Os motoristas do país devem preparar o bolso. Nos próximos dias, a Petrobras pode anunciar um aumento significativo no valor da gasolina, capaz de pressionar o orçamento das famílias brasileiras. O preço do diesel também pode subir nos próximos dias.
De acordo com projeções de três consultorias e entidades de classe ouvidas pelo portal de notícias Valor Econômico, a Petrobras precisa elevar o preço da gasolina em 17% para zerar a defasagem nas distribuidoras. Caso isso realmente aconteça, o valor do combustível terá um forte aumento de 48 centavos por litro.
O último reajuste promovido pela Petrobras sobre o preço da gasolina foi em outubro de 2023, ou seja, há mais de cinco meses. À época, a empresa reduziu em 12 centavos o valor da gasolina. Com isso, o litro do combustível caiu de R$ 2,93 para R$ 2,81. Agora, a expectativa é que o valor suba para R$ 3,29.
Por sua vez, o diesel está com uma defasagem de 13%, segundo a média das consultorias. A saber, a Petrobras reduziu em 7,9% o preço do litro do diesel A comercializado às distribuidoras do país no final de dezembro do ano passado. Com isso, o litro do diesel passou a ser vendido por R$ 3,48 às distribuidoras, queda de 30 centavos. Todos estes valores se referem à última sexta-feira (5).
O que é defasagem dos preços?
Em resumo, a Petrobras comercializa combustíveis com as distribuidoras do país, que, por sua vez, vendem os combustíveis para postos de do país e afins. Atualmente, a Petrobras está aplicando valores mais baixos que o mercado internacional, o que caracteriza defasagem dos preços. Em outras palavras, a companhia está comprando combustíveis mais caros e vendendo a preços mais baixos no país.
Esse cenário é muito ruim para as outras importadoras do país. Isso porque os postos de combustíveis e demais estabelecimentos do país acabam optando por comprar os itens com a Petrobras, já que o valor praticado é mais baixo que a média do mercado. Com isso, a petrolífera concentra uma parte significativa do mercado, oferecendo valores mais acessíveis à população.
Esse cenário é muito ruim, pois as distribuidoras deixam de comprar combustíveis em outros importadores. Logo, estes passam a reduzir suas compras de combustíveis, pois deixam de ser vantajosas, e isso pode resultar na falta de gasolina e diesel para a população.
Quando acontece o contrário, e a Petrobras passa a vender combustíveis por valores acima do mercado internacional, as refinarias e distribuidoras repassam esses novos preços para a população. Dessa forma, o consumidor acaba pagando mais caro para abastecer seus veículos nos postos do país.
Isso mostra que, de uma forma ou de outra, a Petrobras precisa ficar atenta ao definir os preços dos combustíveis comercializados no país para que nenhuma das partes envolvidas no processo, seja distribuidoras, seja consumidores, sofram com a decisão.
Petrobras vai aumentar o preço da gasolina?
Ainda não há qualquer informação sobre a decisão da Petrobras em relação aos combustíveis, mas a expectativa é que a companhia divulgue sua decisão nos próximos dias, caso os preços da gasolina e do diesel continuem muito abaixo dos valores internacionais.
Cabe salientar que a Petrobras responde por 35% do valor da gasolina comercializada nos postos de combustíveis. A saber, o preço final dos combustíveis são compostos por outras variáveis, como mão de obra, margem de lucro e custos operacionais, por exemplo.
Isso quer dizer que a Petrobras responde por pouco mais de um terço do valor da gasolina. O restante é formado pelos próprios donos dos estabelecimentos, que definem os valores, conforme os seus custos.
Aumento dos preços pode ser maior para o consumidor
O valor que a Petrobras pode aumentar em relação à gasolina e ao diesel se refere às distribuidoras do país e não aos consumidores, que sempre pagam mais caro. Em síntese, os reajustes da Petrobras não chegam em sua totalidade ao consumidor final quando são reduções.
Por outro lado, quando a estatal eleva os valores, os postos de combustíveis acabam repassando o valor integral, e ainda aumentam esse reajuste. Por isso mesmo o valor comercializado para os consumidores finais é mais elevado do que os praticados pela Petrobras em relação às distribuidoras.
De acordo com os dados mais recentes do levantamento realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), referente à semana passada, o preço médio de revenda da gasolina foi de R$ 5,76 no país, enquanto o do diesel chegou a R$ 5,93. Ambos os valores são bem mais elevados que os praticados pela Petrobras. Logo, o aumento nos postos tende a ser mais forte que o promovido pela petrolífera, caso ela realmente eleve os valores.