O preço da cesta básica subiu em 11 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em maio. O resultado é negativo para os brasileiros, já que a maioria dos locais registrou alta, com um resultado semelhante aos de março e abril, quando 10 locais registraram preços mais elevados que o mês anterior.
As maiores altas de maio foram observados em Porto Alegre, Florianópolis, Campo Grande e Curitiba. Os preços também subiram em outros locais, para tristeza dos consumidores, sinalizando uma disseminação maior dos avanços no mês passado.
Confira as variações em todos os locais pesquisados em maio:
Unidade Federativa | Variação |
Porto Alegre | 3,33% |
Florianópolis | 2,50% |
Campo Grande | 2,15% |
Curitiba | 2,04% |
Belém | 1,40% |
Brasília | 1,29% |
Natal | 1,24% |
João Pessoa | 0,96% |
Goiânia | 0,50% |
São Paulo | 0,49% |
Recife | 0,19% |
Vitória | -0,40% |
Aracaju | -0,44% |
Rio de Janeiro | -0,56% |
Fortaleza | -0,67% |
Salvador | -2,67% |
Belo Horizonte | -2,71% |
No acumulado dos cinco primeiros meses de 2024, as capitais nordestinas se destacam com os maiores aumentos do país. Em suma, as variações mais intensas foram registradas no Nordeste: Natal (15,11%), Recife (14,94%), João Pessoa (14,45%), Fortaleza (12,61%), Aracaju (12,04%) e Salvador (11,10%).
Cesta básica mais cara do país
Embora os preços estejam disparando nas capitais nordestinas em 2024, estes locais não possuem os valores mais elevados do país. Pelo contrário, os valores mais baixos são justamente destas capitais.
Aliás, com o acréscimo das variações de maio, a cesta básica de São Paulo seguiu como a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital paulista tiveram que desembolsar R$ 826,85 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse preço correspondeu a 58,5% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412). Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em São Paulo, gastou mais da metade do seu salário para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, todos os meses, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo.
Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja, mas seus preços dificultam a vida dos brasileiros. Essa é a terceira vez em 2024 que São Paulo lidera o ranking nacional de preços da cesta básica.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em maio. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a do São Paulo.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.946,37 em maio, valor 4,92 vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em maio de 2023, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.652,09, valor 5,04 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.320).
A pesquisa também mostrou que, para que um trabalhador atuante em São Paulo conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 128 horas e 50 minutos em maio.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o de São Paulo. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em abril foi de 110 horas e 31 minutos, tempo superior ao de março (109 horas e 54 minutos).
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Veja os preços das cestas básicas em maio
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram os menores valores do país em relação à cesta básica de abril, ficando bem abaixo do observado em São Paulo:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
São Paulo | R$ 826,85 |
Porto Alegre | R$ 801,45 |
Florianópolis | R$ 801,03 |
Rio de Janeiro | R$ 796,67 |
Campo Grande | R$ 748,48 |
Curitiba | R$ 741,46 |
Brasília | R$ 737,37 |
Vitória | R$ 723,91 |
Fortaleza | R$ 709,90 |
Goiânia | R$ 704,51 |
Belo Horizonte | R$ 693,39 |
Belém | R$ 690,98 |
Natal | R$ 640,10 |
Salvador | R$ 632,23 |
João Pessoa | R$ 620,67 |
Recife | R$ 618,47 |
Aracaju | R$ 579,55 |
Em síntese, Aracaju teve a cesta básica mais barata do país em maio, assim como geralmente costuma acontece na pesquisa do Dieese. Na capital, o valor dos alimentos básicos comprometeu 41% do salário mínimo, taxa bem menor que a do São Paulo, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em maio precisou trabalhar 90 horas e 18 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em São Paulo, a pessoa precisou trabalhar 38 horas e 32 minutos a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.868,80, valor 29,9% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta do São Paulo.