É difícil encontrar alguma pessoa no Brasil que não tenha dívidas no cartão de crédito. Essa é a modalidade mais utilizada pelos brasileiros para realizarem transações financeiras, e a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) evidencia o alto percentual de endividamento na modalidade.
De acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 86,9% dos brasileiros afirmaram possuir algum débito no cartão de crédito em maio. Essa modalidade sempre teve números muito expressivos no país, e a sua utilização continua bastante disseminada entre os consumidores.
Em maio de 2024, assim como ocorreu em todos os outros meses, a modalidade liderou o ranking nacional de tipos de dívidas que os consumidores possuíam. Inclusive, nos últimos anos, a modalidade alcançou valores nunca antes registrados pela Peic.
Dívidas no cartão de crédito saltaram nos últimos anos
O endividamento das famílias brasileiras cresceu em maio, na comparação com o mês anterior. Esse foi o quinto avanço nos últimos seis meses, sinalizando o crescimento das dívidas realizadas pelos brasileiros nos últimos meses.
Vale destacar que a proporção de pessoas com débitos no cartão de crédito cresceu 11,7 pontos percentuais nos últimos 11 anos no país. Isso porque, em 2013, o percentual de endividados estava em 75,2%, taxa que já era muito alta.
Em suma, a alta percentual de endividamento na modalidade se concentrou nos últimos anos. Segundo a Peic, a taxa estava em 78,0% em 2020, ou seja, a proporção de endividados no cartão de crédito disparou quase 9,0 pontos percentuais em pouco mais de três anos, e isso aconteceu, principalmente, por causa da pandemia da Covid-19.
Em síntese, a crise sanitária impulsionou a inflação em todo o planeta, inclusive no Brasil. Para segurar a taxa inflacionária, o Banco Central elevou os juros ao maior patamar em seis anos em 2022, reduzindo o poder de compra do consumidor. E isso encareceu o crédito, impulsionando o endividamento e a inadimplência no país.
Nos últimos tempos, o BC passou a reduzir os juros, uma vez que a inflação perdeu muita força no país e vem desacelerando nos últimos anos. Esse novo cenário está ajudando as famílias a honrarem seus compromissos, reduzindo a taxa de inadimplência. Entretanto, os débitos com cartão de crédito seguem elevados.
Embora o percentual de endividamento da população brasileira com o cartão de crédito tenha crescido nos últimos anos, vale destacar que o valor recuou em relação a maio de 2023. Na base anual, houve uma queda leve e 0,3 ponto percentual, mas o resultado pode indicar que um uso menos intenso do cartão entre os brasileiros.
Fuja das dívidas no cartão de crédito
As pessoas que desejam se livrar das dívidas do cartão de crédito em 2024 devem ter em mente que isso pode ser bastante desafiador. No entanto, isso é totalmente possível se houver planejamento e disciplina dos consumidores.
Veja algumas dicas para você conseguir alcançar o seu objetivo e honrar os seu compromissos financeiras:
- Faça uma lista das dívidas que você possui no cartão de crédito, incluindo valores, taxas de juros e datas de vencimento;
- Analise suas despesas mensais e crie um orçamento que se adeque a sua realidade, cortando gastos e buscando maneiras de direcionar mais dinheiro para o pagamento dos débitos;
- Não faça mais compras no cartão de crédito até que você controle todas as suas dívidas. Assim, a situação não irá piorar;
- Entre em contato com a empresa do cartão de crédito e tente negociar taxas de juros mais baixas. Conseguir um plano de pagamento mais acessível também é uma grande saída;
- Pague primeiro as dívidas que têm taxas de juros mais elevadas, enquanto realiza pagamentos mínimos nas outras contas, caso existam;
- Consolidar as dívidas em um único empréstimo pode ser uma boa saída. Dessa forma, você terá maior controle dos pagamentos e poderá buscar operações com taxas de juros mais baixas;
- Caso a situação esteja complicada e não seja possível quitar as dívidas, busque alguma maneira de aumentar sua renda, realizando trabalhos temporários ou vendendo itens não essenciais;
- Reorganize o seu estilo de vida, cortando despesas desnecessárias e acelerando o processo de pagamento;
- Mantenha o foco no seu objetivo e celebre as pequenas vitórias ao longo do caminho, como o pagamento de dívidas menores. Você deve se incentivar o tempo todo a continuar nesse caminho;
- Por fim, caso nada disso ajude e a situação esteja fora de controle, os especialistas indicam a busca de aconselhamento financeiro de um profissional do ramo.