A Petrobras perdeu R$ 34 bilhões em valor de mercado nesta quarta-feira (15). Em valores percentuais, a queda representou uma perda de 6,3% do valor da empresa, um resultado impressionante que mostra a importância da petroleira.
Com o forte resultado negativo, o valor de mercado da companhia caiu para R$ 509 bilhões, ante um valor de R$ 543 bilhões de ontem (14). A propósito, a Petrobras segue como uma gigante no país e no mundo, mas o tombo preocupou o mercado.
Esse derretimento do valor de mercado equivaleu ao valor total das ações da Hapvida, segundo levantamento de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.
O que provocou o tombo no valor da Petrobras
Na noite da terça-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu Jean Paul Prates da presidência da Petrobras. De acordo com fontes, o petista já havia decidido pela demissão de Prates há algum tempo. Isso aconteceu devido a uma sequência de desentendimentos de Prates com o governo.
A relação entre o ex-presidente da Petrobras e o Poder Executivo ficou insustentável, principalmente com a polêmica envolvendo o pagamento de dividendos a acionistas da petroleira.
Na época, Prates foi contra a orientação do governo, abstendo-se na votação. O Planalto não recebeu essa decisão com bons olhos. Além disso, o governo também não estava vendo Prates dar resultados na velocidade desejada.
Polêmica dos dividendos
Em março deste ano, a Petrobras chegou a perder mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado em apenas um dia. Isso aconteceu devido à informação de que a petroleira não iria pagar dividendos extraordinários aos acionistas da empresa.
Na época, o presidente Lula se reuniu com Prates para discutir a situação envolvendo os dividendos da empresa, visto que a Petrobras havia visto suas ações derreterem na Bolsa de Valores, causando preocupação no Governo Federal.
Aliás, o conselho de distribuição da empresa havia proposto o pagamento de dividendos ordinários de R$ 14,2 bilhões, sem pagamento extra, causando revolta nos acionistas.
Também havia a proposta de que um valor de R$ 43,9 bilhões fosse destinado para uma reserva estatutária, aprovada em 2023 sob o argumento de que a Petrobras precisava aprimorar as regras vigentes. A empresa também ressaltou que a reserva seria utilizada para garantir recursos a pagamentos de dividendos.
Segundo a Petrobras, os investimentos aprovados para 2024 e 2025 iriam provocar a saída de recursos, impactando sobre os dividendos. Portanto, a reserva estatutária iria assegurar o pagamento de bons proventos aos acionistas da empresa.
Nova presidente da Petrobras
Com a demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras, a empresa terá seu sexto presidente em pouco mais de três anos. Segundo o blog da Natuza Nery, o cargo será assumido por Magda Chambriard.
Em síntese, desde o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro que a presidência da Petrobras vem mudando constantemente. O Executivo tenta utilizar a petroleira como forma de aumentar a popularidade do presidente em exercício, visto que a empresa define os valores dos combustíveis no país, fator que impacta diretamente milhões de brasileiros.
Confira abaixo o histórico de presidentes na Petrobras nos últimos anos:
- Roberto Castello Branco: De janeiro de 2019 a fevereiro de 2021;
- Joaquim Silva e Luna: De abril de 2021 a abril de 2022;
- José Mauro Coelho: De abril de 2022 a junho de 2022;
- Caio Paes de Andrade: De junho de 2022 a dezembro de 2022;
- Jean Paul Prates: De março de 2023 a maio de 2024.
A próxima presidente da Petrobras, Magda Chambriard, foi convidada para ser a substituta de Prates e já aceitou assumir o cargo, segundo o blog. A saber, ela foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo Dilma Rousseff (PT) e trabalhou na Petrobras por mais de 20 anos.
Lucro da Petrobras despenca quase 34% em 2023
No início de março, a Petrobras informou ter registrado um lucro líquido de R$ 124,6 bilhões em 2023. ?O valor é o segundo maior da história da estatal, mas representa uma forte queda de 33,8% em relação ao lucro observado em 2022 (R$ 188,3 bilhões), recorde histórico.
Segundo a empresa, os diversos desafios enfrentados em 2023 limitaram o lucro. O principal desafio foi a redução de 18% no preço internacional do petróleo (Brent). Contudo, a Petrobras ressaltou que conseguiu bater recordes de produção e aumentou investimentos, mesmo com todas as adversidades enfrentadas.
“Apesar desses desafios, vale ressaltar que tais impactos negativos foram parcialmente mitigados pelo aumento do volume de petróleo comercializado ao longo do período, com destaque para o crescimento nas exportações“, informou a estatal em relatório.