A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) revelou que o percentual de endividamento das famílias do país subiu novamente em maio. Essa é a quarta alta nos últimos cinco meses, ou seja, o número de brasileiros com débitos atrasados no país segue em alta em 2024.
Segundo a Peic, 78,8% das famílias do país relataram ter débitos a vencer em março deste ano. Esse percentual ficou 0,2 ponto percentual (p.p.) acima do nível observado em abril (78,5%), sinalizando o aumento da quantidade de pessoas sofrendo com dívidas e contas atrasadas no país.
Embora o endividamento tenha crescido no mês, o levantamento revelou que o indicador caiu 0,5 p.p. em relação a março de 2023.
A propósito, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela Peic, divulgou a pesquisa nesta semana.
Mercado de trabalho do Brasil se recupera
De acordo com o presidente do sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o endividamento cresceu, mas a inadimplência segue estável, e esse cenário é positivo para o país. Em suma, isso vem acontecendo, principalmente, por causa da melhora do mercado de trabalho do país.
“O avanço no mercado de trabalho, apontado na última Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também apurada pela CNC, revela uma maior parcela da população assalariada e, assim, com mais condições de arcar com seus pagamentos“, destacou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Segundo Tadros, as projeções da CNC indicam que o endividamento deverá seguir em alta no país. Já a expectativa para a inadimplência é que ela fique estabilizada ao longo dos meses, passando a acelerar perto do final do ano.
Endividamento cresce em três faixas de renda
A CNC revelou que o endividamento cresceu em três das quatro faixas de renda pesquisadas em maio. Veja os percentuais de pessoas endividadas em cada uma delas:
- Renda de 0 a 3 salários mínimos: 80,9%;
- Renda de 3 a 5 salários mínimos: 79,9%;
- Renda de 5 a 10 salários mínimos: 77,1%;
- Renda superior a 10 salários mínimos: 71,4%.
No mês passado, o endividamento recuou apenas para as famílias que tinham uma renda superior a 10 salários mínimos (-0,3 ponto percentual).
Por outro lado, o percentual de dívidas cresceu nas demais faixas de renda em maio. O maior avanço foi registrado pelas famílias com renda de 5 a 10 sm (1,6 p.p.), seguido pelas famílias com renda de até três salários (0,5 p.p.) e de 3 a 5 salários mínimos (0,2 p.p.).
Cartão de crédito impulsiona débitos no país
A Peic também revelou quais foram os principais tipos de dívidas dos consumidores do país em maio. Veja abaixo os percentuais registrados:
- Cartão de crédito: 86,9%;
- Carnês: 16,2%;
- Crédito pessoal: 9,8%;
- Financiamento de casa: 8,7%;
- Financiamento de carro: 8,7%;
- Crédito consignado: 5,9%;
- Cheque especial: 3,9%;
- Outras dívidas: 2,9%;
- Cheque pré-datado: 0,6%.
Cabe salientar que, na comparação com maio de 2023, o percentual de pessoas com débitos no cartão de crédito encolheu 0,8 p.p. no país, apesar de o percentual seguir muito elevado no país. Da mesma forma, os débitos em carnê (-0,5 p.p.) e cheque especial (-0,2 p.p.) também encolheram em um ano.
Por outro lado, os débitos nas seguintes modalidades cresceram em relação a maio de 2023: crédito pessoal (0,7 p.p.), financiamento de casa (1,6 p.p.), financiamento de carro (0,8 p.p.), crédito consignado (0,9 p.p.) e cheque pré-datado (0,2 p.p.).
Veja os estados com as maiores taxas de endividamento
A pesquisa revelou que 11 estados tiveram percentuais inferiores à média nacional, enquanto as outras 16 unidades federativas (UFs) apresentaram taxas superiores ao endividamento médio do Brasil.
Confira abaixo as maiores taxas do país:
- Roraima: 89,9%;
- Espírito Santo: 89,8%;
- Paraná: 89,4%;
- Minas Gerais: 88,9%;
- Ceará: 88,9%
- Rio Grande do Sul: 88,8%;
- Rio Grande do Norte: 88,4%.
Em contrapartida, os menores valores do país foram observados em Mato Grosso do Sul (64,7%), Alagoas (65,0%), Bahia (65,4%), Amapá (66,9%) e Pará (67,4%). As demais taxas variaram entre 71,2% e 87,2%.
Inadimplência fica estável em maio
Embora o endividamento tenha crescido em maio, o número de famílias inadimplentes ficou estável no país. Segundo os dados da Peic, quase três em cada dez famílias estavam com dívidas atrasadas no país.
A taxa permaneceu em 28,6% no mês passado, mesmo percentual que o número registrado em abril. Na comparação com maio de 2023, o percentual encolheu 0,5 p.p., visto que, naquele mês, havia 29,1% de famílias inadimplentes no país.
Vale destacar que, apesar da estabilidade nos números, a pesquisa indicou que houve aumento da inadimplência em relação aos atrasos de 30 a 90 dias.
“Apesar da redução nos atrasos superiores a três meses, a alta da inadimplência entre 30 e 90 dias aponta dificuldades financeiras persistentes, exigindo atenção contínua às condições econômicas das famílias brasileiras“, explicou o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.
Por fim, a taxa de famílias inadimplentes superou 50% em dois estados: Rio Grande do Norte (53,8%) e Minas Gerais (50,2%). Já as menores taxas foram observadas na Paraíba (5,2%) e no Paraná (13,1%).