O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em março, desacelerando fortemente em relação ao mês anterior, quando a taxa teve alta de 0,83%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Além de ter desacelerado, o resultado também veio abaixo do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,25% em março. Isso aconteceu porque a maioria dos grupos pesquisados registrou desaceleração dos preços em relação a fevereiro.
Com o acréscimo da variação mensal, a taxa acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses perdeu bastante força, passando de 4,50% para 3,93%. Dessa forma, a taxa ficou bem abaixo do teto da meta definida para a inflação de 2024, de 4,50%, mas acima da meta central, de 3,00%.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta quarta-feira (10).
O que é IPCA e como o indicador mede a inflação?
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor. No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
Veja abaixo a variação registrada por cada um dos grupos em março:
- Alimentação e bebidas: 0,53%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,43%;
- Despesas pessoais: 0,33%;
- Habitação: 0,19%;
- Educação: 0,14%;
- Vestuário: 0,03%;
- Artigos de residência: -0,04%;
- Comunicação: -0,13%;
- Transportes: -0,33%.
Grupo alimentação e bebidas pressiona inflação
Em suma, o destaque de março foi o grupo alimentação e bebidas, apesar da forte desaceleração em relação a fevereiro (0,95%). Com isso, o grupo exerceu um impacto de 0,11 ponto percentual (p.p.) no IPCA do mês passado, respondendo por 68,7% da alta da inflação no período.
Veja as altas mais importantes registradas em março entre os alimentos:
- Cebola: 14,34%;
- Tomate: 9,85%;
- Ovo de galinha: 4,59%;
- Frutas: 3,75%;
- Leite longa vida: 2,63%.
Vale destacar que o grupo alimentação e bebidas exerceu o maior impacto na inflação do país em março. Contudo, o grande destaque no mês ficou com o grupo educação, visto que este grupo havia registrado uma forte alta de 4,98% dos preços em fevereiro, impactando o IPCA em 0,29 p.p. Já em março, o impacto foi de apenas 0,1 p.p.
“Essa desaceleração na inflação também é explicada pelo fato de que, em fevereiro, os preços da Educação tiveram alta significativa por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, o que não aconteceu em março“, explicou o gerente da pesquisa, André Almeida.
Veja outras variações importantes em fevereiro
O grupo saúde e cuidados pessoais exerceu um impacto de 0,06 p.p. no IPCA, segunda maior influência no mês. Os itens que pressionaram o grupo foram plano de saúde e produtos farmacêuticos, cujos preços subiram 0,77% e 0,52%, respectivamente.
Já a alta dos preços do grupo habitação desacelerou em relação a fevereiro (0,27% para 0,19%). O grupo impactou o IPCA em 0,03 p.p., taxa que foi bem leve devido aos avanços tímidos registrados por energia elétrica (0,12%) e taxa de água e esgoto (0,04%), apesar da queda nos preços do gás encanado (-0,05%).
Por sua vez, o grupo transportes saiu do campo positivo, revertendo a alta de 0,72% observada em fevereiro, para -0,33% em março. Com isso, impactou a inflação do país em 0,07 p.p., limitando sua alta mensal.
Em síntese, o preço médio dos combustíveis pesquisados subiu 0,17%, impulsionado pelas altas registradas por etanol (0,55%) e gasolina (0,21%). Por outro lado, os preços do gás veicular (-2,21%) e óleo diesel (-0,73%) caíram no mês, limitando o avanço do grupo.
Inflação desacelera em todo os 16 locais pesquisados
Em março, a inflação medida pelo IPCA subiu em 15 dos 16 locais pesquisados, em relação a fevereiro. Entretanto, vale destacar que as taxas desaceleraram em todos os locais, limitando a alta da inflação, para alívio dos brasileiros.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em fevereiro e março de 2024:
Região | Fevereiro | Março |
São Luís | 1,06% | 0,81% |
Belém | 0,69% | 0,54% |
Aracaju | 1,09% | 0,50% |
Goiânia | 0,51% | 0,36% |
Recife | 0,74% | 0,33% |
Fortaleza | 0,84% | 0,28% |
Brasília | 0,75% | 0,21% |
Rio Branco | 0,26% | 0,18% |
Rio de Janeiro | 0,88% | 0,17% |
Salvador | 0,96% | 0,16% |
São Paulo | 0,93% | 0,14% |
Belo Horizonte | 0,82% | 0,12% |
Campo Grande | 0,81% | 0,11% |
Vitória | 0,70% | 0,05% |
Curitiba | 0,84% | 0,03% |
Porto Alegre | 0,52% | -0,13% |