A produção industrial brasileira encolheu 0,3% em fevereiro deste ano, na comparação com o mês anterior. O recuo foi o segundo consecutivo, período em que acumulou uma queda de 1,8%.
Com o acréscimo do resultado de fevereiro, a atividade industrial do país seguiu abaixo do nível pré-pandemia (-1,1%). Em outras palavras, as perdas provocadas pela crise sanitária em 2020 na indústria brasileira, que haviam sido recuperadas, voltou a cair para abaixo do patamar observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além disso, vale destacar que a indústria brasileira está 17,7% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011. Nestes últimos 13 anos, a produção industrial do país não conseguiu alcançar um patamar tão elevado quanto o registrado em 2011.
Todos os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
Queda da produção industrial não fica disseminada
De acordo com a PMI, apenas 10 dos 25 ramos industriais registraram queda em sua produção em fevereiro. Da mesma forma, uma das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fechou o mês em queda, na comparação com janeiro. Estes resultados foram suficientes para derrubar a taxa nacional no mês.
Em fevereiro, os setores que exerceram as principais influências negativas na produção industrial brasileira foram, respectivamente:
- Produtos químicos: -3,5%;
- Indústrias extrativas: -0,9%;
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: -6,0%.
De acordo com André Macedo, gerente da pesquisa, “a primeira [atividade] elimina parte da expansão de 7,4% verificada em janeiro último. Já a segunda acumula perda de 7,8% em dois meses consecutivos de queda na produção, enquanto a última volta a recuar após crescer 16,1% no mês anterior“.
Produção de 13 atividades cresce em fevereiro
Embora a indústria brasileira tenha encolhido em fevereiro, o resultado refletiu as fortes quedas na minoria das atividades pesquisadas. Em síntese, a produção cresceu em 13 segmentos, superando o número de segmentos que registraram queda em fevereiro.
Os principais avanços vieram, respectivamente, de:
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: 6,5%;
- Celulose, papel e produtos de papel: 5,8%.
Em síntese, esse foi o terceiro mês seguido de crescimento na produção de ambas as atividades. A saber, o segmento de veículos automotores acumulou alta de 14,2% entre dezembro e fevereiro, enquanto a produção de celulose e afins cresceu 7,8% no período.
“Vale destacar também os avanços assinalados pelos ramos de produtos de minerais não metálicos (4,5%), de produtos de borracha e de material plástico (3,0%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,2%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,4%)“, disse Macedo.
Indústria cresce em relação a fevereiro de 2023
Na comparação com o fevereiro de 2023, a indústria brasileira registrou um crescimento de 5,0% em sua produção, sétima alta seguida nessa base comparativa. O resultado ficou bastante expressivo devido aos avanços registrados pelas quatro grandes categorias econômicas, bem como por 20 dos 25 ramos, 55 dos 80 grupos e 57,7% dos 789 produtos pesquisados pelo IBGE.
“Vale citar que o resultado desse mês teve perfil disseminado de taxas positivas e foi o mais elevado desde junho de 2021 (12,1%), sendo influenciado não só pela baixa base de comparação, mas também pelo efeito-calendário, já que fevereiro de 2024 teve 19 dias úteis, um dia útil a mais do que fevereiro de 2023, que teve 18 dias úteis“, destacou André Macedo.
Entre as atividades, as principais influências positivas no total da indústria foram registradas por:
- Produtos alimentícios: 8,3%;
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: 7,5%;
- Indústrias extrativas: 5,3%;
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: 9,8%;
- Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos: 18,1%;
- Celulose, papel e produtos de papel: 7,9%;
- Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: 11,0%.
Inflação da indústria sobe em fevereiro
Na última terça-feira (2), o IBGE revelou que a inflação da indústria brasileira subiu 0,06% em fevereiro, na comparação com o mês anterior. Esse foi o primeiro avanço do Índice de Preços ao Produtor (IPP), após três meses de queda, período em que os preços ao produtor caíram no país.
Embora tenha subido em fevereiro, a inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou negativa (-5,16%), para alegria da população, já que as variações tendem a alcançar o consumidor final. O resultado foi bem mais intenso que o observado em fevereiro de 2023, quando os preços acumulados em 12 meses estavam caindo 0,29%.
A saber, o IPP é considerado a inflação da indústria e seus resultados tendem a indicar a trajetória que a taxa inflacionária ao consumidor seguirá. Assim, quanto menor a variação do índice, melhor para os brasileiros, pois as variações dos preços ao produtor tendem a recair para os consumidores.