Após dois meses de queda, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) voltou a subir em abril. O índice avançou 2,7 pontos no mês passado, para 106,5 pontos, seguindo acima de 100 pontos, mas continuando em patamar favorável.
A saber, o IIE-Br atingiu em julho do ano passado o menor nível em quase seis anos (103,5 pontos). Contudo, as variações seguintes tiveram bastante oscilação, e o indicador apresentou um movimento de alternância de resultados, com as taxas subindo e descendo seguidamente.
Nos quatro primeiros meses de 2024, o indicador seguiu apresentando variações bastante oscilantes. Em janeiro e abril, a incerteza cresceu no país, mas em fevereiro e março, o índice recuou.
Todos estes dados fazem parte do levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), que divulgou as informações nesta semana.
Entenda o indicador de incerteza da FGV
Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, enquanto valores abaixo dessa marca refletem o contrário, ou seja, o país se mostra confiável com a economia brasileira.
Segundo o FGV IBRE, a faixa de 100 pontos reflete neutralidade do indicador. Assim, a marca atingida em abril, de 106,5 pontos, indica um leve grau de incerteza no país. A faixa está mais próxima de 110 pontos, que indica pessimismo, do que de 100 pontos, faixa de neutralidade.
Vale destacar que o grau de incerteza vem se mantendo em um patamar relativamente estabilizado nos últimos meses. Isso está acontecendo porque as variações do indicador se anulam, em grande parte, e o nível acaba apresentando uma variação pouco intensa no acumulado dos meses.
Vale destacar que, quanto menor o indicador estiver, mais positiva a situação do país estará. Diferentemente da maioria dos índices, que medem indicadores econômicos, e cujos resultados elevados refletem um bom momento para o setor ou o país, o IIE-Br mede a incerteza econômica, ou seja, algo negativo. Portanto, quanto menor esse índice negativo estiver, melhor para o Brasil.
Componente de mídia sobe e impulsiona incerteza
De acordo com a economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, o IIE-Br subiu em abril devido ao componente de mídia, diferentemente do que aconteceu em março, quando o componente recuou 0,2 ponto.
A saber, o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em abril, os componentes seguiram trajetórias diferentes, exercendo impactos distintos no indicador, mas um deles teve uma influência bem mais forte que o outro.
“Após dois meses de queda o Indicador de Incerteza volta a subir em abril, motivado por incertezas em relação às contas públicas e uma deterioração do cenário externo, com os conflitos no Oriente Médio e dúvidas no front monetário da economia norte-americana“, disse Anna Carolina.
Em suma, o componente de mídia subiu 4,2 pontos em abril, para 109,8 pontos, maior nível desde janeiro (112,2 pontos). Com isso, contribuiu positivamente com 3,7 pontos para a evolução do índice agregado.
Componente de expectativas cai no mês
Embora a incerteza em relação à mídia tenha subido em abril, o componente de expectativas com o futuro recuou no mês, com uma variação ainda mais intensa que a do outro componente, de 4,3 pontos, para 90,8 pontos. Esse é o menor patamar desde fevereiro de 2015 (88,7 pontos), ou seja, em mais de nove anos.
“A alta do IIE-Br, no entanto, foi compensada pelo comportamento em sentido contrário do componente de expectativas, que recuou e registrou o menor nível desde 2015, influenciado pela menor dispersão das previsões para a inflação 12 meses à frente“, disse a economista do FGV IBRE.
Embora o recuo tenha sido praticamente na mesma magnitude da alta do componente de mídia, as expectativas contribuíram com a queda do IIE-Br em apenas -1,0 ponto. Esse resultado impediu um avanço mais firme do indicador, que fechou o mês em alta de 2,7 pontos.
Vale destacar que o componente de expectativas mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, segundo o FGV IBRE. Apesar de ser um dos componentes do IIE-Br, sua influência no indicador é bem menor que a do componente de mídia.
Com o resultado de abril, a incerteza em relação às expectativas seguiu na zona favorável e se afastou ainda mais da marca de 100 pontos. Por outro lado, o componente de mídia continuou acima desse patamar, próximo da faixa desfavorável do indicador.