O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou nesta sexta-feira (19) os dados mais recentes do índice de Gini. Em 2023, o indicador se manteve no menor patamar da série histórica, repetindo a mesma taxa que a observada no ano anterior: 0,518.
Em resumo, o índice de Gini mede a concentração da distribuição de renda em uma população. “O valor do indicador varia de zero (perfeita igualdade) a um (máxima desigualdade). Nesse resultado específico, foi considerada a desigualdade referente ao rendimento médio mensal real domiciliar per capita recebido pela população do país“, explicou o IBGE.
Índice volta a cair, após atingir nível recorde
De acordo com a publicação, o índice de Gini registrou uma tendência de redução da desigualdade no Brasil entre 2012 e 2015, passando de 0,540 para 0,524. Contudo, a partir de 2016, o indicador voltou a subir no país, alcançando o maior valor da série histórica em 2018, quanto chegou a 0,545.
Nos anos seguintes, apresentou variações com bastante oscilação, sem manter uma tendência de movimento. De toda formas, as reduções no período foram mais intensas e fizeram o índice de Gini cair para 0,518 em 2022, mesma taxa que a observada no ano passado. A saber, esse é o menor patamar da série histórica do IBGE.
Segundo o analista da pesquisa, Gustavo Geaquinto, o índice de Gini se manteve estável em 2023, na comparação com o ano anterior, devido aos movimentos no mercado de trabalho e à ampliação dos programas sociais no país.
“No último ano, houve aumento importante da população ocupada, ou seja, muita gente que estava fora do mercado de trabalho, sem renda do trabalho, foi reinserida. No entanto, o rendimento do trabalho cresceu a uma taxa mais elevada na classe dos 10% da população ocupada de maior renda“, disse o analista.
Ele também revelou que os rendimentos de outras fontes também teve um crescimento considerável no ano passado. Isso aconteceu, principalmente, com a rubrica outros rendimentos, que inclui os programas sociais, como o Bolsa Família. “Isso beneficiou fortemente a população de menor renda. Então houve esse efeito dos dois lados“, ponderou.
Veja os números nas regiões brasileiras
Em relação às regiões do Brasil, os número foram bem diferentes e seguiram direções específicas. Na comparação entre 2022 e 2023, o índice de Gini caiu em três regiões, mas avançou em outras duas. Essas variações mantiveram a taxa do indicador estável na passagem anual.
Vale destacar que os números seguem em queda no Nordeste, mas as região continua com a maior taxa do país. Por outro lado, o Sul tem o indicador mais baixo, mantendo uma distância significativa em relação às demais regiões.
Confira abaixo o índice de Gini nas regiões brasileiras em 2019, antes da pandemia da Covid-19, e em 2022 e 2023:
2019 | 2022 | 2023 | |
Brasil | 0,544 | 0,518 | 0,518 |
Nordeste | 0,560 | 0,517 | 0,509 |
Sudeste | 0,528 | 0,505 | 0,508 |
Norte | 0,537 | 0,509 | 0,500 |
Centro-Oeste | 0,506 | 0,493 | 0,498 |
Sul | 0,467 | 0,458 | 0,454 |
“Em termos de desigualdade de renda, o Sudeste se aproximou bastante do Nordeste. Tanto no Sudeste quanto no Centro-Oeste, a variação positiva do índice de Gini do rendimento domiciliar entre 2022 e 2023 refletiu o aumento da desigualdade no rendimento do trabalho observada nessas regiões”, ressaltou Gustavo Geaquinto.
Aliás, ele revelou que duas unidades federativas localizadas nessas regiões se encontram no top cinco nacional dos locais com os maiores números do índice de Gini. Veja abaixo os locais que tiveram as maiores taxas do país em 2023:
- Piauí: 0,587;
- Paraíba: 0,584;
- Distrito Federal: 0,540;
- Rio de Janeiro: 0,519;
- Rio Grande do Norte: 0,517;
- Pará: 0,514;
- Ceará: 0,511;
- Bahia: 0,500.
Em síntese, os valores mais elevados foram observados em estados do Nordeste. Por isso que a região apresentou o maior valor nacional. Contudo, vale destacar que o nível ficou bem próximo ao das outras regiões, porque os outros estados da região tiveram índices bem menores.
Por falar nisso, os locais com os menores números do país em 2023 foram:
- Santa Catarina: 0,395;
- Rondônia: 0,426;
- Mato Grosso: 0,434;
- Paraná: 0,438;
- Acre: 0,448;
- Alagoas: 0,448;
- Rio Grande do Sul: 0,450.
Saiba mais sobre a pesquisa do IBGE
Em suma, todos os dados apresentados no texto fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Rendimento de Todas as Fontes (2023). A saber, o levantamento apresenta dados de rendimentos provenientes de trabalho e de outras fontes, como aposentadoria, pensão e programas sociais.
“Entre os indicadores de destaque, estão a massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita, o rendimento médio real de todas as fontes, o rendimento médio de outras fontes e o Índice de Gini do rendimento médio mensal real domiciliar per capita. Há dados para Brasil, grandes regiões e unidades da federação.”, explica o IBGE.