Os números referentes às dívidas das famílias brasileiras continuam a demonstrar uma tendência preocupante, conforme apontado pela mais recente Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
De acordo com os dados revelados, o percentual de famílias endividadas no país registrou um aumento pelo terceiro mês consecutivo, atingindo a marca de 78,8% em maio deste ano. Isso representa um acréscimo em relação ao índice de 78,5% registrado no mês de abril.
No mesmo período do ano anterior, em maio de 2023, a proporção de endividados situava-se em 78,3%. Esses números refletem um cenário desafiador para muitas famílias brasileiras, evidenciando a persistência de dificuldades financeiras em meio a um contexto econômico marcado por incertezas.
De acordo com os dados, o cartão de crédito se destaca como o principal responsável pelo endividamento das famílias, figurando em 86,9% dos casos analisados. Os números indicam a frequência com que as famílias recorrem a essa forma de crédito para lidar com suas despesas cotidianas e imprevistos financeiros.
Outros fatores relevantes identificados na pesquisa incluem os carnês, presentes em 16,2% das situações de endividamento, e o crédito pessoal, com participação em 9,8% dos casos. Essas modalidades de crédito também contribuem para o quadro de endividamento das famílias brasileiras, evidenciando a diversidade de fontes de crédito utilizadas pela população.
Demanda por crédito
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) analisa que o dado mais recente sobre o endividamento das famílias reflete um cenário em que estas continuam a aumentar sua demanda por crédito. Este movimento é impulsionado, segundo a CNC, pela queda progressiva da taxa básica de juros (Selic), que tem sido observada em cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desde agosto do ano passado.
Desde então, a Selic, que atingia 13,75%, tem sido reduzida, alcançando atualmente o patamar de 10,50%. Essa diminuição tem proporcionado às famílias um custo menor com os juros, incentivando assim o aumento da busca por crédito para diversos fins.
A CNC destaca que a tendência de redução da Selic tem influenciado diretamente o comportamento dos consumidores, que se sentem encorajados a buscar crédito em condições mais favoráveis. Essa dinâmica pode impactar o mercado financeiro e o consumo, repercutindo em diversos setores da economia.
Riscos do endividamento e como evitar
O endividamento apresenta diversos riscos que podem afetar a vida financeira e o bem-estar das famílias. Entre os principais perigos estão o comprometimento da renda, o acúmulo de dívidas com juros elevados, a dificuldade de pagamento das contas em dia e o aumento do estresse e da ansiedade.
Além disso, o endividamento excessivo pode prejudicar a capacidade de realizar investimentos, poupar para emergências e alcançar objetivos financeiros de longo prazo, como a compra de um imóvel ou aposentadoria confortável. Para evitar esses riscos, é fundamental adotar algumas práticas financeiras importantes.
Isso inclui a elaboração de um orçamento detalhado, o controle dos gastos, o planejamento financeiro a longo prazo e a criação de uma reserva de emergência. Além disso, é importante evitar o uso indiscriminado de crédito e buscar alternativas para aumentar a renda. Com disciplina, organização e planejamento, é possível evitar as dívidas e construir uma vida financeira mais equilibrada.