Os analistas do mercado financeiro elevaram as projeções para a inflação no Brasil em 2024 na semana passada. O resultado sucede a estabilidade observada na semana anterior e sinaliza uma leve redução do otimismo dos economistas, que estão apostando em uma taxa um pouco mais elevada neste ano, apesar de se manter em patamar bastante positivo.
De acordo com o boletim Focus, divulgado nesta terça-feira (9) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 3,76% neste ano, taxa levemente maior que a projetada na semana anterior (3,75%). A taxa segue dentro da meta definida para o ano, algo que é muito positivo para o país. Isso porque, quando a inflação fica controlada, há uma sinalização clara de fortalecimento da economia brasileira, ao menos no geral.
A propósito, o BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Para 2025, os analistas também elevaram as suas estimativas para a taxa inflacionária do país, de 3,51% para 3,53%. A inflação deverá ficar um pouco menor que a deste ano, refletindo a influência dos juros no país e a melhora da situação inflacionária nos próximos meses.
BC tenta cumprir a meta da inflação
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%. Logo, as projeções dos analistas, de 3,75%, estão dentro do limite, dado muito positivo para o país.
Projeções para o PIB brasileiro sobem mais uma vez
O boletim Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Pela oitava semana consecutiva, o mercado elevou as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2024, de 1,89% para 1,90%.
Apesar do avanço, o crescimento do PIB deverá se manter distante da alta registrada em 2023. Segundo o IBGE, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023, em relação ao ano anterior. O resultado foi levemente menor que a alta de 2022 (3,0%), mas superou significativamente as estimativas que os economistas fizeram no início do ano passado, de 1,0%.
A expectativa é que o desempenho do PIB brasileiro em 2024 também surpreenda o mercado e cresça mais que o esperado atualmente pelos economistas. Inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o avanço da economia brasileira será superior a 2,2%, taxa projetada nesta semana pela pasta.
Já para 2025, as estimativas permaneceram estáveis em 2,00%. A alta estimada para o ano que vem é superior à projetada para 2024, mas a taxa não costuma apresentar grandes variações porque os analistas ficam mais atentos ao desempenho do ano vigente, ou seja, 2024.
Taxa de juros no Brasil se mantém estável
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic, em 9,00% neste ano. Nos últimos meses, o BC promoveu cortes de meio ponto percentual na Selic, totalizando uma redução de 3 pontos percentuais entre agosto de 2023 e março deste ano. Agora, a taxa de juros está em 10,75% ao ano.
O BC promoveu a redução mais recente, seguindo a política menos contracionista de juros. Nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, houve cortes de meio ponto percentual em cada uma delas, e a expectativa é que haja uma nova redução de mesma magnitude no próximo encontro do Copom, em maio.
Para 2025, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 8,50%, patamar praticamente idêntico ao que deverá ser observado no final deste ano. Isso mostra que o BC deverá pisar no freio, parando de cortar os juros em 0,50 ponto percentual em todas as suas reuniões.