O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,46% em maio, acelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa teve alta de 0,38%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Além de ter acelerado, o resultado também veio levemente acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,42% em maio. Isso aconteceu porque os preços subiu em relação a abril para a maioria dos grupos pesquisados, com destaque para alguns itens da alimentação.
Com o acréscimo da variação mensal, a taxa acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses ganhou força, passando de 3,69% para 3,93%. Dessa forma, a taxa ficou voltou a se aproximar do teto da meta definida para a inflação de 2024, de 4,50%, mas segue dentro do limite definido.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta terça-feira (11).
Você sabe o que é IPCA e como ele mede a inflação?
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor. No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
Veja abaixo a variação registrada por cada um dos grupos em maio:
- Saúde e cuidados pessoais: 0,69%;
- Habitação: 0,67%;
- Alimentação e bebidas: 0,62%;
- Vestuário: 0,50%;
- Transportes: 0,44%;
- Despesas pessoais: 0,22%;
- Comunicação: 0,14%;
- Educação: 0,09%;
- Artigos de residência: -0,53%.
Alimentos impulsionam IPCA
Em suma, o destaque de maio foi o grupo alimentação e bebidas, apesar de terem registrado uma variação um pouco menor que a de abril (0,70%). A alta foi a terceira maior, mas o impacto na inflação do país foi o mais intenso, de 0,13 ponto percentual. Isso aconteceu porque a alimentação tem um peso maior no IPCA do que os grupos de saúde e cuidados pessoais e habitação, que tiveram variações mais elevadas.
De todo modo, as altas mais importantes registradas pelos alimentos em maio foram:
- Batata: 20,61%;
- Cebola: 7,94%;
- Leite longa vida: 5,36%;
- Café moído: 3,42%.
“Em maio, com a safra das águas na reta final e um início mais devagar da safra das secas, a oferta da batata ficou reduzida. Além disso, parte da produção foi afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, que é uma das principais regiões produtoras“, disse o gerente da pesquisa, André Almeida.
Além disso, Almeida também informou que o leite está em período de entressafra e que houve uma redução das importações do item em maio. “Essa combinação resultou em uma menor oferta. Em relação ao café, os preços das duas espécies têm subido no mercado internacional, o que explica o resultado de maio“, explicou.
Veja outras variações importantes em maio
Por sua vez, o grupo habitação saiu do campo negativo, revertendo a queda de 0,01% observada em abril, para alta de 0,67% em maio. Com isso, impactou a inflação do país em 0,10 p.p., exercendo a segunda maior influência na taxa nacional.
A saber, os preços subiram no grupo devido à alta da energia elétrica residencial (0,94%), influenciada pelos reajustes tarifários aplicados em Salvador (3,67%) e Belo Horizonte (0,82%).
O grupo saúde e cuidados pessoais também se destacou, apresentando a maior variação dos preços, apesar da forte desaceleração em relação a abril (1,16%). Em síntese, o resultado foi influenciado pelo encarecimento do plano de saúde (0,77%) e dos itens de higiene pessoal (1,04%), destacando-se perfume (2,59%) e produto para pele (2,26%).
“Maio é marcado pelo Dia das Mães, que colaborou para o aumento de preços dos perfumes, artigos de maquiagem e produtos para pele“, disse André Almeida.
Inflação sobe em 15 dos 16 locais pesquisados
Em maio, a inflação medida pelo IPCA subiu em 15 dos 16 locais pesquisados, em relação a abril. Vale destacar que as taxas aceleraram em 10 locais, impulsionando a alta da inflação no mês.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em abril e maio de 2024:
Região | Fevereiro | Março |
Porto Alegre | 0,64% | 0,87% |
São Luís | 0,46% | 0,63% |
Belo Horizonte | 0,45% | 0,63% |
Aracaju | 0,78% | 0,60% |
Salvador | 0,63% | 0,58% |
Fortaleza | -0,15% | 0,55% |
Vitória | 0,43% | 0,51% |
Curitiba | 0,37% | 0,49% |
Rio de Janeiro | 0,15% | 0,44% |
Recife | 0,55% | 0,43% |
Campo Grande | 0,36% | 0,42% |
São Paulo | 0,35% | 0,37% |
Brasília | 0,55% | 0,34% |
Rio Branco | 0,15% | 0,19% |
Belém | 0,33% | 0,13% |
Goiânia | 0,24% | -0,06% |
“Regionalmente, somente Goiânia (-0,06%) registrou queda de preços, por conta do recuo na gasolina (-3,61%) e no etanol (-6,57%). Já a maior variação ocorreu em Porto Alegre (0,87%), influenciada pelas altas da batata inglesa (23,94%), gás de botijão (7,39%) e gasolina (1,80%)“, informou o IBGE.