Os brasileiros estão pagando muitos impostos em 2024, e o nível já supera significativamente o do ano passado. Pelo menos é o que indica o Impostômetro, ferramenta da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que revela de forma online o montante arrecadado no Brasil em tempo real.
Em resumo, os brasileiros já pagaram R$ 1 trilhão e 167 bilhões em impostos em 2024. A marca exata de 1 trilhão de reais foi alcançada no dia 5 de abril deste ano, 21 dias antes do observado em 2023, quando a marca só foi atingida em 26 de abril.
De acordo com a ACSP, o montante apresentado se refere aos valores pagos pelos contribuintes aos governos federal, estadual e municipal desde o início do ano. Aliás, os valores incluem impostos, taxas e contribuições, bem como multas, juros e a correção monetária.
Volume de imposto só diminuiu em 2020
A saber, a população pagou cerca de R$ 2,5 trilhões em impostos no ano de 2019. No entanto, em 2020, o valor ficou um pouco acima de R$ 2 trilhões, o que representou uma queda de R$ 447 bilhões em relação ao ano anterior.
Em suma, essa foi a primeira queda anual registrada pela Impostômetro desde 2005, ano de criação do levantamento, e única até hoje. A redução ocorreu devido à crise econômica causada pela pandemia da Covid-19, que reduziu os impostos pagos no Brasil em 2020.
Já em 2021, o valor total de impostos pago pelos brasileiros foi de R$ 2,59 trilhões, alta de 26% em relação ao ano anterior. O valor também superou o montante observado em 2019, indicando que a diminuição provocada pela crise sanitária já havia sido superada.
Em 2022, o valor seguiu em alta, atingindo a marca de R$ 2,89 trilhões. Contudo, foi em 2023 que o montante de impostos pagos atingiu uma marca inédita. Entre janeiro e dezembro do ano passado, a arrecadação superou a marca de R$ 3 trilhões, algo que nunca havia acontecido no país.
Caso o ritmo de arrecadação continue intenso em 2024, o valor pago pelos consumidores deverá superar o montante observado no ano passado. Inclusive, o valor atual pago em 2024 está em R$ 1 trilhão, 167 bilhões e 300 milhões.
Veja o que impulsionou os números no início do ano
Desde a criação do impostômetro, em 2005, os valores subiram em todos os anos. Isso aconteceu porque os impostos acompanham o crescimento da economia e o aumento dos preços dos produtos. Contudo, a crise sanitária fez a arrecadação de impostos cair em 2020.
Por outro lado, em 2021, a arrecadação de impostos foi impulsionada pela elevação dos preços dos produtos e serviços. O forte avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, elevou a quantidade de impostos pagos pelos brasileiros.
Nos últimos anos, a inflação perdeu força no país, pressionada pelos juros, que seguiram até agosto de 2023 no maior patamar dos últimos anos. A partir daquele mês, o Banco Central passou a reduzir as taxas, algo que vem acontecendo até hoje.
Aliás, o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, afirmou que o aumento no montante arrecadado nos primeiros meses de 2024, que superaram o volume registrado no ano anterior, pode ter acontecido devido à alta da inflação. Segundo ele, uma parte considerável da tributação se baseia nos preços dos produtos, e do avanço econômico, que, no início do ano, acabou superando as estimativas do mercado.
Além disso, o economista destacou outros fatores que impulsionaram esse crescimento do montante, como as arrecadações atípicas da Receita Federal e o aumento da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis.
Volume arrecadado deve perder força
Embora os números tenham apresentado uma forte variação nos primeiros meses de 2024, a expectativa é que os valores tenham um avanço menos intenso ao longo dos próximos meses. Segundo Ruiz de Gamboa, “é esperado um menor crescimento da arrecadação, se não houver mais aumentos nas alíquotas de impostos, devido à expectativa de menor inflação e de desaceleração da atividade econômica“.
A propósito, os analistas do mercado financeiro estão elevando há meses suas projeções para o desempenho da economia brasileira em 2024. Nesta terça-feira (23), o BC divulgou as novas estimativas, que indicaram pela primeira vez uma alta superior a 2% neste ano. Caso a atividade econômica se fortaleça nos próximos meses, o volume arrecadado poderá voltar a ficar intenso no país.
Por fim, para alcançar os valores, o impostômetro calcula os dados utilizados por Receita Federal, Secretaria do Tesouro Nacional, Caixa Econômica Federal, Tribunal de Contas da União e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).