O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu pela primeira vez em 2024. O indicador vinha mantendo avanços recorrentes, sinalizando o bom momento para o mercado de trabalho do país, mas o resultado de maio interrompeu a sequência de altas.
O índice de emprego teve queda de 1,3 ponto em maio, para 78,9 pontos, após atingir no mês anterior o maior patamar desde setembro de 2022 (83,8 pontos), ou seja, em mais de um ano e meio.
Já ao considerar a média móvel trimestral, o IAEmp registrou uma leve alta de 0,1 ponto, para 79,5 pontos, mantendo-se praticamente estável.
Confira abaixo as variações do indicador de emprego em 2024, em relação ao mês imediatamente anterior:
- Janeiro: 0,9 ponto;
- Fevereiro: 0,3 ponto;
- Março: 1,0 ponto;
- Abril: 0,7 ponto;
- Maio: -1,3 ponto.
Cabe salientar que o mercado de trabalho brasileiro enfrentou muitos desafios nos últimos anos. Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta semana.
Resultado do indicador pode sinalizar dados mais fracos
Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, o resultado de maio pode sinalizar que o indicador de emprego pode estar diante de períodos com dados mais fracos. Ainda não há qualquer conformação sobre isso, mas a atenção cresceu em relação aos próximos dados.
“O IAEmp volta a registrar resultado negativo em maio, algo que não ocorria desde outubro de 2023. Esse resultado negativo ainda não representa uma reversão na tendência dos últimos meses, mas pode estar sinalizando uma estabilidade no ritmo de criação de vagas a partir do segundo semestre“, explicou Tobler.
Os analistas estão menos otimistas em relação ao segundo semestre de 2024, que pode ficar marcado por mais desafios e dificuldades em relação à criação de vagas de emprego no país.
Tudo isso vem gerando incertezas sobre o desempenho da atividade econômica brasileira nos próximos meses, e isso se refletiu no indicador de emprego em maio.
“As recentes altas observadas no indicador de incerteza podem ser um obstáculo, mas o cenário macroeconômico positivo parece continuar influenciando positivamente no aquecimento do mercado de trabalho“, disse o economista.
Quatro dos sete componentes do indicador caem
De acordo com os dados do levantamento, quatro dos sete componentes do IAEmp caíram no mês passado, enquanto os três componentes restantes subiram, limitando a queda do indicador. Veja abaixo a variação de cada componente em maio:
- Indústria – Tendência dos Negócios: 0,3 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: -0,8 ponto;
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: -0,1 ponto;
- Serviços – Emprego Previsto: -0,6 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: 0,2 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: -0,5 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: 0,1 ponto.
Em síntese, os dados mostram que o emprego previsto encolheu tanto no setor de serviços quanto na indústria, indicando enfraquecimento do mercado de trabalho brasileiro no mês passado.
Por outro lado, o componente situação atual dos negócios avançou nos serviços, sinalizando uma leve melhora em relação a abril, mas recuou na indústria, fortalecendo a queda do indicador no mês.
A saber, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Desemprego encolhe no Brasil até abril
Apesar do recuo do indicador de emprego da FGV em maio, os números mais recentes do mercado de trabalho brasileiro foram positivos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação caiu para 7,5% entre fevereiro e abril deste ano.
Para a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, “a análise anual é favorável em relação ao patamar da taxa de desocupação que, no trimestre encerrado em abril de 2024, segue como a menor para esse trimestre móvel, desde abril de 2014. Isso revela a manutenção da tendência de redução desse indicador, que vem sendo observada desde 2023“.
A saber, a população desocupada totalizou 8,2 milhões de pessoas no período, o que representa estabilidade estatística em relação ao trimestre anterior. Já na base anual, o indicador caiu 9,7% em um ano (redução de 882 mil pessoas).
Esses dados mostram que o mercado de trabalho parece estar se recuperando em 2024, em relação ao ano passado. Resta aguardar pelos próximos dados para confirmar a expectativa de melhora.