- Tomate: -31,24%;
- Cenoura: -27,43%;
- Cebola: -8,97%;
- Batata-inglesa: -7,48%;
- Frutas: -2,84%.
Do lado das altas, os itens que se destacaram em julho foram o café moído (3,27%), o alho (2,97%) e o pão francês (0,67%).
Também vale destacar que os preços da alimentação fora do domicílio subiram 0,39% em julho, taxa semelhante a do mês anterior (0,37%). “O subitem lanche acelerou de 0,39% para 0,74%, enquanto a refeição desacelerou de 0,34% para 0,24%”, informou o IBGE.
Inflação sobe em todos os 16 locais pesquisados
Em julho, a inflação medida pelo IPCA subiu em todos os 16 locais pesquisados, em relação a junho. Cabe salientar que as taxas aceleraram em 14 locais, impulsionando a alta da inflação no mês.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em julho de 2024:
- Rio Branco: 0,53%;
- São Luís: 0,53%;
- São Paulo: 0,52%;
- Fortaleza: 0,47%;
- Goiânia: 0,43%;
- Belém: 0,39%;
- Brasília: 0,36%;
- Porto Alegre: 0,36%;
- Recife: 0,33%;
- Curitiba: 0,30%;
- Campo Grande: 0,29%;
- Rio de Janeiro: 0,28%;
- Belo Horizonte: 0,26%;
- Vitória: 0,25%;
- Aracaju: 0,18%;
- Salvador: 0,18%.
“No que concerne aos índices regionais, as maiores variações ocorreram em São Luís e Rio Branco (0,53%), influenciadas pelas altas da gasolina (5,78% e 2,43%, respectivamente). Por outro lado, as menores variações ocorreram em Salvador e Aracaju (0,18%), por conta do recuo no tomate (-22,31% e -26,00%)“, informou o IBGE.