O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) subiu pelo quarto mês seguido, sinalizando o bom momento para o país. O índice de emprego subiu 1,0 ponto em março, para 79,5 pontos. Esse é o maior patamar do indicador desde outubro de 2022 (79,8 pontos), ou seja, em quase um ano e meio.
Ao considerar a média móvel trimestral, o IAEmp registrou uma leve alta de 0,7 ponto, para 78,7 pontos. Confira abaixo as últimas variações do indicador de emprego, em relação ao mês imediatamente anterior:
- Outubro: -1,4 ponto;
- Novembro: 0,0 ponto;
- Dezembro: 2,3 pontos;
- Janeiro: 0,9 ponto;
- Fevereiro: 0,3 ponto;
- Março: 1,0 ponto.
Cabe salientar que o mercado de trabalho brasileiro enfrentou muitos desafios nos últimos anos. Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Veja o impacto da pandemia no mercado de trabalho
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da covid-19. Isso provocou uma queda histórica do IAEmp em abril, mês em que o indicador de emprego caiu para 39,7 pontos, menor nível já registrado em toda a série histórica.
No ano de 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos em relação ao ano anterior. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação pouco favorável em 2022, mas o saldo de 2023 está se mostrando mais positivo que o do ano passado.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados na última semana.
Indicador deve manter ritmo de crescimento
Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, o resultado dos últimos meses mostra que o indicador de emprego vem mantendo uma trajetória positiva, com avanços consecutivos. Entretanto, o pesquisador alerta que o índice segue em nível historicamente baixo, e deverá manter o ritmo de crescimento nesta magnitude.
“Essa sequência de resultados positivos sugere um primeiro semestre favorável para o mercado de trabalho, mas o patamar ainda baixo do indicador e o ritmo de recuperação não deixam imaginar que essa retomada vai ser em ritmo mais forte que do que já vem ocorrendo“, explicou Tobler.
“A continuidade desse cenário favorável no ambiente macroeconômico é fator-chave para evolução do indicador“, acrescentou o economista.
Dois dos sete componentes do indicador caem
De acordo com os dados do levantamento, dois dos sete componentes do IAEmp caíram no mês passado, enquanto outros quatro componentes avançaram, impulsionando o indicador. Veja abaixo a variação de cada componente em março:
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: 0,1 ponto;
- Indústria – Tendência dos Negócios: 0,2 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: 0,6 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: -0,2 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: 0,7 ponto;
- Serviços – Emprego Previsto: -0,4 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: 0,0 ponto.
Em síntese, os dados mostram que o emprego previsto encolheu no setor de serviços encolheu em março, bem como a situação atual dos negócios. Isso mostra que as reduções se limitaram ao setor, que é considerado o empregador do país, respondendo por cerca de 70% da economia brasileira.
A proposito, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Desemprego sobe no Brasil
Apesar do avanço do indicador de emprego da FGV em março, os números mais recentes do mercado de trabalho brasileiro foram um pouco negativos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação subiu para 7,8% no trimestre móvel encerrado em fevereiro deste ano.
De acordo com a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, o aumento na taxa de desocupação está associado “ao retorno de pessoas que, eventualmente, tinham interrompido a sua busca por trabalho em dezembro e voltaram a procurar uma ocupação nos meses iniciais do ano seguinte“.
A saber, a população desocupada totalizou 8,5 milhões de pessoas no período, o que representa aumento de 4,1% em relação ao trimestre móvel anterior (acréscimo de 332 mil pessoas). Por outro lado, o indicador caiu 7,5% em um ano (redução de 689 mil pessoas).
Esses dados mostram que o mercado de trabalho parece estar se recuperando em 2024. O crescimento do desemprego no trimestre encerrado em fevereiro parece ter sido sazonal, mas resta aguardar pelos próximos dados para confirmar as projeções.