Os brasileiros que pagam aluguel receberam uma notícia negativa nesta quarta-feira (29). O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como inflação do aluguel, subiu novamente em maio, acelerando em relação ao mês anterior.
Em resumo, o IGP-M avançou 0,89% neste mês, taxa bem mais forte que a registrada em abril(0,31%). Com isso, o orçamento das famílias brasileiras ficou um pouco mais pressionado, já que os preços do aluguel ficaram mais caros no país. Além disso, o avanço superou levemente as projeções do mercado (0,84%), sinalizando mais dificuldades para os consumidores do país.
A saber, o IGP-M caiu 3,18% em 2023, e o desempenho do indicador em 2024 estava seguindo esse mesmo caminho, mas o avanço observado em maio inverteu essa taxa e os preços passaram a acumular alta no ano.
A propósito, os dados fazem parte do levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) e divulgado mensalmente.
Indicador mede a inflação do aluguel
Em síntese, o IGP-M funciona como um indexador de contratos, incluindo os de locação de imóveis. No entanto, o índice não fica limitado a aluguéis, pois também é utilizado para reajustes de contratos de tarifas públicas e seguros, por exemplo.
Além disso, o indicador também influencia mensalidades de escolas e universidades, tarifa de energia elétrica e planos de saúde. Em outras palavras, o IGP-M é muito importante para diversos segmentos da sociedade, influenciando-os de maneira direta.
Com o acréscimo do resultado de maio, o índice passou a acumular uma queda de 0,34% nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que os preços de locação de imóveis estão mais baratos que há um ano, mas a variação é bem tímida.
Em maio de 2023, o IGP-M acumulava queda de 4,47% nos últimos 12 meses, resultado bem mais positivo para a população, uma vez que indica queda dos preços no país. Isso quer dizer que a população que vive de aluguel não está se beneficiando com preços mais acessíveis no país, pelo menos não mais.
IGP-M é composto por três índices
Em suma, a variação do IGP-M se dá por três indicadores:
- Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA);
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC);
- Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Em maio, todos os três indicadores aceleram na comparação com o mês anterior. Esse resultado impulsionou o IGP-M, para tristeza dos brasileiros. Como os indicadores compõem a inflação do aluguel, mas abrangem diversos setores, sua variação pode ser peculiar.
Preços ao produtor sobem em maio
Em resumo, o IPA exerce o maior impacto no IGP-M, respondendo por cerca de 60% do índice. Por isso, o indicador considerado a inflação do aluguel tende a apresentar variações semelhantes a do IPA.
Em maio, o IPCA subiu 1,06%, acelerando em relação à variação observada em março (0,29%). O acréscimo foi impulsionado principalmente pelo grupo de bens finais, pressionado pelo subgrupo de alimentos processados, cuja taxa passou de -0,39% para 1,07% entre abril e maio.
“O IPA de maio registrou uma variação de 1,06%, destacando-se a aceleração nos preços de matérias-primas brutas e bens intermediários. Entre as maiores influências positivas do IPA estão o minério de ferro, que passou de -4,78% para 8,18%, e o farelo de soja, que subiu de -2,32% para 9,58%“, disse o Coordenador dos Índices de Preços do FGV IBRE, André Braz.
Índice ao consumidor também acelera
Por sua vez, o IPC passou de 0,32% para 0,44%, aceleração que foi provocada por cinco das oito classes de despesas pesquisadas pelo FGV IBRE, cujas taxas também apresentaram acréscimo em relação a abril.
Em maio, o grupo educação, leitura e recreação (-1,37% para 0,13%) exerceu o maior impacto, impulsionando o IPC. Nesta classe de despesa, o subitem passagem aérea figurou como o grande destaque do mês, com os preços subindo 0,47%, após caírem 8,94% em abril.
Os outros quatro grupos que também apresentaram aceleração nos preços foram transportes (0,24% para 0,66%), saúde e cuidados pessoais (0,63% para 0,78%), comunicação (0,16% para 0,58%) e despesas diversas (0,18% para 0,20%).
Os acréscimos foram provocados, principalmente, pelos seguintes subitens: gasolina (0,30% para 1,70%), artigos de higiene e cuidado pessoal (-0,89% para 0,78%), combo de telefonia, internet e TV por assinatura (-0,64% para 0,64%) e alimentos para animais domésticos (-0,67% para 0,42%), respectivamente.
“Em contrapartida, os grupos Alimentação (0,83% para 0,51%), Habitação (0,54% para 0,29%) e Vestuário (0,05% para -0,58%) exibiram recuo em suas taxas de variação. Nestas classes de despesa, as maiores influências partiram dos seguintes itens: frutas (3,35% para -1,73%), tarifa de eletricidade residencial (0,92% para 0,11%) e roupas (0,11% para -0,73%)“, informou o FGV IBRE.
Inflação da construção avança no mês
Por fim, o terceiro indicador que compõe o IGP-M registrou aceleração em maio, assim como os demais. A saber, este é o componente que exerce a menor influência na inflação do aluguel, de apenas 10%. Portanto, suas taxas não sinalizam para onde o indicador nacional vai.
O INCC variou 0,59% em maio, acelerando em relação a abril (0,41%). Em suma, o resultado do indicador foi fortalecido pelo acréscimo observado em dois dos três grupos componentes do INCC. As oscilações foram as seguintes: materiais e equipamentos (0,17% para 0,25%), serviços (0,29% para 0,50%) e mão de obra (0,74% para 1,05%).