O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) subiu pelo segundo mês consecutivo e voltou ao patamar desfavorável pela primeira vez em 2024. O índice teve forte alta de 6,4 pontos no mês passado, para 112,9 pontos, maior nível desde março de 2023 (116,7 pontos).
A saber, o IIE-Br atingiu estava há mais de ano sem atingir um nível tão elevado quanto o registrado em maio de 2024. Em resumo, as variações seguintes vinha apresentando bastante oscilação, com o indicador registrando um movimento de alternância de resultados e as taxas subindo e descendo seguidamente.
Entretanto, vale destacar que as variações não estavam muito intensas, ou seja, aconteciam recorrentemente, mas vinham mantendo certa estabilidade. Isso parou de acontecer nos últimos meses, e a incerteza econômica disparou em maio, refletindo maior pessimismo no país.
Os dados fazem parte do levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), que divulgou as informações nesta semana.
Entenda o indicador de incerteza da FGV
De acordo com o FGV IBRE, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, enquanto valores abaixo dessa marca refletem o contrário, ou seja, o país se mostra confiável com a economia brasileira.
Segundo o FGV IBRE, a faixa de 100 pontos reflete neutralidade do indicador. Assim, a marca atingida em maio, de 112,9 pontos, indica um grau de incerteza elevado no país, e não mais superficial. A faixa voltou a ultrapassar a marca de 110 pontos, que indica pessimismo, afastando-se dos 100 pontos, faixa de neutralidade.
Vale destacar que, quanto menor o indicador estiver, mais positiva a situação do país estará. Diferentemente da maioria dos índices, que medem indicadores econômicos, e cujos resultados elevados refletem um bom momento para o setor ou o país, o IIE-Br mede a incerteza econômica, ou seja, algo negativo. Portanto, quanto menor esse índice negativo estiver, melhor para o Brasil.
Situação no Rio Grande do Sul eleva incerteza econômica
De acordo com a economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, o indicador de incerteza caiu em maio principalmente por causa da tragédia que aconteceu no Rio Grande Sul. Em suma, o estado gaúcho foi atingido por fortes chuvas e inundações, causando muitos prejuízos na região, e esse cenário afeta todo o país.
“A forte alta do IIE-Br em maio leva o indicador de volta a um patamar desfavorável após 11 meses oscilando abaixo ou no entorno dos 110 pontos. Uma análise de nuvem de palavras contidas nos textos que foram identificados como sinalizadores de incerteza econômica mostra um forte aumento no mês de citações ao Rio Grande do Sul, sugerindo um aumento de incertezas relacionadas ao desastre ambiental na região“, disse Anna Carolina.
A economista ainda citou a inflação e a taxa de juros como fatores para impulsionar a incerteza econômica do país. Ambos os indicadores vêm causando certa preocupação entre os analistas, e isso afeta o indicador do FGV IBRE.
“Diante de tantos desafios, é possível que o indicador apresente dificuldades em retornar rapidamente a patamares mais confortáveis, como vinha registrando há quase um ano“, acrescentou.
Componentes do IIE-Br sobem no mês
De acordo com a economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, o IIE-Br subiu em maio principalmente devido ao componente de mídia, que avançou pelo segundo mês seguido, com uma variação semelhante a de abril.
A saber, o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em maio, os componentes seguiram as mesmas trajetórias, exercendo impactos negativos no indicador, mas um deles teve uma influência bem mais forte que o outro.
Em suma, o componente de mídia subiu 4,4 pontos em maio, para 114,2 pontos, maior nível desde março do ano passado (117,1 pontos). Com isso, contribuiu positivamente com 3,8 pontos para a evolução do índice agregado.
Por sua vez, o componente de expectativas disparou 11,5 pontos, para 102,3 pontos. Com isso, voltou a superar a marca dos 100 pontos, algo que não acontecia desde outubro do ano passado, quando o indicador havia atingido 103,1 pontos. A propósito, o componente de expectativas contribuiu com 2,6 pontos para o IIE-Br.
Por fim, o FGV IBRE explica que o componente de mídia é “baseado na frequência de notícias com menção à incerteza nas mídias impressa e online, e construído a partir das padronizações individuais de cada jornal“.
Já o componente de expectativa é “construído a partir da média dos coeficientes de variação das previsões dos analistas econômicos, reportados na pesquisa Focus do Banco Central, para a taxa de câmbio e a taxa Selic 12 meses à frente e para o IPCA acumulado para os próximos 12 meses“, segundo o instituto.