O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) subiu pelo quinto mês seguido, sinalizando o bom momento para o país. O índice de emprego teve alta de 0,7 ponto em abril, para 80,2 pontos. Esse é o maior patamar do indicador desde setembro de 2022 (83,8 pontos), ou seja, em mais de um ano e meio.
Ao considerar a média móvel trimestral, o IAEmp também registrou uma alta de 0,7 ponto, para 79,4 pontos. Confira abaixo as últimas variações do indicador de emprego, em relação ao mês imediatamente anterior:
- Outubro: -1,4 ponto;
- Novembro: 0,0 ponto;
- Dezembro: 2,3 pontos;
- Janeiro: 0,9 ponto;
- Fevereiro: 0,3 ponto;
- Março: 1,0 ponto;
- Abril: 0,7 ponto.
Cabe salientar que o mercado de trabalho brasileiro enfrentou muitos desafios nos últimos anos. Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Pandemia impacta mercado de trabalho brasileiro
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da covid-19. Isso provocou uma queda histórica do IAEmp em abril, mês em que o indicador de emprego caiu para 39,7 pontos, menor nível já registrado em toda a série histórica.
No ano de 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos em relação ao ano anterior. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação pouco favorável em 2022, mas o saldo de 2023 se mostrou mais positivo que do ano anterior, e em 2024 os resultados continuam seguindo uma trajetória positiva.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta segunda-feira (6).
Melhora nas projeções econômicas impulsionam indicador
Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, o resultado dos últimos meses mostra que o indicador de emprego vem mantendo uma trajetória positiva, com avanços consecutivos. Isso vem acontecendo, principalmente, por causa da melhora das projeções de analistas para a atividade econômica do país neste ano.
“O resultado de abril do IAEmp mantém a trajetória positiva dos últimos meses, acumulando alta de 5,2 pontos nos últimos cinco meses. A melhora nas previsões da economia brasileira para o ano de 2024 pode estar influenciado as decisões dos empresários e sugerindo um cenário positivo para o mercado de trabalho nessa primeira metade do ano“, explicou Tobler.
Entretanto, vale destacar que o índice segue em nível historicamente baixo. A expectativa do pesquisador é de que o ritmo de crescimento continue nessa magnitude, ao menos nos próximos meses, a não ser que o Brasil consiga dados econômicos ainda melhores ao longo do ano.
“Ainda é preciso cautela pelo patamar baixo do indicador, retornando para o nível de 2022, e pela recente alta da incerteza, que pode ser um obstáculo para a continuidade dessa retomada do indicador“, ponderou o economista.
Quatro dos sete componentes do indicador sobem
De acordo com os dados do levantamento, quatro dos sete componentes do IAEmp subiram no mês passado, enquanto os três componentes restantes recuaram, limitando a alta do indicador. Veja abaixo a variação de cada componente em abril:
- Indústria – Tendência dos Negócios: 0,9 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: 0,2 ponto;
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: -0,3 ponto;
- Serviços – Emprego Previsto: 0,5 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: -0,3 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: -0,5 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: 0,2 ponto.
Em síntese, os dados mostram que o emprego previsto cresceu tanto no setor de serviços quanto na indústria, indicando fortalecimento do mercado de trabalho brasileiro. Por outro lado, o componente situação atual dos negócios encolheu em ambos os setores, sinalizando maior dificuldade nos dias atuais.
A saber, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Desemprego cresce no 1º trimestre no Brasil
Apesar do avanço do indicador de emprego da FGV em abril, os números mais recentes do mercado de trabalho brasileiro foram um pouco negativos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação subiu para 7,9% no acumulado dos três primeiros meses deste ano.
Segundo a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, “o aumento da taxa de desocupação foi ocasionado pela redução na ocupação. Esse panorama caracteriza um movimento sazonal da força de trabalho no primeiro trimestre de cada, com perdas na ocupação em relação ao trimestre anterior“.
A saber, a população desocupada totalizou 8,6 milhões de pessoas no período, o que representa aumento de 6,7% em relação ao trimestre anterior (acréscimo de 542 mil pessoas). Por outro lado, o indicador caiu 8,6% em um ano (redução de 808 mil pessoas).
Esses dados mostram que o mercado de trabalho parece estar se recuperando em 2024, em relação ao ano passado. O crescimento do desemprego no trimestre parece ter sido sazonal, mas resta aguardar pelos próximos dados para confirmar as previsões.