Nesta quarta-feira (8), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juro da economia brasileira, de 10,75% para 10,50% ao ano.
A redução foi a sétima consecutiva e estas sucederam sete decisões do Copom em manter estável a taxa Selic no país. Aliás, até o início de agosto de 2023, os juros estavam no maior patamar em quase sete anos, algo que aconteceu devido ao ciclo de 12 avanços promovido pelo Copom entre março de 2021 e agosto de 2022.
Embora o BC tenha reduzido novamente a taxa Selic, o Brasil seguiu na segunda posição do ranking mundial dos juros reais. O resultado mostra o quão elevada está a taxa, mas vale destacar que o país ocupou o primeiro lugar do ranking entre maio de 2022 e setembro de 2023, por quase um ano e meio.
Levantamento desconta inflação
A saber, os juros reais no Brasil chegaram a 6,54% ao ano após a decisão do BC sobre a taxa Selic. Inclusive, o ranking considera a inflação projetada para o país nos 12 meses seguintes, ou seja, não considera apenas o juro nominal do país.
A propósito, o dado faz parte de um levantamento compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management, que analisa 40 países, incluindo Estados Unidos, China, Japão e Alemanha, as maiores economias do planeta.
Confira abaixo os 15 países com os maiores juros reais do planeta.
1º Rússia | 7,79% |
2º Brasil | 6,54% |
3º México | 5,88% |
4º África do Sul | 5,09% |
5º Colômbia | 4,04% |
6º Indonésia | 3,81% |
7º Hungria | 3,42% |
8º Filipinas | 2,44% |
9º Índia | 2,23% |
10º Estados Unidos | 2,08% |
11º República Tcheca | 2,05% |
12º Canadá | 2,04% |
13º Chile | 1,93% |
14º Reino Unido | 1,85% |
15º Hong Kong | 1,73% |
Outros 16 países pesquisados também apresentaram taxas positivas de juros reais, destacando-se China (1,31%), França (1,25%) e Alemanha (1,02%), algumas das maiores economias do mundo.
Argentina tem os menores juros reais do mundo
Enquanto o Brasil seguiu na segunda posição do ranking dos juros reais, a Argentina permaneceu na outra ponta da tabela, mantendo a última posição do ranking. O vizinho sul-americano apresentou um juro real negativo de 46,82%.
Além da Argentina, outros dois países também tiveram taxas negativas dos juros reais. Veja abaixo os países com taxas negativas da pesquisa:
- Argentina: -46,82%;
- Turquia: -17,56%;
- Suécia: -2,93%;
- Holanda: -2,32%;
- Japão: -1,96%;
- Dinamarca: -1,74%;
- Bélgica: -0,35%;
- Taiwan: -0,26%;
- Suíça: -0,05%.
Vale destacar a grande mudança ocorrida nos últimos meses. Isso porque, nos primeiros meses de 2024, poucos países pesquisados tinham taxas de juros negativas, mas agora vários nações se encontram nessa situação. Isso mostra a importância da elevação dos juros para conter a alta da inflação nas países.
Veja quem lidera o ranking de juros nominais
Em suma, o levantamento também revelou as taxas de juros nominais entre os 40 países. Essa lista se refere ao valor nominal dos juros em cada um dos países analisados, sem descontar a inflação projetada para os meses seguintes.
Nesse ranking, a Argentina liderou com bastante folga, apresentando uma taxa básica de juro da economia de expressivos 50% ao ano. A situação foi completamente diferente da observada no ranking dos juros reais, pois esta lista leva em consideração a inflação no país, que atualmente está em 287,9% no acumulado de 12 meses até março.
Cabe salientar que a Argentina vem tentando sair de uma recessão econômica desde 2018. Em 2021, a inflação disparou 50,9% no país, uma das maiores taxas do mundo. A situação piorou em 2022, com a taxa saltando para 94,8%, e ficou ainda mais crítica em 2023, chegando a 189,8%, maior taxa do mundo.
Em meio a isso, o Banco Central argentino passou a elevar os juros no país. Aliás, como ambas as taxas, de inflação e de juros, estão muito elevadas, a Argentina acaba apresentando a menor taxa de juro real entre os 40 países do levantamento, apesar de ter o maior juro nominal da lista.
Brasil tem o sexto maior juro nominal do mundo
De acordo com o levantamento, o Brasil ficou na sexta posição no ranking dos países com as maiores taxas de juros do mundo, após a leve redução de 10,75% para 10,50% ao ano.
Em síntese, o top dez dos juros nominais foi formado pelos seguintes países:
- Argentina: 50%;
- Turquia: 50%;
- Rússia: 16%;
- Colômbia: 11,75%;
- México: 11%;
- Brasil: 10,50%;
- África do Sul: 8,25%;
- Hungria: 7,75%;
- Chile: 6,50%;
- Filipinas: 6,50%.
Veja também as taxas em algumas das maiores economias do mundo: Estados Unidos (5,50%, em 15º), Reino Unido (5,25%, em 18º), Alemanha (4,50%, em 21º), França (4,50%, em 28º), China (3,45%, em 34º) e Japão (0,10%, em 40º).
Como a taxa Selic afeta os brasileiros?
Em resumo, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a famosa e temida inflação. Assim, quanto mais alta a taxa Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país, pois a Selic puxa consigo os juros para cima, no geral.
Dessa forma, o crédito fica mais caro no Brasil, reduzindo o poder de compra do consumidor. Portanto, as pessoas se veem obrigadas a pagar mais caro para contratar crédito, muitas delas reduzem seus gastos e modificam seus hábitos de consumo para adequarem suas rendas à nova realidade financeira.
A principal consequência de tudo isso é o desaquecimento da economia brasileira, uma vez que o consumo é um dos principais motores da atividade econômica.