A balança comercial brasileira registrou um superávit recorde no primeiro trimestre de 2024. Entre janeiro e março, o volume de exportações superou o de importações em superávit de US$ 19,07 bilhões. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou o dado inédito nesta sexta-feira (5).
A saber, o MDIC nunca havia registrado um superávit tão elevado nos três primeiros meses de um ano quanto em 2024. Aliás, a série histórica teve início em 1989, ou seja, esse foi o maior valor para o período em 35 anos.
De acordo com a pasta, o superávit observado no primeiro trimestre resulta da subtração das exportações pelas importações. Aliás, veja abaixo os volumes registrados em fevereiro:
- Exportações: somaram US$ 78,27 bilhões;
- Importações: somaram US$ 59,19 bilhões.
No acumulado de janeiro e março, as exportações tiveram uma alta de 3,2% em comparação ao mesmo período de 2023 (US$ 75,86 bilhões). Por outro lado, as importações caíram nessa base comparativa (-1,8%), mas a variação foi bem tímida (US$ 60,25 bilhões). Com isso, o superávit da balança comercial foi bem mais expressivo em 2024, em relação a 2023 (US$ 15,61 bilhões).
Em resumo, o país registra superávit comercial quando as exportações superam as importações, sinalizando fortalecimento da economia brasileira. Em contrapartida, quando as importações são superiores, tem-se déficit comercial.
Superávit de março tem forte queda de 30,4%
O MDIC revelou que o resultado de março impulsionou a balança comercial no trimestre, apesar de ter caído fortemente em relação ao mesmo período de 2023.
Em suma, as exportações somaram US$ 27,98 bilhões, queda de 14,8% em relação a março de 2023 (US$ 32,84 bilhões). Por sua vez, as importações totalizaram US$ 20,49 bilhões no mês passado, 7,1% a menos do que em março de 2023 (US$ 22,05 bilhões).
Cabe salientar que o resultado de março também foi influenciado pela menor quantidade de dias úteis. A título de comparação, o mês passado teve 20 dias úteis, enquanto março de 2023 contou com 23 dias úteis. Essa diferença ocorreu devido ao terceiro mês deste ano ter tido mais dias em finais de semana e o feriado da Sexta-Feira da Paixão.
Veja os dados das exportações em março
Segundo o MDIC, as exportações caíram fortemente em março, na comparação com o mesmo mês de 2023. Contudo, elas ainda superaram com folga o volume de importações registrado no país. A saber, as exportações dos três segmentos pesquisados caíram no mês passado, enfraquecendo a média nacional.
Confira abaixo os dados das exportações brasileiras em março:
- Indústria de transformação: US$ 14,24 bilhões (-6,2%);
- Indústria extrativa: US$ 6,42 bilhões (-23,9%);
- Agropecuária: US$ 7,14 bilhões (-20,8%).
O MDIC também revelou que, dentre os principais parceiros comerciais do Brasil, apenas as exportações para os Estados Unidos cresceram em março:
- China, Hong Kong e Macau: US$ 8,50 bilhões (-23,4%);
- Estados Unidos: US$ 3,76 bilhões (21,3%);
- União Europeia: US$ 3,38 bilhões (-31,6%);
- Argentina: US$ 1,11 bilhões (-27,9%).
Importações também caem no mês
O volume das importações também caiu em março, na comparação anual. Em suma, o recuo de 7,1% ocorreu devido à indústria extrativa e à indústria de transformação, que fecharam o mês em forte queda, apesar do crescimento das importações na agropecuária:
- Indústria de transformação: US$ 18,48 bilhões (-7,8%);
- Indústria extrativa: US$ 1,40 bilhão (-2,1%);
- Agropecuária: US$ 470 milhões (10,4%);
Além disso, o Brasil também reduziu as importações de metade dos principais parceiros comerciais em março:
- China, Hong Kong e Macau: US$ 4,65 bilhões (8,2%);
- União Europeia: US$ 3,85 bilhões (-15,4%);
- Estados Unidos: US$ 3,00 bilhões (-19,9%);
- Argentina: US$ 1,22 bilhões (2,8%).
Veja os destaques de vendas em março
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) os principais itens vendidos pelo Brasil para o exterior em março foram:
- Soja: US$ 5,40 bilhões;
- Óleos brutos de petróleo: US$ 3,56 bilhões;
- Minério de ferro: US$ 2,46 bilhões;
- Açúcares e melaços: US$ 1,48 bilhão.
As exportações caíram em março na agropecuária devido às vendas mais fracas dos itens arroz com casca, paddy ou em bruto (-99,9%), milho não moído, exceto milho doce (72,5%) e soja (-26,7%).
Já na indústria extrativa, os destaques negativos ficaram com outros minerais em bruto (-54,0%), minérios de cobre e seus concentrados (-27,4%) e óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (-35,5%).
Por sua vez, os itens que puxaram para baixo as exportações na indústria de transformação foram carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas (-23,6%), farelos de soja e outros alimentos para animais (excluídos cereais não moídos), farinhas de carnes e outros animais (-23,8%) e ferro-gusa, spiegel, ferro-esponja, grânulos e pó de ferro ou aço e ferro-ligas (-36,6%).
Principais parceiros do Brasil
Em março, os principais parceiros comerciais do Brasil, que promoveram os maiores superávits comerciais, ou seja, cujas exportações brasileiras superaram as importações, foram:
- China, Hong Kong e Macau: US$ 3,85 bilhões;
- Estados Unidos: US$ 763,8 milhões;
- México: US$ 316,86 milhões;
- Canadá: US$ 263,37 milhões.
Em contrapartida, as importações superaram o volume de exportações em alguns locais, com destaque para Rússia (-US$ 724,68 milhões), União Europeia (-US$ 472,92 milhões) e Argentina (-US$ 110,86 milhões).