Os brasileiros tiveram uma notícia positiva em março deste ano: a inflação desacelerou no país. A saber, o decréscimo foi bastante disseminado e atingiu todas as faixas de renda, beneficiando todos os consumidores do país.
Em resumo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% no mês passado. Embora a variação represente aumento dos preços de bens e serviços no país, a alta foi bem menor que a de fevereiro (0,83%). E os brasileiros já comemoraram, porque a desaceleração pode indicar uma trajetória de queda nos próximos meses.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a desaceleração foi provocada principalmente pelas faixas de renda mais elevadas, cujas variações ficaram mais intensas que as faixas de renda mais baixas. Veja abaixo as oscilações das taxas inflacionárias entre fevereiro e março:
- Renda muito baixa: 0,78% para 0,22%
- Renda baixa: 0,79% para 0,20%
- Renda média-baixa: 0,81% para 0,16%
- Renda média: 0,85% para 0,15%
- Renda média-alta: 0,88% para 0,14%
- Renda alta: 0,83% para 0,05%
Vale destacar que a maior desaceleração foi registrada entre as pessoas de renda alta, cuja inflação passou a ser a menor do país entre todas as faixas de renda. Em fevereiro, a faixa tinha a terceira maior taxa do país.
Famílias de baixa renda tem maior inflação do país
Segundo o Ipea, a faixa de renda muito baixa, que tinha o menor percentual de fevereiro, passou a apresentar o maior valor do país em março. Isso quer dizer que a queda sofrida pela faixa foi a menos intensa, apesar de bastante expressiva, quando comparada às demais faixas.
“Apesar de um desempenho mais favorável em março, o grupo alimentação e bebidas se manteve como o principal foco de pressão inflacionária para as famílias de renda baixa e média. Apesar das deflações dos cereais (-0,42%) e carnes (-0,94%), os reajustes dos tubérculos (0,42%), das frutas (3,8%), das aves e ovos (1,7%) e dos leites e derivados (0,74%) explicam a alta dos preços dos alimentos no domicílio em março“, informou o Ipea.
Além disso, o grupo saúde e cuidados pessoais também exerceu impacto na inflação medida pelo IPCA em março, mesmo que de forma mais branda. Os avanços aconteceram por causa dos “reajustes dos planos de saúde e dos medicamentos, com altas de 0,77% e 0,52%, respectivamente“.
Taxa inflacionária sobe em 12 meses
Embora as faixas de renda mais elevadas tenham apresentado uma desaceleração mais forte na taxa inflacionária em março, estes não foram os segmentos com as menores variações acumuladas nos últimos 12 meses. Confira abaixo as taxas registradas por todas as faixas de renda entre abril de 2023 e março de 2024:
- Renda muito baixa: 3,25%
- Renda baixa: 3,46%
- Renda média-baixa: 3,67%
- Renda média: 3,96%
- Renda média-alta: 4,20%
- Renda alta: 4,77%
Como observado acima, a taxa mais elevada ficou com as famílias de renda mais elevada. Em resumo, o grupo transportes costuma afetar mais fortemente as faixas de renda mais elevadas. Isso acontece porque os combustíveis, utilizados para abastecer os veículos deste consumidores, não afeta fortemente o segmento de renda mais baixa. Até porque os consumidores desta faixa de renda possuem bem menos veículos.
No acumulado anual a taxa seguiu elevada, mas vale destacar a retração no mês (-0,33%), que beneficiou principalmente as faixas de renda mais altas. “A queda das tarifas de trem (-0,19%) e do gás veicular (-0,20%) proporcionou alívio inflacionário para os segmentos de renda baixa e média enquanto o recuo de 9,1% dos preços das passagens aéreas e de 0,20% dos itens relacionados a veículo próprio apresentou uma descompressão ainda mais significativa para a faixa de renda alta“, destacou o Ipea.
Inflação também recua no comparativo anual
O Ipea ainda revelou que, na comparação com março de 2023, todas as faixas de renda registraram uma forte queda da inflação. Nesse caso, os recuos aconteceram, principalmente, por causa do desempenho dos grupos habitação e transportes, cujos preços perderam força no país.
“No caso da habitação, a influência veio da alta bem menos expressiva das tarifas de energia elétrica em 2024 (0,12%) quando comparadas com 2023 (2,2%). Já para o grupo transportes, a descompressão inflacionária veio da deflação mais intensa das tarifas de transporte público, cuja queda de 1,8% este ano foi superior à apurada no ano anterior (-0,34%), além da alta menos expressiva dos combustíveis (0,17%) em março de 2024 em relação ao mesmo período de 2023 (7,0%)“, informou o instituto.
Por fim, o Ipea revela que as faixas de renda pesquisadas têm as seguintes faixas de renda:
- Renda muito baixa: menos que R$ 900,00
- Renda baixa: entre R$ 900,00 e R$ 1.350,00
- Renda média-baixa: entre R$ 1.350,00 e R$ 2.250,00
- Renda média: entre R$ 2.250,00 e R$ 4.500,00
- Renda média-alta: entre R$ 4.500,00 e R$ 9.000,00
- Renda alta: mais que R$ 9.000,00