O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,38% em abril, acelerando fortemente em relação ao mês anterior, quando a taxa teve alta de 0,16%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Além de ter acelerado, o resultado também veio levemente acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,35% em abril. Isso aconteceu porque a maioria dos grupos pesquisados registrou desaceleração dos preços em relação a março, com destaque para a alta nos preços dos medicamentos.
Com o acréscimo da variação mensal, a taxa acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses perdeu força, apesar de acelerar em abril, passando de 3,93% para 3,69%. Dessa forma, a taxa ficou ainda mais distante do teto da meta definida para a inflação de 2024, de 4,50%, mas acima da meta central, de 3,00%.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta sexta-feira (10).
Você sabe o que é IPCA e como ele mede a inflação?
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor. No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
Veja abaixo a variação registrada por cada um dos grupos em abril:
- Saúde e cuidados pessoais: 1,16%;
- Alimentação e bebidas: 0,70%;
- Vestuário: 0,55%;
- Comunicação: 0,48%;
- Transportes: 0,14%;
- Despesas pessoais: 0,10%;
- Educação: 0,05%;
- Habitação: -0,01%;
- Artigos de residência: -0,26%.
Medicamentos mais caros pressionam inflação
Em suma, o destaque de abril foi o grupo saúde e cuidados pessoais, que teve uma forte aceleração em relação a março (0,43%). Com isso, o grupo exerceu um impacto de 0,15 ponto percentual (p.p.) no IPCA do mês passado, respondendo por quase 40% da alta da inflação no período.
“Saúde e cuidados pessoais foi impactado pela alta de preços dos produtos farmacêuticos (2,84%), em decorrência do reajuste de até 4,5% autorizado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), a partir de 31 de março“, explicou André Almeida, gerente do IPCA.
O levantamento revelou que os avanços mais expressivos no período foram registrados por antidiabético (4,19%), anti-infeccioso e antibiótico (3,49%) e hipotensor e hipocolesterolêmico (3,34%).
Alimentos também impulsionam IPCA
O grupo alimentação e bebidas também impactou a inflação em 0,15 p.p. em abril, apesar de os preços terem subido menos que o do grupo saúde e cuidados pessoais. A influência foi a mesma porque a alimentação tem um peso maior no IPCA do que o outro grupo.
Veja as altas mais importantes registradas em entre os alimentos:
- Mamão: 22,76%;
- Cebola: 15,63%;
- Tomate: 14,09%;
- Café moído: 3,08%.
A alta dos preços em abril ocorreu devido à redução da oferta desses produtos no país. “Fenômenos climáticos ocorridos no fim de 2023 e no começo de 2024 afetaram a produção“, explicou Almeida.
Veja outras variações importantes em abril
O grupo transportes saiu do campo negativo, revertendo a queda de 0,33% observada em março, para 0,14% em abril. Com isso, impactou a inflação do país em 0,03 p.p., exercendo pouca influência na taxa nacional.
Em síntese, o preço médio dos combustíveis pesquisados subiu 1,74%, impulsionado pelas altas registradas por etanol (4,56%), gasolina (1,50%) e óleo diesel (0,32%).
Por outro lado, o preço do gás veicular caiu 0,51%, limitando a alta mensal. Da mesma forma, o item passagem aérea ficou 12,09% mais barata, impactando o grupo em -0,08 p.p.
Inflação sobe em 15 dos 16 locais pesquisados
Em abril, a inflação medida pelo IPCA subiu em 15 dos 16 locais pesquisados, em relação a março. Vale destacar que as taxas aceleraram em 10 locais, impulsionando a alta da inflação no mês.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em março e abril de 2024:
Região | Março | Abril |
Aracaju | 0,50% | 0,78% |
Porto Alegre | -0,13% | 0,64% |
Salvador | 0,16% | 0,63% |
Recife | 0,33% | 0,55% |
Brasília | 0,21% | 0,55% |
São Luís | 0,81% | 0,46% |
Belo Horizonte | 0,12% | 0,45% |
Vitória | 0,05% | 0,43% |
Curitiba | 0,03% | 0,37% |
Campo Grande | 0,11% | 0,36% |
São Paulo | 0,14% | 0,35% |
Belém | 0,54% | 0,33% |
Goiânia | 0,36% | 0,24% |
Rio Branco | 0,18% | 0,15% |
Rio de Janeiro | 0,17% | 0,15% |
Fortaleza | 0,28% | -0,15% |
“Nos índices regionais, somente Fortaleza (-0,15%) registrou queda de preços, por conta do recuo na gasolina (-3,97%) e na energia elétrica residencial (-3,80%). Já a maior variação ocorreu em Aracaju (0,78%), influenciada pelas altas da cebola (27,77%) e do tomate (23,20%)“, informou o IBGE.