O volume de serviços no país caiu 0,9% em fevereiro de 2024, na comparação com o mês anterior, após três meses consecutivos de alta. Entre novembro de 2023 e janeiro deste ano, o setor acumulou uma expansão de 1,5%, e o recuo registrado em fevereiro eliminou boa parte desse avanço.
Com isso, o setor ficou ainda mais afastado do recorde histórico registrado em dezembro de 2022. Em resumo, os serviços estão 1,9% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em dezembro de 2022. Por outro lado, o volume segue 11,6% acima do nível observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Já na comparação com fevereiro de 2023, sem ajuste sazonal, o setor cresceu 2,5%, segundo resultado positivo seguido. Aliás, no primeiro bimestre deste ano, o volume de serviços cresceu 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, o setor passou a registrar um crescimento de 2,2% no acumulado nos últimos 12 meses, sinalizando perda de dinamismo desde outubro de 2022, quando a expansão havia chegado a 9,0% no acumulado de 12 meses.
A propósito, os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta terça-feira (14).
Quatro das cinco atividades de serviços encolhem no mês
De acordo com o IBGE, quatro das cinco atividades pesquisadas encerraram fevereiro em queda, na comparação com janeiro, puxando a média nacional para baixo e sinalizando a disseminação de resultados negativos. Veja abaixo as variações de cada uma das cinco atividades:
- Serviços prestados às famílias: 0,4%;
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,9%;
- Outros serviços: -1,0%;
- Informação e comunicação: -1,5%;
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: -1,9%.
Em síntese, o único resultado positivo do mês foram os serviços prestados às famílias. O resultado conseguiu limitar a queda nacional, mas não foi capaz de impulsionar a taxa do país para o campo positivo.
Embora tenha avançado em fevereiro, a atividade não conseguiu recuperar a perda observada em janeiro (-2,9%). “Importante lembrar que este setor foi o último a se recuperar da pandemia, ultrapassando o patamar pré-pandemia apenas em dezembro de 2023. A queda em janeiro havia colocado o setor abaixo desse patamar. Com essa leve recuperação, ele volta a ficar acima, mas apenas 0,2%“, explicou Luiz Almeida, analista da pesquisa.
Veja o que derrubou o setor em fevereiro
Segundo o IBGE, a atividade de profissionais, administrativos e complementares exerceu a maior influência negativa na taxa nacional. A queda sucedeu uma alta observada em janeiro, impactada pelo pagamento de precatórios no país, que impulsionou os números das atividades jurídicas. “Como não houve essa receita em fevereiro, acontece esse retorno ao patamar anterior“, disse Almeida.
Também vale destacar a queda do setor de informação e comunicação, que eliminou parte da expansão de 3,6% acumulada nos últimos quatro meses. “Nesse caso, as principais influências vieram de portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet, e de edição integrada à impressão de livros, que, com o fim da preparação para o início do ano letivo, mostrou um arrefecimento do mercado“, justificou o analista.
Volume do setor cai em 14 das 27 UFs
A pesquisa também revelou que o setor de serviços caiu em 14 das 27 unidades federativas (UF) em fevereiro. Entre os muitos recuos, as principais taxas negativas vieram, respectivamente, de:
- São Paulo: -1,0%;
- Paraná: -2,5%;
- Rio de Janeiro: -0,7%;
- Mato Grosso: -2,7%;
- Ceará: -1,3%;
- Espírito Santo: -1,4%.
Por outro lado, a principais contribuição positiva veio da Bahia (0,9%), seguida por Pará (1,7%) e Rio Grande do Norte (3,5%). Esses avanços limitaram o recuo do setor de serviços em fevereiro, mas não impediram a queda da taxa nacional.
Na comparação com fevereiro de 2023, o avanço nacional (2,5%) ocorreu graças às taxas positivas observadas em 22 locais. Os destaques foram, respectivamente, Rio de Janeiro (4,0%), Minas Gerais (5,6%), Paraná (6,3%), Santa Catarina (8,4%), Distrito Federal (9,9%), São Paulo (0,5%) e Rio Grande do Sul (4,6%). Já o Mato Grosso (-8,8%) liderou as perdas na base comparativa.
No primeiro bimestre deste ano, 23 UF registraram expansão na receita real de serviços. Em termos regionais, o principal impacto positivo veio de São Paulo (1,3%), seguido por Rio de Janeiro (4,6%), Paraná (8,5%), Minas Gerais (5,5%) e Santa Catarina (9,0%). Em contrapartida, Rio Grande do Norte (-2,1%) e Mato Grosso (-0,6%) exerceram as influências negativas mais fortes sobre o índice nacional.
Por fim, vale destacar que os serviços respondem por quase 70% do PIB brasileiro. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Isso quer dizer que, quanto mais o setor crescer, mais a economia brasileira vai avançar.