O preço da cesta básica caiu em todas as 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em julho. O resultado é muito positivo para os brasileiros, que conseguiram economizar um pouco no mês passado.
As maiores quedas ocorreram em capitais do Sudeste e do Nordeste, mas os recuos também foram intensos em outros locais. Confira as variações em todos os locais pesquisados em julho:
Unidade Federativa | Variação |
Rio de Janeiro | -6,97% |
Aracaju | -6,71% |
Belo Horizonte | -6,39% |
Brasília | -6,04% |
Recife | -5,91% |
Salvador | -5,46% |
Curitiba | -4,85% |
Porto Alegre | -4,34% |
João Pessoa | -4,18% |
Vitória | -4,17% |
Florianópolis | -4,08% |
Natal | -4,03% |
Fortaleza | -2,84% |
São Paulo | -2,75% |
Goiânia | -2,17% |
Belém | -1,90% |
Campo Grande | -1,59% |
No acumulado dos sete primeiros meses de 2024, as capitais nordestinas se destacam com os maiores recuos do país. Em suma, apenas seis locais registraram queda nos preços das cestas básicas: Recife (-7,47%), Natal (-6,28%), Aracaju (-4,19%), Salvador (-2,73%), João Pessoa (-1,54%) e Porto Alegre (-0,93%).
Cesta básica mais cara do país
Embora os preços tenham caído em todos os locais no mês passado, os valores seguem elevados em boa parte do país, pressionando a renda dos consumidores.
Com o acréscimo das variações de julho, a cesta básica de São Paulo seguiu como a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital paulista tiveram que desembolsar R$ 809,77 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse preço correspondeu a 57,3% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412). Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em São Paulo, gastou mais da metade do seu salário para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, todos os meses, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo.
Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja, mas seus preços dificultam a vida dos brasileiros. Essa é a terceira vez em 2024 que São Paulo lidera o ranking nacional de preços da cesta básica.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em julho. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a do São Paulo.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.802,88 em julho, valor 4,82 vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em julho de 2023, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.528,93, valor 4,95 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.320).
A pesquisa também mostrou que, para que um trabalhador atuante em São Paulo conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 126 horas e 10 minutos em julho.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o de São Paulo. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em abril foi de 105 horas e 08 minutos, tempo menor que o de março (109 horas e 53 minutos).
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Veja os preços das cestas básicas em julho
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram os menores valores do país em relação à cesta básica de julho, ficando bem abaixo do observado em São Paulo:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
São Paulo | R$ 809,77 |
Florianópolis | R$ 782,73 |
Porto Alegre | R$ 769,96 |
Rio de Janeiro | R$ 757,64 |
Campo Grande | R$ 736,98 |
Curitiba | R$ 718,32 |
Goiânia | R$ 695,98 |
Brasília | R$ 694,31 |
Vitória | R$ 688,45 |
Belém | R$ 682,39 |
Fortaleza | R$ 677,53 |
Belo Horizonte | R$ 656,69 |
Salvador | R$ 579,75 |
Natal | R$ 575,12 |
João Pessoa | R$ 572,38 |
Recife | R$ 548,43 |
Aracaju | R$ 524,28 |
Em síntese, Aracaju teve a cesta básica mais barata do país em julho, assim como geralmente costuma acontece na pesquisa do Dieese. Na capital, o valor dos alimentos básicos comprometeu 37,1% do salário mínimo, taxa bem menor que a do São Paulo, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em julho precisou trabalhar 81 horas e 41 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em São Paulo, a pessoa precisou trabalhar 44 horas e 29 minutos a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.404,48, valor 35,2% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta do São Paulo.