Os brasileiros que pagam aluguel receberam uma notícia negativa nesta segunda-feira (29). O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como inflação do aluguel, voltou a subir em abril, após dois meses seguidos de retração.
Em resumo, o IGP-M avançou 0,31% neste mês, mostrando uma inversão em relação à taxa registrada em março (-0,47%). Com isso, o orçamento das famílias brasileiras ficou um pouco mais pressionado, já que os preços do aluguel ficaram mais caros no país.
Cabe salientar que o IGP-M caiu 3,18% em 2023, e o desempenho do indicador em 2024 está seguindo esse mesmo caminho, apesar da recente alta. Os resultados são bem diferentes da variação observada em 2022, quando os preços do aluguel subiram 5,45%, período em que os brasileiros tiveram que pagar mais caro no país.
A propósito, os dados fazem parte do levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) e divulgado mensalmente.
Indicador mede a inflação do aluguel
Em síntese, o IGP-M funciona como um indexador de contratos, incluindo os de locação de imóveis. No entanto, o índice não fica limitado a aluguéis, pois também é utilizado para reajustes de contratos de tarifas públicas e seguros, por exemplo.
Além disso, o indicador também influencia mensalidades de escolas e universidades, tarifa de energia elétrica e planos de saúde. Em outras palavras, o IGP-M é muito importante para diversos segmentos da sociedade, influenciando-os de maneira direta.
Com o acréscimo do resultado de abril, o índice passou a acumular uma queda de 3,04% nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que os preços de locação de imóveis estão mais baratos que há um ano, para alegria das pessoas que vivem de aluguel no país.
Em abril de 2023, o IGP-M também acumulava queda, de 2,17% nos últimos 12 meses, resultado semelhante ao atual. Logo, a população que vive de aluguel vem se beneficiando com preços mais acessíveis há mais de um ano no país.
IGP-M é composto por três índices
Em suma, a variação do IGP-M se dá por três indicadores:
- Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA);
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC);
- Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Em abril, todos os três indicadores aceleram na comparação com o mês anterior. Esse resultado tirou o IGP-M do campo negativo, impulsionando-o para o campo das altas dos preços. Além disso, vale destacar que nenhum componente ficou negativo no mês, algo que aconteceu em março e foi suficiente para derrubar a inflação do aluguel.
Preços ao produtor sobem em abril
Em resumo, o IPA exerce o maior impacto no IGP-M, respondendo por cerca de 60% do índice. Por isso, o indicador considerado a inflação do aluguel tende a apresentar variações semelhantes a do IPA.
Em abril, o IPCA subiu 0,29%, revertendo a variação observada em março (-0,77%). O acréscimo foi impulsionado principalmente pelo estágio das matérias-primas brutas, cuja taxa passou de -2,71% para 0,24% entre março e abril.
Entretanto, vale destacar que o indicador apresentou uma taxa um pouco menos negativa que a do mês anterior devido ao aumento nos preços de alguns produtos. O resultado não ficou mais intenso porque outros itens importantes tiveram variações mais tímidas no mês.
“Vários produtos essenciais registraram movimentações significativas no último levantamento do índice ao produtor. Entre eles, destacam-se aumentos no preço do cacau, que saltou de 19,92% para 63,63%, e do café, que foi de 0,62% para 9,57%, além da soja, que passou de -0,47% para 5,66%“, disse o Coordenador dos Índices de Preços do FGV IBRE, André Braz.
“Por outro lado, o minério de ferro apresentou uma redução menos acentuada, caindo de -13,27% para -4,78%, o que também teve papel importante na aceleração da taxa do IPA“, acrescentou.
Índice ao consumidor tem leve aceleração no mês
Por sua vez, o IPC passou de 0,29% para 0,32%, aceleração que foi provocada por cinco das oito classes de despesas pesquisadas pelo FGV IBRE, cujas taxas também apresentaram decréscimo em relação a fevereiro.
Nos últimos dois meses, o grupo educação, leitura e recreação exerceu o maior impacto negativo, limitando a alta do IPC. Contudo, em abril, os preços do grupo passaram de -1,85% para -1,37%. Embora tenha seguido em campo negativo, a variação foi menos intensa que a de março, principalmente devido ao subitem passagem aérea, que passou de -10,53% para -8,94%.
Os outros quatro grupos que também apresentaram aceleração nos preços foram alimentação (0,68% para 0,83%), saúde e cuidados pessoais (0,42% para 0,63%), habitação (0,47% para 0,54%) e comunicação (-0,06% para 0,16%).
Os acréscimos foram provocados, principalmente, pelos seguintes subitens: hortaliças e legumes (-0,29% para 6,04%), medicamentos em geral (-0,01% para 2,48%), tarifa de eletricidade residencial (-0,52% para 0,92%) e tarifa de telefone móvel (-0,10% para 1,27%), respectivamente.
“Em contrapartida, os grupos Transportes (0,64% para 0,24%), Despesas Diversas (0,81% para 0,18%) e Vestuário (0,13% para 0,05%) exibiram recuo em suas taxas de variação. Dentro destas classes de despesa, é importante destacar os itens: gasolina (1,50% para 0,30%), serviços bancários (1,45% para 0,20%) e serviços de confecção (0,00% para -2,37%)“, informou o FGV IBRE.
Inflação da construção também sobe
Por fim, o terceiro indicador que compõe o IGP-M registrou aceleração em abril. A saber, este é o componente que exerce a menor influência na inflação do aluguel, de apenas 10%. Portanto, suas taxas não sinalizam para onde o indicador nacional vai.
O INCC variou 0,41% em abril, acelerando levemente em relação a março (0,24%). Em suma, o resultado do indicador foi fortalecido pelo acréscimo observado em dois dos três grupos componentes do INCC. As oscilações foram as seguintes: materiais e equipamentos (0,26% para 0,17%), serviços (0,14% para 0,29%) e mão de obra (0,23% para 0,74%).