Nos últimos meses, o Banco Central (BC) reduziu seis vezes consecutivas a taxa básica de juros da economia brasileira. Os cortes só ocorreram porque a autarquia entendeu que o seu objetivo com os juros elevados estava sendo alcançado, e que não era mais necessário manter a taxa tão elevada quanto estava.
Apesar das reduções, que somaram 3,0 pontos percentuais, os brasileiros continuam sofrendo com o encarecimento do crédito no país. O poder de compra da população está mais limitado e diversas pessoas acabaram mudando os seus hábitos de consumo nos últimos anos, e isso continua acontecendo em 2024. Tudo isso devido aos juros elevados, que afetam diversos setores da economia.
Em março, o BC reduziu a taxa Selic para 10,75% ao ano. A título de comparação, a taxa estava em 13,75% em julho de 2023, maior patamar desde novembro de 2016, ou seja, em seis anos e meio. Para alívio dos brasileiros, a taxa vem diminuindo gradativamente, mas continua muito alta no país.
Por falar nisso, muitas pessoas costumam ignora notícias relacionadas às taxas de juros no país. Contudo, a realidade é que as decisões do BC afetam toda a população, impactando diretamente a renda dos brasileiros.
Isso porque a taxa de juros sobe ou desce conforme o comportamento da inflação no país. Em suma, quanto mais elevada a taxa inflacionária estiver, maior será o impacto no rendimento familiar dos brasileiros, pois a inflação eleva o custo de vida da população.
Entenda como os juros funcionam
Em primeiro lugar, vale destacar que o termo inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de produtos e serviços no país. Neste ano, a meta da inflação é de 3,00%, e o BC atua para tentar cumprir essa meta, mantendo os juros em nível elevado.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país. E cabe ao BC agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios.
Confira alguns pontos positivos quando há controle inflacionário no país:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, o que permite um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para segurar a inflação, o BC elevou por 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Isso aconteceu porque, em 2021, o Brasil registrou uma inflação de 10,06%, maior patamar desde 2015 (10,67%), pressionando o BC a elevar os juros no país.
Juros demoram para afetar economia
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsável pelas decisões em relação à taxa Selic, sempre toma cuidado para definir a os juros no Brasil, pois essa decisão não provoca impactos imediatos na economia brasileira. Na verdade, a taxa Selic pode durar de seis a 18 meses para impactar a atividade econômica, afetando a inflação no país.
Portanto, o comitê leva em consideração a meta da inflação no Brasil em 2024, bem como os primeiros meses de 2025, para definir a taxa Selic atual.
Em 2023, a inflação perdeu força no país. Inclusive, os analistas estão otimistas com os indicadores econômicos do país em 2024, estimando uma taxa inflacionária ainda menor neste ano. Por isso que a expectativa é que o Copom corte novamente a taxa de juros na próxima reunião, em maio.
Consequências de uma taxa Selic elevada
Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços no país. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país, no geral. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
A Selic elevada tende a impulsionar os juros bancários, que acabam sendo repassados aos clientes. Embora a taxa Selic venha caindo desde agosto de 2023, seu patamar continua elevado, afetando diversos setores econômicos do país.
Como os juros encarecem o crédito, as pessoas se veem mais apertadas financeiramente e acabam forçadas a modificarem os hábitos de consumo. Na verdade, a inflação elevada já pressiona a renda dos brasileiros, e os juros em patamar muito alto agrava ainda mais esse cenário.
Por isso que o endividamento e a inadimplência atingiram os maiores níveis já registrados no país em 2022. Em 2023, os níveis seguiram muito altos, mas levemente menores que os observados no ano anterior. Agora, nos primeiros meses de 2024, a trajetória de queda continua acontecendo, mas os números ainda são altos o suficiente para afetar a população.
Veja 3 dicas para fugir dos juros elevados
Os juros mais altos pressionam a renda dos brasileiros. Isso acontece porque compras parceladas, geralmente feitas pelas pessoas de renda mais baixa, passam a ter juros mais elevados. E, muitas vezes, as famílias acabam atrasando o pagamento e sofrem com os juros e multas devido aos atrasos.
Para fugir desse cenário, os brasileiros podem seguir algumas dicas simples, mas bastante eficazes, que podem livrar muita gente de grandes dores de cabeça:
- Controle sua vida financeira: a pessoa que compreende a renda mensal que possui, bem como o valor que pode gastar sem precisar recorrer a empréstimos, reduzirá significativamente os problemas que poderiam surgir;
- Busque promoções: o brasileiro também está sofrendo para conseguir comprar itens alimentares básicos. Por isso, é importante ficar atento a promoções para que o dinheiro renda um pouco mais todos os meses;
- Suspenda sonhos caros: muita gente idealiza o momento de comprar um eletrodoméstico, um veículo ou um imóvel, mas o melhor é suspender a compra. Como os juros estão muito altos, há grandes chances desses itens também saírem mais caros que o esperado. A solução é adiar a compra e esperar um momento mais favorável.