A inflação da indústria brasileira subiu 0,06% em fevereiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Esse foi o primeiro avanço do indicador, após três meses de queda, período em que os preços ao produtor caíram no país.
Em resumo, 14 das 24 atividades industriais investigadas na pesquisa apresentaram variações positivas de preço em relação a janeiro. Esse resultado impulsionou a inflação industrial, que voltou a subir no país.
Entretanto, como houve estabilidade das variações, com boa parte das atividades registrando queda dos preços, a taxa inflacionária teve uma alta bem tímida no mês, próxima da estabilidade.
A propósito, os dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta terça-feira (2).
Inflação segue negativa em 12 meses
De acordo com o IBGE, a inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou negativa (-5,16%), para alegria da população, já que as variações tendem a alcançar o consumidor final. O resultado foi bem mais intenso que o observado em fevereiro de 2023, quando os preços acumulados em 12 meses estavam caindo 0,29%.
A saber, a redução acumulada em 12 meses representou o 12º resultado negativo consecutivo do indicador, ou seja, faz um ano consecutivo que o IPP vem caindo no país, algo que nunca aconteceu na série histórica do IBGE.
Cabe salientar que a inflação da indústria brasileira subiu 3,13% em 2022. Já em 2023, os preços desaceleraram ainda mais, passando para o campo negativo. Com isso, o indicador fechou o ano em queda firme de 4,98%.
Saiba mais sobre o IPP
A saber, o IPP é considerado a inflação da indústria e seus resultados tendem a indicar a trajetória que a taxa inflacionária ao consumidor seguirá. Assim, quanto menor a variação do índice, melhor para os brasileiros, pois as variações dos preços ao produtor tendem a recair para os consumidores.
De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país“.
“Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados“, informa o instituto.
O IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Destaque de fevereiro fica com setor de alimentos
A inflação da indústria em fevereiro não ficou mais elevada devido ao setor de alimentos. “Houve a entrada da safra da soja e do arroz e um aumento do efetivo do gado para abate. Isso torna os preços mais baratos para a indústria“, explicou o gerente de análise e metodologia do IBGE, Alexandre Brandão.
“Se não fosse pelo resultado negativo do setor de alimentos, que pesa cerca de 25% da indústria, o índice teria crescido mais em fevereiro“, acrescentou.
Veja abaixo as atividades com as maiores variações em fevereiro:
- Perfumaria, sabões e produtos de limpeza: 4,77%;
- Madeira : 4,64%;
- Metalurgia: 2,03%;
- Calçados e produtos de couro: 1,79%.
Embora o setor de alimentos não tenha apresentado uma das maiores oscilações no mês, ele foi o maior destaque na composição do resultado agregado, segundo o IBGE. “A atividade foi responsável por -0,35 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de 0,06% da indústria geral“, informou o instituto.
Além do setor de alimentos, as outras atividades que exerceram fortes impactos no IPP de fevereiro foram metalurgia (0,12 p.p.), indústrias extrativas (0,09 p.p.) e refino de petróleo e biocombustíveis (0,08 p.p.).
No setor de metalurgia, o avanço em fevereiro foi o mais elevado desde maio de 2022 (2,05%). Em síntese, o avanço foi provocado pela alta nos preços do grupo de metais não ferrosos, que estão sofrendo com variações de câmbio e dos preços dos insumos.
No caso das indústrias extrativas, “o Brasil acompanha o movimento dos preços no mercado internacional e eles vêm aumentando. A depreciação do real frente ao dólar intensifica isso ainda mais“, explicou Brandão.
Inflação da indústria cai 5,16% em 12 meses
O IBGE revelou que a inflação da indústria, medida pelo IPP, acumulou queda de 5,16% no acumulado dos últimos 12 meses. O resultado negativo aconteceu porque três das quatro maiores variações do período foram negativas, puxando os preços ao produtor para baixo.
Confira abaixo os setores com as maiores oscilações acumuladas em 12 meses:
- Refino de petróleo e biocombustíveis: -16,26%;
- Outros produtos químicos: -13,35%;
- Papel e celulose: -10,48%;
- Impressão: 7,66%.
Por fim, os impactos mais expressivos na taxa anual do IPP também foram negativas e vieram de: refino de petróleo e biocombustíveis (-1,89 p.p.), alimentos (-1,14 p.p.), outros produtos químicos (-1,13 p.p.) e metalurgia (-0,41 p.p.).