O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1,9 ponto em abril deste ano. O indicador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) avançou pelo segundo mês consecutivo, após dois meses de queda.
Embora o indicador tenha subido no mês, segue em patamar que reflete o pessimismo dos consumidores do país. Em suma, o ICC chegou a 93,2 pontos, conseguindo se aproximar um pouco da marca dos 100 pontos. Já em relação às médias móveis trimestrais, o indicador subiu 0,8 ponto, interrompendo uma sequência de seis resultados negativos nessa base comparativa.
Diversos fatores impulsionaram o otimismo dos brasileiros em 2023, como a desaceleração da inflação e a redução dos juros. Contudo, as expectativas com a situação atual e com o futuro perderam força e puxaram a confiança dos consumidores para baixo nos últimos meses de 2023, persistindo até fevereiro deste ano. Contudo, a situação mudou em março, e seguiu positiva em abril.
Cabe salientar que a confiança do consumidor segue abaixo de 100 pontos, mas os dois avanços fizeram o indicador voltar a ficar acima de 90 pontos. A saber, a faixa de 100 pontos indica neutralidade, ou seja, níveis inferiores a essa marca refletem o pessimismo dos consumidores, enquanto valores superiores indicam otimismo.
“Esse é o primeiro resultado positivo do ano, elevando o indicador de um nível pessimista para moderadamente pessimista, acima dos 90 pontos“, afirmou Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
Expectativas com o futuro impulsionam confiança
Em abril, a alta do ICC foi impulsionada pela melhora das expectativas com o futuro do país. O avanço só não foi mais intenso porque o componente que se refere à situação atual recuou no mês, mesmo que levemente, limitando a alta do ICC.
Em suma, o indicador de confiança possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram direções opostas neste mês. Contudo, vale destacar que, enquanto uma variação foi bastante intensa, a outra foi bem tímida, perto da estabilidade.
Segundo o levantamento, o ISA recuou 0,1 pontos, para 80,6 pontos, após dois meses de alta. “A melhora da confiança no mês foi influenciada, principalmente, pelas expectativas para os próximos meses, enquanto a percepção sobre a situação atual ficou praticamente constante entre março e abril“, explicou Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
Por sua vez, o IE subiu 3,1 pontos em abril, para 102,2 pontos. O componente voltou a ficar acima da faixa de 100 pontos, que indica neutralidade, alcançando o maior patamar desde dezembro (102,5 pontos). Entretanto, o ISA continua sinalizando um pessimismo firme entre os consumidores em relação à situação atual do país.
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Em síntese, o componente do ICC referente às perspectivas para as finanças familiares futuras entre os quesitos foi o principal destaque de abril, assim como ocorreu em março. Isso porque o quesito apresentou a maior contribuição para a alta da confiança no mês, subindo 5,4 pontos, para 106,2 pontos, maior nível desde agosto. Com isso, devolveu a maior parte da queda observada no mês anterior, de 8,5 pontos.
Além disso, o FGV IBRE também destacou o avanço do indicador que mede as perspectivas sobre a situação futura da economia, que teve alta de 2,4 pontos, para 113,0 pontos.
Além disso, o ímpeto de comprar bens duráveis voltou a subir em abril, após forte tombo de 9,2 pontos observado em março. Em resumo, o componente subiu 1,3 ponto no mês, para 87,1 pontos. Aliás, o indicador vem apresentando fortes oscilações nos últimos meses, segundo o FGV IBRE.
Confiança tem variações divergentes entre faixas de renda
Em abril, o indicador apresentou variações divergentes entre as faixas de renda, com todas elas registrando aumento da confiança dos consumidores no mês.
Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:
- Até R$ 2.100: 90,1 pontos;
- Entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800: 87,7 pontos;
- Entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600: 95,8 pontos;
- Acima de R$ 9.600: 95,5 pontos.
Cabe salientar que a maior alta da confiança veio das famílias com renda de até R$ 2.100 (6,3 pontos), cujo indicador estava em 83,,8 pontos em março. As famílias com renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800 também tiveram aumento de confiança neste mês (0,3 ponto), mas de maneira bem tímida.
Por outro lado, o indicador recuou tanto para os consumidores com renda acima de R$ 9.600 (-1,7 ponto) quanto para as famílias com renda entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600 (-0,1 ponto).
Vale destacar que todas as faixas continuaram apresentando taxas abaixo da marca de 100 pontos, indicando pessimismo entre os consumidores. A situação mais complicada, com números próximos a 90 pontos, ficou restrita às pessoas de menor renda, refletindo maior pessimismo entre os consumidores. Já as duas faixas mais elevadas tiveram taxas acima de 95 pontos, apesar dos recuos no mês.