O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou nesta semana que a maioria dos reajustes salariais superou a inflação no país em março.
Isso quer dizer que os trabalhadores com carteira assinada tiveram um aumento no seu poder de compra no mês passado deste ano. Esse dado é muito positivo para os trabalhadores pois eles conseguiram ver o seu rendimento mensal crescer, ao menos boa parte deles.
A saber, o Dieese faz uma relação entre os reajustes salariais e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em resumo, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.
Aliás, o INPC é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em outras palavras, o governo federal se baseia na variação registrada pelo indicador para definir os novos valores do salário mínimo no país.
Por isso que o INPC, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um indicador tão importante para os trabalhadores do Brasil.
Reajustes superam o INPC em março
Nos últimos meses, o Brasil vem conseguindo superar as dificuldades e fortalecer a sua atividade econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu de maneira expressiva em 2023, e as projeções para 2024 também seguem positivas, apesar de não estarem muito intensas quanto as do ano passado.
Ainda assim, cabe salientar que a melhora da economia brasileira nos últimos meses aconteceram graças à desaceleração da inflação no país, que ajudou a impulsionar os resultados dos reajustes salariais, animando os trabalhadores.
Segundo o levantamento, os resultados observados em abril foram os seguintes:
- 85,7% dos reajustes superaram a inflação;
- 9,9% dos reajustes tiveram variação igual ao do INPC;
- 4,4% dos reajustes ficaram abaixo da inflação.
Reajustes acima da inflação
A taxa de reajustes acima da inflação foi bastante expressiva em março, refletindo o ganho do poder de compra para a maioria dos trabalhadores. O número foi mais intenso que o observado em março do ano passado (61,4%), mas inferior aos de janeiro (86,2%) e fevereiro (85,9%) deste ano.
Já em relação às negociações abaixo da variação acumulada pelo INPC, a taxa de março se manteve praticamente estável em relação a janeiro (4,7%). Entretanto, ambas as taxas superaram o número observado em janeiro, quando a taxa havia ficado em 2,8%.
Vale destacar que, na comparação com março de 2023, os números ficaram bem mais positivos em 2024. No terceiro mês do ano passado, os reajustes que tiveram variação igual ao INPC totalizaram 32,1%, acima dos números do mês passado. Da mesma forma, as negociações que ficaram abaixo da inflação (6,4%) também superaram os números de março deste ano.
Entenda como são calculados os reajustes salariais
A saber, o Dieese compara os dados do levantamento com a variação acumulada pelo INPC nos últimos 12 meses até fevereiro. No período, o indicador oscilou 3,40% em comparação aos 12 meses imediatamente anteriores, e a maioria dos reajustes salariais teve uma alta mais forte que essa variação, resultando em ganho real para o trabalhador.
Quando ocorre o contrário, com os acordos e convenções ficando abaixo da inflação, o trabalhador tem a sua renda reduzida. Isso porque o reajuste salarial não consegue acompanhar o aumento dos preços de produtos e serviços no país.
Já nos casos de negociações equivalentes ao INPC, os trabalhadores seguem com o mesmo poder de compra. Em síntese, os empregados continuam podendo comprar os itens que tinham condições de adquirir no ano anterior, pelo menos na teoria.
No entanto, não há possibilidade de aumento do consumo, uma vez que a renda subiu apenas o suficiente para mantê-lo no mesmo patamar do ano anterior.
Reajustes nas regiões brasileiras
Além disso, o Dieese também revelou os dados observados nas regiões brasileiras. A saber, todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Segundo o Dieese, os dados entre as regiões brasileiras ficaram parecidos em março. O Sudeste teve a maior taxa de acordos acima do INPC (89,6%), seguido por Sul (88,0%), Centro-Oeste (84,1%), Norte (84,0%) e Nordeste (82,1%).
Por sua vez, o Norte teve a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação no período (6,2%). Na sequência, ficaram Centro-Oeste (3,6%), Nordeste (3,5%), Sudeste (3,3%) e Sul (1,1%).
Por fim, o levantamento ainda revelou que o Nordeste teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (14,3%), ou seja, que também não aumentaram o poder de compra do trabalhador. Em seguida, ficaram Centro-Oeste (12,3%), Sul (10,9%), Norte (9,9%) e Sudeste (7,1%).