O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros da economia brasileira estável. Nesta quarta-feira (31), o comitê anunciou que a taxa Selic seguirá em 10,50% ao ano.
Essa é a segunda decisão consecutiva de manutenção dos juros nesse patamar. Na reunião anterior do Copom, em junho, a decisão de manutenção dos juros em 10,50% encerrou um ciclo de sete cortes seguidos promovidos na taxa de juros do país.
Aliás, esse é o menor patamar da taxa Selic desde fevereiro de 2022, quando ela estava em 9,25% ao ano, ou seja, em mais de dois anos. A propósito, a decisão veio em linha com as estimativas do mercado, que esperava por uma redução mais tímida.
Decisão do Copom foi unânime
Em resumo, a decisão sobre a manutenção dos juros foi unânime. Isso quer dizer que todos os diretores do Copom votaram a favor da redução continuidade da taxa Selic em 10,50% ao ano, inclusive aqueles indicados pelo presidente Lula.
A saber, o governo federal sempre se mostrou favorável à redução dos juros no país para impulsionar a economia brasileira. Em suma, quanto menor a taxa de juros, mais poder de compra a população passa a ter, e isso fortalece a atividade econômica do país.
O problema é que os juros mais baixos não têm tanta força para conter a inflação brasileira, que vem se mantendo firme. A taxa segue dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas os analistas estão acreditando cada vez mais em uma inflação acima de 4,00% em 2024.
Entenda a composição do Copom e a função da Selic
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por oito diretores do BC. A saber, o comitê se reúne a cada 45 dias para definir os novos rumos da política monetária do Brasil, que afeta todo o país, bem como a população.
Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Comitê se pronuncia sobre manutenção dos juros
O Banco Central informou que o resultado das contas públicas influencia diretamente a taxa dos juros no país. Para 2024, o governo federal estabeleceu a meta de déficit zero, ou seja, o Executivo pretende encerrar o ano com as contas no campo positivo, dos ganhos. Essa também é a meta para 2025.
O problema é que o mercado financeiro não tem muita segurança em relação à decisão. Na verdade, há bastante receio entre os analistas sobre a viabilidade do objetivo do governo Lula.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária“, informou o Copom, em comunicado.
Meta da inflação no Brasil em 2024
No texto, o comitê ressaltou “que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta“.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%.
“O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta“, afirmou o Copom.
Juros também afetam caderneta de poupança
A taxa Selic de 10,50% ao ano continua impactando a caderneta de poupança da mesma forma, já que não houve alteração nesta reunião. Vale ressaltar que, quanto mais altos os juros estiverem, mais vantajosa fica a renda fixa no Brasil, e a poupança faz parte desse grupo de ativos.
Caso a pessoa aplique R$ 1 mil na poupança e em outros tipos de investimentos no período de um ano, ela resgatará os seguintes valores:
- Poupança: R$ 1.071;
- Tesouro Selic com vencimento em 2027: R$ 1.094;
- CDB que paga 103% do CDI: R$ 1.097;
- CDB que paga 108% do CDI: R$ 1.102;
- LCI ou LCA que paga 93% CDI: R$ 1.107.
Caso o valor de R$ 1.000 passe cinco anos nestes tipos de investimentos, as pessoas irão resgatar, ao final do período, os seguintes valores:
- Poupança: R$ 1.406;
- Tesouro Selic com vencimento em 2027: R$ 1.671;
- CDB que paga 103% do CDI: R$ 1.682;
- CDB que paga 108% do CDI: R$ 1.741;
- LCI ou LCA que paga 93% CDI: R$ 1.726.
Por fim, vale destacar que as simulações foram feitas por Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, e informadas ao jornal Valor Investe.