A guerra entre Irã e Israel vem causando verdadeiro temor no mundo. Os impactos dos conflitos podem ser vistos nos noticiários, com o risco de escalada dos ataques, que envolve diretamente a questão humanitária e geopolítica, mas também afeta o mercado financeiro, visto que a guerra pode afetar significativamente a atividade econômica mundial.
O conflito no Oriente Médio teve início em outubro de 2023, entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Contudo, nos últimos dias, o Irã passou a ter uma participação mais evidente na guerra. Aliás, os países são rivais há décadas, e Israel vem acusando o Irã de financiar o Hamas.
No último final de semana, o governo do Irã lançou mísseis e drones contra Israel devido a um bombardeio que ocorreu no dia 1º de abril no consulado iraniano em Damasco, na Síria. Na ocasião, um comandante sênior das Guardas Revolucionárias do Irã foi morto. Em meio a isso, o Irã promoveu o primeiro ataque direto contra Israel na história.
Em outubro do ano passado, poucos analistas acreditavam que os conflitos teriam uma escalada forte o suficiente para impactar o mundo, afirmando que a guerra no Oriente Médio é um problema humanitário. Entretanto, a escalada da guerra está preocupando cada vez mais, até porque, caso os conflitos ultrapassem mais fronteiras, chegando a outros países árabes, os preços dos combustíveis poderão subir em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Petróleo afeta os preços dos combustíveis
Em resumo, o petróleo é uma das principais commodities do mundo, termo que se refere a produtos elaborados em larga escala e que funcionam como matéria-prima, pois possuem qualidade e características uniformes. Em outras palavras, as commodities são utilizadas por dezenas de países e dão origem a vários derivados.
No caso do petróleo, ele dá origem à gasolina e ao óleo diesel. Além disso, a Petrobras leva em consideração a cotação do petróleo e do dólar para reajustar os preços dos combustíveis no Brasil. Portanto, quanto mais caros eles estiverem, maiores as chances de a empresa elevar os preços no país.
No ano passado, ao mudar a sua política de preços, a Petrobras informou que “os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio“. Isso quer dizer que os consumidores deverão ser pegos de surpresa toda vez que houve reajuste nos preços dos combustíveis.
Por falar nisso, analistas alertam para essa falta de previsibilidade da nova política da companhia. Em suma, a política de Preço por Paridade Internacional (PPI) permitia alguma previsibilidade de preços, mas o valor dos combustíveis ficava muito dependente das variações das commodities e do câmbio.
Agora, os motoristas não deverão mais sofrer com variações intensas e recorrentes, já que a Petrobras não se guiará mais pela volatilidade do mercado externo. Por outro lado, a nova política reduzirá as chances de os consumidores saberem com antecedência quando ocorrerá qualquer reajuste nos preços dos combustíveis.
Embora esse cenário não seja muito positivo, vale destacar que a petroleira vem mantendo contato direto com a população, dando indícios de quanto poderá aumentar o valor dos combustíveis. Caso a guerra fique ainda mais intensa, os valores poderão subir mais cedo que o esperado no Brasil.
Quais os riscos da entrada de outros países na guerra?
No ano passado, os investidores já se mostravam preocupados com a participação de potências nucleares nos conflitos, como Estados Unidos, Irã e Rússia. Com o ataque do Irã a Israel, e a afirmação deste de que revidará o ataque, os temores de uma escalada da guerra estão mexendo com o mercado financeiro de todo o país.
Além disso, a Liga Árabe também pode promover uma retaliação devido ao apoio do Ocidente a Israel, reduzindo a oferta de petróleo. Com isso, haveria maior pressão aos juros, caso o petróleo e o câmbio subam de maneira intensa nos próximos meses.
Esse cenário caótico já provocou o encarecimento do petróleo nos últimos dias. Embora os preços não estejam nos patamares mais elevados desde o início da guerra, ainda assim continuam muito altos, o que pressiona a Petrobras a encarecer os combustíveis no Brasil.
Também cabe salientar que o dólar chegou a R$ 5,18 no pregão de ontem (15), maior patamar em um ano. Na semana, a moeda norte-americana acumula alta de 1,24%, enquanto o avanço mensal está em 3,38%.
Por fim, caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.