O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 4,0 pontos em maio deste ano, enfraquecido pelas expectativas com o futuro. O indicador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) teve uma forte queda após dois meses seguidos, refletindo a piora no país.
Com o acréscimo desse resultado, o indicador seguiu em patamar ainda mais negativo, sinalizando aumento do pessimismo dos consumidores. Em suma, o ICC chegou a 89,2 pontos, afastando-se da marca dos 100 pontos. Aliás, o recuo fez o índice cair para o menor nível desde maio de 2023 (88,2 pontos), ou seja, em um ano.
Já em relação às médias móveis trimestrais, o indicador teve uma leve queda de 0,2 ponto, para 91,2 pontos, menor nível desde fevereiro deste ano. O resultado não foi mais negativo graças aos avanços registrados nos dois meses anteriores.
O principal fator que derrubou a confiança em relação aos próximos meses foram as chuvas e inundações que afetaram o Rio Grande do Sul. Como há muita incerteza e preocupação em relação à economia local e nacional ao longo deste ano, a confiança dos consumidores acabou recuando fortemente em maio.
Vale destacar que a confiança do consumidor voltou a ficar abaixo de 90 pontos. A saber, a faixa de 100 pontos indica neutralidade, ou seja, níveis inferiores a essa marca refletem o pessimismo dos consumidores, enquanto valores superiores indicam otimismo. Por sua vez, taxas inferiores a 90 pontos refletem ainda mais o pessimismo no país.
Expectativas com o futuro derrubam confiança
Em maio, a queda do ICC foi provocada pela piora das expectativas com o futuro do país. O recuo só não foi mais intenso porque o componente que se refere à situação atual ficou estável e não influenciou a variação do índice.
Em suma, o indicador de confiança possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram direções distintas neste mês, com um deles nem sequer apresentando variação mensal.
Segundo o levantamento, o ISA se manteve estável em 80,6 pontos, após leve queda de 0,1 ponto no mês anterior. Dessa forma, o ISA continua sinalizando um pessimismo firme entre os consumidores em relação à situação atual do país
Por sua vez, o IE despencou 6,7 pontos em maio, para 95,5 pontos. O componente havia alcançado em abril o maior patamar em quatro meses, voltando a ficar acima da faixa de 100 pontos, mas isso deixou de acontecer neste mês.
“A piora da confiança do consumidor foi influenciada apenas pela piora das expectativas para os próximos meses, enquanto a percepção sobre a situação atual ficou estável em patamar desfavorável. O resultado mais que devolve as altas dos últimos dois meses, levando o indicador para o menor nível desde abril do ano passado (87,5 pontos)“, disse Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
“A forte queda nas expectativas foi, principalmente, influenciada pelo desastre ambiental no Rio Grande do Sul, com impactos nas condições de vida dos cidadãos e incertezas em relação à economia local“, acrescentou.
Veja mais detalhes do resultado mensal
Em síntese, o componente do ICC referente ao ímpeto de comprar bens duráveis foi o principal destaque de maio, apresentando a maior contribuição para a queda da confiança no mês, despencando 8,3 pontos, para 78,8 pontos. Com isso, atingiu o menor nível desde outubro de 2022 (78,1 pontos).
Por sua vez, as perspectivas para as finanças futuras das famílias futuras e para a situação futura da economia caíram 6,1 e 4,7 pontos, para 100,1 e 108,3 pontos, respectivamente.
“A estabilidade nas avaliações sobre o momento foi observada na percepção sobre a economia local, onde o indicador permaneceu em 92,3 pontos após duas altas consecutivas e o indicador que mede a percepção sobre as finanças pessoais das famílias variou positivamente em 0,1 ponto, para 69,3 pontos”, explicou o FGV IBRE.
Confiança recua entre todas as faixas de renda
Em maio, o indicador de confiança recuou entre todas as faixas de renda. Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:
- Até R$ 2.100: 87,2 pontos;
- Entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800: 83,2 pontos;
- Entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600: 93,6 pontos;
- Acima de R$ 9.600: 92,8 pontos.
Cabe salientar que a maior queda da confiança veio das famílias com renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800, cujo indicador estava em 87,7 pontos em abril, recuando 4,5 pontos. Em seguida ficaram as famílias com renda de até R$ 2.100 (-2,9pontos), acima de R$ 9.600 (-2,7 ponto) e entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600 (-2,2 ponto).
Vale destacar que todas as faixas apresentaram taxas abaixo da marca de 100 pontos, indicando pessimismo entre os consumidores. A situação mais complicada, com números abaixo de 90 pontos, ficou restrita às pessoas de menor renda, refletindo maior pessimismo entre os consumidores. Já as duas faixas mais elevadas tiveram taxas acima de 90 pontos, apesar dos recuos no mês.