O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (11) sua mais nova estimativa para a safra de grãos de 2024. O novo prognóstico do instituto encolheu em relação à projeção anterior, e isso também aconteceu na comparação com 2023, que teve estimativas ainda mais animadoras que as anteriores.
De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a produção nacional de grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar 298,3 milhões de toneladas neste ano.
A última estimativa apontava para uma safra de grãos de 300,7 milhões de toneladas em 2024. Isso quer dizer que as projeções para a colheita encolheram 0,8% em relação ao prognóstico de fevereiro, queda que correspondeu a 2,3 milhões de toneladas.
Além de terem encolhido em relação ao prognóstico anterior, as estimativas em relação à safra obtida em 2023 também caíram. Nesta base comparativa, a colheita deverá encolher 5,4%, o que representa uma queda de 17,1 milhões de toneladas em relação à colheita brasileira do ano passado (315,4 milhões de toneladas).
IBGE reduz projeção para safra da soja
Segundo o IBGE, a produção de soja deve totalizar 146,9 milhões de toneladas em 2024. Isso representa um decréscimo de 3,35% na comparação com a safra de 2023 (152 milhões). Já em relação ao prognóstico de fevereiro, o recuo foi de 1,6% (-2,4 milhões).
O gerente do LSPA, Carlos Barradas, destacou que os efeitos causados pelo fenômeno climático El Niño, como o excesso de chuvas na região Sul e a falta delas no Centro-Oeste e no Norte, limitaram o potencial produtivo da leguminosa em boa parte dos estados produtores do país. O fenômeno vem afetando as regiões desde o final do ano passado.
“Em novembro e dezembro, houve muitos problemas climáticos: choveu muito no Sul, enquanto no Centro-oeste faltou chuva. Então houve quebra de produção, principalmente da soja e da primeira safra do milho. Como os preços do milho caíram, os produtores estão reduzindo a área de plantio, o que afetou a segunda safra“, explicou o gerente do LSPA, Carlos Barradas.
Embora tenha recuado em relação ao ano passado, o IBGE destacou que o grão deverá responder por quase metade do total de cereais, leguminosas e oleaginosas produzidos no Brasil em 2024.
Novo prognóstico para o milho também encolhe
Da mesma forma que aconteceu com a soja, o IBGE também reduziu o novo prognóstico em relação à safra do milho em 2024. Em síntese, a estimativa apontou para 116,1 milhões de toneladas, com a 1ª safra totalizando 24,1 milhões de toneladas e a 2ª safra chegando a 92,1 milhões de toneladas de milho.
O IBGE revelou que os números caíram 0,7% em relação ao prognóstico anterior (116,9 milhões de toneladas) e 11,4% em relação ao produzido em 2023 (131 milhões de toneladas).
Cabe salientar que a redução na produção do milho vai acontecer, em parte, devido ao bom desempenho do algodão. “Por outro lado, com a queda dos preços do milho, alguns produtores deixaram de lado essa produção para plantar algodão, que teve um crescimento de 2,3% em relação ao estimado no mês passado e de 8,0% na comparação com 2023. É um recorde de produção”, explicou Barradas.
Por falar nisso, a previsão é que a produção do algodão em caroço chegue a 8,4 milhões de toneladas neste ano, crescimento de 8,0% em relação a 2023 (7,8 milhões de toneladas). Embora o número seja bastante expressivo para o item, o valor segue bem abaixo dos números da soja e do milho.
Soja, milho e arroz respondem por 91,6% da produção
Segundo o IBGE, a soja, o milho e o arroz, que são os principais produtos colhidos no país, deverão responder por 91,6% da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas. Além disso, os itens também deverão responder por 87,0% da área a ser colhida no país neste ano.
Vale destacar que a produção do arroz foi estimada em 10,5 milhões de toneladas. Com números um pouco menores, ficaram as estimativas para a safra do trigo, que deve somar 9,9 milhões de toneladas, e a do algodão herbáceo (em caroço), totalizando 8,4 milhões de toneladas.
A saber, o IBGE elevou suas estimativas para a produção destes itens em relação ao último prognóstico. O maior avanço foi registrado pelo trigo (3,1%), seguido por algodão herbáceo (2,4%) e arroz (1,0%).
Centro-Oeste lidera produção de grãos no país
Além disso, o IBGE revelou que houve alta nas projeções do Nordeste (0,1%) em relação ao prognóstico anterior. Por outro lado, os novos prognósticos recuaram nas outras quatro regiões do país: Centro-Oeste (-1,0%), Sul (-0,9%), Norte (-0,4%) e Sudeste (-0,1%).
Já na comparação com a safra de 2023, as safras de duas regiões brasileiras deverão crescer: Sul (9,3%) e a Norte (1,7%). Em contrapartida, os números das outras três regiões deverão cair, puxando a média nacional para baixo. Veja as estimativas: Centro-Oeste (-13,0%), Sudeste (-8,8%) e Nordeste (-4,2%).
Segundo o Instituto, o Centro-Oeste deverá concentrar 47,0% da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas. Em segundo lugar, com uma taxa bem menor, deverá ficar o Sul (29,2%), seguido por Sudeste (9,4%), Nordeste (8,7%) e Norte (5,7%).
No que se refere às unidades federativas (UF), o Mato Grosso deverá ser o maior destaque nacional. Em resumo, o estado é o maior produtor de grãos do país, respondendo por 28,2% da produção nacional.
Na sequência, deverão ficar Paraná (13,7%), Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,2%), Mato Grosso do Sul (8,4%) e Minas Gerais (5,7%). Aliás, esses seis estados, quando somados, deverão representar 79,5% da produção nacional. Isso mostra que poucos estados deverão concentrar a maioria absoluta da produção de grãos do país.