O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou nesta terça-feira (23) que a maioria dos reajustes salariais superou a inflação no país em junho, algo que vem ocorrendo nos últimos meses, para alegria dos trabalhadores do país.
Em resumo, quando as negociações superam a inflação, significa que os trabalhadores com carteira assinada tiveram um aumento no seu poder de compra. Esse dado é muito positivo para os profissionais, pois eles conseguiram ver o seu rendimento mensal crescer, ao menos boa parte deles.
A saber, o Dieese faz uma relação entre os reajustes salariais e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em resumo, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.
Aliás, o INPC é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em outras palavras, o governo federal se baseia na variação registrada pelo indicador para definir os novos valores do salário mínimo no país.
Por isso que o INPC, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um indicador tão importante para os trabalhadores do Brasil.
Reajustes superam o INPC em maio
Nos últimos meses, o Brasil vem conseguindo superar as dificuldades e fortalecer a sua atividade econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu de maneira expressiva em 2023, e as projeções para 2024 também seguem positivas, apesar de estarem um pouco mais tímidas que as do ano passado.
Cabe salientar que a melhora da economia brasileira nos últimos meses aconteceu graças ao controle da inflação no país, que ajudou a impulsionar os resultados dos reajustes salariais, animando os trabalhadores.
Segundo o levantamento, os resultados observados em junho foram os seguintes:
- 87,8% dos reajustes superaram a inflação;
- 8,8% dos reajustes tiveram variação igual ao do INPC;
- 3,3% dos reajustes ficaram abaixo da inflação.
Reajustes acima da inflação
A taxa de reajustes acima da inflação foi bastante expressiva em maio, refletindo o ganho do poder de compra para a maioria dos trabalhadores. Contudo, vale destacar que o número foi menor que de maio, quando 91,1% das negociações ficaram acima da inflação medida no período. Ainda assim, com exceção de maio, o resultado de junho foi o melhor desde maio de 2023, quando 88,7% das negociações superaram a inflação.
Já em relação às negociações abaixo da variação acumulada pelo INPC, a taxa de junho acelerou em relação a abril (1,6%) e maio (1,5%), que tiveram as menores proporções de trabalhadores com perda do poder de compra em 2024.
Vale destacar que, na comparação com junho de 2023, os números melhoraram neste ano. No sexto mês do ano passado, os reajustes que tiveram variação igual ao INPC totalizaram 15,8%, taxa superior a do mês passado. Já as negociações abaixo da inflação (1,9%) ficaram menores que os números de junho deste ano.
Entenda o cálculo dos reajustes salariais
A saber, o Dieese compara os dados do levantamento com a variação acumulada pelo INPC nos últimos 12 meses até junho. No período, o indicador oscilou 3,70% em comparação aos 12 meses imediatamente anteriores, e a maioria dos reajustes salariais teve uma alta mais forte que essa variação, resultando em ganho real para o trabalhador.
Quando ocorre o contrário, com os acordos e convenções ficando abaixo da inflação, o trabalhador tem a sua renda reduzida. Isso porque o reajuste salarial não consegue acompanhar o aumento dos preços de produtos e serviços no país.
Já nos casos de negociações equivalentes ao INPC, os trabalhadores seguem com o mesmo poder de compra. Em síntese, os empregados continuam podendo comprar os itens que tinham condições de adquirir no ano anterior, pelo menos na teoria.
No entanto, não há possibilidade de aumento do consumo, uma vez que a renda subiu apenas o suficiente para mantê-lo no mesmo patamar do ano anterior.
Reajustes nas regiões brasileiras
Além disso, o Dieese também revelou os dados observados nas regiões brasileiras. A saber, todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Segundo o Dieese, os dados entre as regiões brasileiras ficaram parecidos no acumulado de 2024, de janeiro a junho. O Sudeste teve a maior taxa de acordos acima do INPC (89,1%), seguido por Centro-Oeste (85,9%), Norte (85,6%), Sul (85,6%) e Nordeste (81,4%).
Em contrapartida, o Nordeste teve a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação no período (4,9%). Na sequência, ficaram Norte (4,4%), Sudeste (3,1%), Centro-Oeste (2,9%) e Sul (1,7%).
Por fim, o levantamento ainda revelou que o Nordeste também teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (13,7%), ou seja, que também não aumentaram o poder de compra do trabalhador. Em seguida, ficaram Sul (12,7%), Centro-Oeste (11,2%), Norte (10,0%) e Sudeste (7,8%).