O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, manteve inalterada a taxa de juros de referência do país. Nesta quarta-feira (1º), a entidade divulgou a sua decisão sobre os novos rumos da política monetária adotada no país, e manteve a taxa no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, assim como aconteceu nas últimas reuniões do banco.
A decisão foi unânime e veio em linha com as projeções do mercado, que acreditavam na manutenção da taxa. Aliás, vale destacar que os juros nos Estados Unidos continuam no maior patamar desde 2001, ou seja, em 23 anos. Isso é muito negativo para a população, que sofre com a redução do poder de compra.
Para quem não sabe, os juros elevam o custo de vida no país, pois o crédito fica mais caro. Isso não acontece apenas nos Estados Unidos, mas em todos os países cuja taxa se encontra elevada, como no Brasil, apesar das recentes reduções. Aliás, o Banco Central do Brasil vai se reunir na próxima semana para definir a nova taxa Selic do país.
De acordo com economistas, os juros elevados são um “remédio amargo” necessário para conter a inflação. Por falar nisso, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se pronunciou em relação à decisão de manter a taxa estável.
Em suma, o órgão responsável por supervisionar e controlar as operações de mercado aberto no mercado financeiro norte-americano afirmou mais uma vez que não considera adequada no momento a redução do intervalo de juros. Isso porque, “nos últimos meses, não houve novos progressos em direção ao objetivo de inflação de 2%”, segundo o Fed, citando o “ritmo sólido” de expansão de indicadores econômicos no país.
Inflação está muito alta nos EUA
Nesta quarta-feira (1º), o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o banco deverá levar mais tempo para reduzir a taxa de juros no país devido à inflação, que “ainda está muito alta”.
“Progressos adicionais para derrubá-la não estão garantidas e o caminho a seguir é incerto. É provável que ganhar maior confiança demore mais do que o esperado anteriormente“, afirmou Powell.
Embora essa decisão seja um verdadeiro balde de água fria nas pessoas que desejam a queda dos juros, o presidente do Fed disse ser “improvável” que a entidade eleve a taxa de juros no país na próxima reunião. A expectativa é que o BC norte-americano mantenha a atual postura de manutenção dos juros.
Todas as declarações de Powell foram bem vistas pelos economistas, apesar de dados negativos em relação à inflação. Isso porque o mercado temia a volta das altas dos juros., mas isso não deverá acontecer.
Juros elevados enfraquecem inflação
Em todo o planeta, os bancos centrais decidem elevar os juros com o objetivo de segurar a inflação nos países. Em síntese, política monetária apertada é sinal de juros elevados em diversos setores, ou seja, a população sofre com o seu poder de compra reduzido.
Esse cenário não é positivo para a economia, que sofre para se manter aquecida, já que a redução do consumo prejudica a atividade econômica dos países.
Apesar de negativa, a ação é vista como algo positivo pelo mercado, porque o aumento dos juros limita o avanço da chamada “inflação por demanda”, caracterizada pela alta dos preços de bens e serviços devido à procura elevada dos consumidores.
Como a decisão do Fed impacta o Brasil?
Embora tenha mantido os juros estáveis, a taxa continua muito elevada nos EUA, e isso deverá afetar todo o planeta. No caso do Brasil, o que mais deverá impactar a vida da população é o aumento dos preços dos produtos importados.
Em resumo, quanto mais altos estiverem os juros nos EUA, mais rentáveis ficam os ativos relacionados ao governo norte-americano. Dessa forma, os investimentos estrangeiros tendem a crescer no país, fortalecendo o dólar em detrimento de outras moedas.
A saber, a cotação internacional de bens e serviços é feita em dólar, ou seja, tudo o que vier de fora do Brasil seguirá tão caro quanto está. Aliás, nem todos devem saber, mas diversos produtos consumidos diariamente no Brasil vêm do exterior, como o trigo, usado em pães, bolos, massas e biscoitos. Estudos revelam que entre 50% e 60% do trigo consumido no Brasil vem do exterior.
Também não há como esquecer os combustíveis. Em síntese, a política de preços da Petrobras leva em consideração a cotação internacional do barril de petróleo e as oscilações do dólar. Assim, quanto mais cara estiver a moeda americana, maiores os riscos de alta dos combustíveis no país.
Além disso, o dólar mais elevado encarece a dívida pública do Brasil e pressiona o BC brasileiro a também manter os juros elevados no Brasil. Isso porque, mesmo com uma inflação mais baixa, uma redução nos juros brasileiros pode fortalecer o dólar e impulsionar novamente a inflação no país.