Na próxima semana, o Banco Central (BC) se reúne para definir a taxa básica de juro da economia brasileira. A entidade deverá interromper a sequência de cortes na taxa básica de juro da economia brasileira, após sete reduções consecutivas, que tiveram início em agosto do ano passado.
Há alguns meses, a expectativa entre os analistas era que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mantivesse o corte dos juros em 0,50 ponto percentual (p.p.) até junho. Contudo, as projeções mudaram e, em maio, o corte foi de 0,25 ponto percentual.
O encontro do Copom tradicionalmente dura dois dias, acontecendo nos dias 18 e 19 de junho. Apenas no início da noite do segundo dia de reunião que o BC deverá informar a decisão do comitê sobre a taxa de juros do país.
A expectativa dos analistas é que o BC mantenha a taxa estável em 10,50% ao ano. Nos primeiros meses de 2024, o Copom vinha seguindo uma política menos contracionista, adotada pelo Banco Central. Contudo, a decisão mudou e agora o comitê deverá manter a taxa Selic estabilizada.
Os analistas acreditam que a taxa Selic encerrará 2024 a 10,25% ao ano. Isso quer dizer que os próximos encontros do Copom deverão manter os juros estáveis, havendo apenas uma redução de 0,25 p.p. até o final do ano.
Como o Copom define a taxa de juros?
O principal objetivo do Copom ao reajustar a Selic é impactar a inflação no país. Em suma, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor. Como consequência, desaquece a economia do país, limitando o avanço da chamada “inflação por demanda”.
Quando a Selic sobe, encarece o crédito, reduzindo a busca das pessoas por empréstimos. Dessa forma, o consumo tende a diminuir, uma vez que a população passa a ter menos dinheiro em mãos. Como a demanda diminui, os preços começam a cair, desacelerando a inflação, mas isso só acontece com o passar do tempo.
Inclusive, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas a taxa de juros no Brasil entre 2021 e 2022, fazendo a taxa Selic atingir o maior patamar desde 2016. Esse foi o maior ciclo de alta de juros da história do país.
Após esse período, o Copom manteve a taxa no mesmo patamar por quase um ano, até decidir reduzi-la em agosto de 2023, algo que se manteve até maio deste ano, totalizando sete cortes. Agora, a taxa deve voltar a se estabilizar no país até que haja novas mudanças na atividade econômica brasileira.
Juros demoram para afetar economia
O Copom toma cuidado para definir a taxa de juros no Brasil, pois essa decisão não provoca impactos imediatos na economia brasileira. Na verdade, a taxa Selic pode durar de seis a 18 meses para impactar a atividade econômica, afetando a inflação no país.
Portanto, o comitê leva em consideração a meta da inflação no Brasil em 2024, bem como o ano de 2025. Em síntese, uma inflação controlada traz diversos benefícios para a economia brasileira, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, o que permite um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Em 2023, a inflação perdeu força no país. Inclusive, os analistas estão otimistas com os indicadores econômicos do país em 2024, estimando uma taxa inflacionária ainda menor neste ano. Por isso que a expectativa é que o Copom corte novamente a taxa de juros nesta semana.
Meta da inflação no Brasil em 2024
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Diante desse dado, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação, mas essa taxa pode variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Isso quer dizer que a inflação terá sido cumprida se ela variar entre 1,50% e 4,50% em 2024, mesmo que não alcance a meta central de 3,00%. Segundo os dados mais recentes, os analistas do mercado financeiro acreditam que o Brasil terá uma inflação de 3,90% em 2024.
Caso isso se confirme, o país conseguirá cumprir a meta da inflação pela segundo ano consecutivo. Isso porque o país conseguiu ficar dentro da meta da inflação em 2023, algo que não aconteceu nos dois anos anteriores, principalmente por causa dos gastos feitos pelo governo federal para combater os impactos da pandemia da covid-19.
Como a taxa inflacionária vem se mantendo dentro do limite aceitável para 2024, mas ainda acima da meta central, a expectativa é que o Copom mantenha os juros estáveis nas próximas reuniões.