O presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta quinta-feira (18) que a companhia não deverá reajustar os preços dos combustíveis no país, ao menos por enquanto. A declaração foi feita para jornalistas após evento no Rio de Janeiro do qual Prates participou.
De acordo com ele, a Petrobras mantém o monitoramento das condições de mercado para tomar qualquer decisão em relação aos preços dos combustíveis, e não visualiza a necessidade de elevar os valores no país. Contudo, isso não quer que os preços não possam subir no futuro, a depender dos cenários nacional e internacional.
“Estamos avaliando todas as condições de mercado. Não há razão para pânico nenhum agora“, disse Prates. “Nós estamos avaliando o cenário internacional e, por enquanto, não há nada que faça a gente mover [preços], e o próprio preço do petróleo indica isso“, acrescentou.
Como a Petrobras define os valores dos combustíveis?
Em resumo, a Petrobras segue o mercado externo para promover reajustes nos combustíveis, baseando-se em dois principais fatores: o dólar e o petróleo. Logo, as variações nos preços do barril de petróleo, bem como as oscilações do dólar, influenciam diretamente nos preços dos combustíveis no país.
No ano passado, a empresa promoveu uma mudança na sua política de preços para ficar menos dependente do mercado internacional. Isso porque a volatilidade nos valores do barril de petróleo e as oscilações na cotação do dólar deixavam os consumidores expostos a mudanças mais significativas e recorrentes nos preços dos combustíveis. Portanto, para proteger o consumidor dessa volatilidade, houve a mudança na política de preços da Petrobras.
A empresa continua levando esses fatores em consideração, mas eles não são os únicos a definirem os valores dos combustíveis. A petroleira também considera fatores internos, absorvendo as volatilidades e realizando reajustes apenas quando a situação estiver insustentável.
Veja as cotações do petróleo e do dólar
Na véspera (17), a cotação do petróleo Brent, que é referência global, ficou acima de US$ 87 o barril. Na última semana, o valor chegou a superar os US$ 90, e o petróleo Brent está acumulando uma alta de aproximadamente 13% em 2024, o que corresponde a US$ 10.
Por sua vez, o dólar estava cotado a R$ 5,25 na tarde desta quinta-feira (18), acumulando alta de 4,55% em abril e de mais de 8% em 2024. Aliás, vale destacar que a moeda norte-americana atingiu valores ainda mais elevados na semana, chegando ao maior patamar em um ano.
Tudo isso poderia pressionar a Petrobras a reajustar os valores dos combustíveis, mas, até agora, não há qualquer indicação de que isso irá acontecer no país, para alívio dos motoristas.
De acordo com projeções de três consultorias e entidades de classe ouvidas pelo portal de notícias Valor Econômico, a Petrobras precisava elevar o preço da gasolina em 17% no início da semana passada para zerar a defasagem nas distribuidoras. Isso representava um forte aumento de 48 centavos por litro. O diesel também estava com uma defasagem de 13%, segundo a média das consultorias.
Guerra no Oriente Médio pode pressionar Petrobras
A guerra entre Irã e Israel vem causando verdadeiro temor no mundo. Os impactos dos conflitos podem ser vistos nos noticiários, com o risco de escalada dos ataques, que envolve diretamente a questão humanitária e geopolítica, mas também afeta o mercado financeiro, visto que a guerra pode afetar significativamente a atividade econômica mundial.
O conflito no Oriente Médio teve início em outubro de 2023, entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Contudo, nos últimos dias, o Irã passou a ter uma participação mais evidente na guerra. Aliás, os países são rivais há décadas, e Israel vem acusando o Irã de financiar o Hamas.
No último final de semana, o governo do Irã lançou mísseis e drones contra Israel devido a um bombardeio que ocorreu no dia 1º de abril no consulado iraniano em Damasco, na Síria. Na ocasião, um comandante sênior das Guardas Revolucionárias do Irã foi morto. Em meio a isso, o Irã promoveu o primeiro ataque direto contra Israel na história.
Como o petróleo dá origem à gasolina e ao óleo diesel, os temores entre os analistas estão cada vez maiores devido aos conflitos no Oriente Médio. No ano passado, os investidores temiam a participação de potências nucleares nos conflitos, como Estados Unidos, Irã e Rússia. Com o ataque do Irã a Israel, e a afirmação deste de que revidará o ataque, os temores de uma escalada da guerra estão elevados no mundo.
Além disso, a Liga Árabe também pode promover uma retaliação devido ao apoio do Ocidente a Israel, reduzindo a oferta de petróleo. Isso sem contar no risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.