Os analistas do mercado financeiro elevaram novamente as suas projeções para a inflação no Brasil em 2024 na semana passada. O resultado sinaliza que os economistas estão menos otimistas com o desempenho do indicador neste ano.
De acordo com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 3,88% neste ano, acima da projeção anterior (3,86%). Apesar do quarto avanço seguido, a taxa segue dentro da meta definida para o ano, algo que é muito positivo para o país. Isso porque, quando a inflação fica controlada, há uma sinalização clara de fortalecimento da economia brasileira, ao menos no geral.
O BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Para 2025, os analistas projetam uma taxa inflacionária de 3,77% no país, superando a última estimativa (3,75%). A inflação deverá ficar bem parecida com a deste ano, visto que os juros também deverão se manter em nível semelhante ao de 2024.
Inflação controlada é positiva para o Brasil
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%. Logo, as projeções dos analistas, de 3,88%, estão dentro do limite, dado muito positivo para o país.
Projeções para PIB brasileiro ficam estáveis
O boletim Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nas últimas 16 semanas, o mercado elevou por 12 vezes as projeções para o crescimento da economia brasileira neste ano. Contudo, nas últimas quatro semanas, as estimativas se mantiveram estáveis em três delas, indicando estagnação das projeções. A propósito, os analistas estimam um crescimento de 2,05% em 2024.
Em síntese, o crescimento do PIB deverá ser menor que a alta registrada em 2023. Segundo o IBGE, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023, em relação ao ano anterior. O resultado foi bem semelhante a alta de 2022 (3,0%) e superou significativamente as estimativas de economistas do início do ano passado, de 1,0%.
A expectativa é que o desempenho do PIB brasileiro em 2024 ainda surpreenda o mercado e cresça mais que o esperado atualmente pelos economistas. Inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o avanço da economia brasileira será superior a 2,2%, taxa projetada pela pasta.
Já para 2025, as estimativas permaneceram estáveis em 2,00%. A alta estimada para o ano que vem é bem parecida com a projetada para 2024, mas a taxa não costuma apresentar grandes variações porque os analistas ficam mais atentos ao desempenho do ano vigente, ou seja, 2024.
Analistas voltam a projetar uma taxa mais alta de juros no Brasil
Na semana passada, os analistas elevaram as estimativas para a taxa Selic de 10,00% para 10,25% neste ano, terceiro avanço nas últimas quatro semanas. Nos últimos meses, o BC promoveu cortes na Selic, totalizando uma redução de 3,25 pontos percentuais entre agosto de 2023 e maio deste ano. Agora, a taxa de juros está em 10,50% ao ano.
Isso significa que o BC deverá promover apenas uma redução de 0,25 ponto percentual neste ano, assim como ocorreu em sua última decisão, anunciada no início de maio. Esse prognóstico é bem diferente do observado há alguns meses, quando os analistas acreditavam que o BC manteria seus cortes de meio ponto percentual por mais tempo.
Para 2025, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 9,18%, patamar um pouco menor que o esperado para o final deste ano. O BC não deverá elevar os juros no ano que vem, visto que a taxa de inflação também deverá ficar levemente menor em 2025. Contudo, os analistas ficam sempre atentos aos indicadores econômicos do Brasil para realizarem novas projeções para 2024 e os anos seguintes.