O preço da cesta básica subiu em 10 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em março. O resultado é negativo para os brasileiros, já que a maioria dos locais registrou alta, repetindo o resultado de março, quando 10 locais também registraram preços mais elevados que o mês anterior.
Os maiores avanços foram observados em Fortaleza, João Pessoa, Aracaju, Natal, Recife e Salvador, todas capitais nordestinas. Contudo, os preços também subiram em outros quatro locais, para tristeza dos consumidores.
Confira as variações em todos os locais pesquisados em abril:
Unidade Federativa | Variação |
Fortaleza | 7,76% |
João Pessoa | 5,40% |
Aracaju | 4,84% |
Natal | 4,44% |
Recife | 4,24% |
Salvador | 3,22% |
Belém | 2,09% |
São Paulo | 1,18% |
Campo Grande | 0,37% |
Belo Horizonte | 0,03% |
Curitiba | -0,20% |
Porto Alegre | -0,23% |
Vitória | -0,35% |
Goiânia | -0,36% |
Florianópolis | -1,22% |
Rio de Janeiro | -1,37% |
Brasília | -2,66% |
As capitais nordestinas também se destacam nos aumentos acumulados nos quatro primeiros meses de 2024. Entre janeiro e abril, os preços subiram em todos os locais pesquisados, e as variações mais intensas se concentraram no Nordeste: Recife (14,72%), Salvador (14,14%), Natal (13,70%), Fortaleza (13,37%), João Pessoa (13,36%) e Aracaju (12,54%).
Cesta básica mais cara do país
Embora os preços estejam disparando nas capitais nordestinas em 2024, estes locais não possuem os valores mais elevados do país. Com o acréscimo das variações de abril, a cesta básica de São Paulo seguiu como a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital paulista tiveram que desembolsar R$ 822,84 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse preço correspondeu a 58,3% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412). Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em São Paulo, gastou mais da metade do seu salário para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, todos os meses, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo.
Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja, mas seus preços dificultam a vida dos brasileiros. Essa é a segunda vez em 2024 que São Paulo lidera o ranking nacional de preços da cesta básica.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em abril. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a do São Paulo.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.912,69 em abril, valor 4,90 vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em abril de 2023, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.676,11, valor 5,13 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.320).
A pesquisa também mostrou que, para que um trabalhador atuante em São Paulo conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 128 horas e 12 minutos em abril.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o de São Paulo. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em abril foi de 109 horas e 54 minutos, tempo superior ao de março (108 horas e 26 minutos).
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Veja os preços das cestas básicas em abril
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram os menores valores do país em relação à cesta básica de fevereiro, ficando bem abaixo do observado em Rio de Janeiro:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
São Paulo | R$ 822,84 |
Rio de Janeiro | R$ 801,15 |
Florianópolis | R$ 781,53 |
Porto Alegre | R$ 775,63 |
Campo Grande | R$ 732,75 |
Brasília | R$ 727,76 |
Vitória | R$ 726,82 |
Curitiba | R$ 726,64 |
Fortaleza | R$ 714,68 |
Belo Horizonte | R$ 712,70 |
Goiânia | R$ 701,01 |
Belém | R$ 681,45 |
Salvador | R$ 640,12 |
Natal | R$ 632,23 |
Recife | R$ 617,28 |
João Pessoa | R$ 614,75 |
Aracaju | R$ 582,11 |
Em síntese, Aracaju teve a cesta básica mais barata do país em abril, assim como geralmente costuma acontece na pesquisa do Dieese. Na capital, o valor dos alimentos básicos comprometeu 41,2% do salário mínimo, taxa bem menor que a do São Paulo, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em abril precisou trabalhar 90 horas e 42 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em São Paulo, a pessoa precisou trabalhar 37 horas e 30 minutos a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.890,31, valor 29,2% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta do São Paulo.