Após iniciar o ano em alta, subindo em janeiro, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) teve uma forte queda de 4,6 pontos em fevereiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Isso também aconteceu em março, apesar de o recuo ter sido bem mais leve, de 0,7 ponto. Com isso, o índice recuou para 103,8 pontos, acomodando-se em patamar favorável.
A saber, o IIE-Br atingiu em julho do ano passado o menor nível em quase seis anos (103,5 pontos). Contudo, as variações seguintes tiveram bastante oscilação, e o indicador apresentou um movimento de alternância de resultados, com as taxas subindo e descendo seguidamente.
Em outubro de 2023, o indicador de incerteza voltou a ficar acima da marca de 110 pontos, considerada uma faixa desfavorável, refletindo o aumento da incerteza no país naquele período, e isso se manteve em novembro.
Nos últimos meses, o indicador voltou a apresentar variações de sobe e desce entre os meses. Contudo, desta vez, o indicador caiu pela segunda vez consecutiva, ficando ainda mais próximo da faixa de 100 pontos.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta segunda-feira (1º).
Saiba mais sobre o indicador de incerteza da FGV
Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, enquanto valores abaixo dessa marca refletem o contrário, ou seja, o país se mostra confiável com a economia brasileira.
Segundo o FGV IBRE, a faixa de 100 pontos reflete neutralidade do indicador. Assim, a marca atingida em março, de 103,8 pontos, indica um grau leve de incerteza no país, melhor resultado para o indicador desde julho de 2023 (103,5 pontos), ou seja, em oito meses.
Vale destacar que o grau de incerteza vem se mantendo em um patamar relativamente estabilizado nos últimos meses. Isso está acontecendo porque as variações do indicador se anulam, em grande parte, e o nível acaba apresentando uma variação pouco intensa no acumulado dos meses.
Vale destacar que, quanto menor o indicador estiver, mais positiva a situação do país estará. Diferentemente da maioria dos índices, que medem indicadores econômicos, e cujos resultados elevados refletem um bom momento para o setor ou o país, o IIE-Br mede a incerteza econômica, ou seja, algo negativo. Portanto, quanto menor esse índice negativo estiver, melhor para o Brasil.
Componente de expectativas se destaca em março
De acordo com a economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, o IIE-Br caiu em março devido ao componente de expectativas, diferentemente do que aconteceu em fevereiro, quando o componente de mídia puxou o indicador para baixo.
A saber, o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em fevereiro, os componentes seguiram a mesma trajetória, exercendo impacto no indicador para a mesma direção.
“A queda do indicador de incerteza em março foi determinada majoritariamente pelo recuo do componente de Expectativas, que, por sua vez, foi motivado pela redução na dispersão das previsões de mercado para a taxa de câmbio daqui a 12 meses“, disse a economista.
“Novamente, a redução do nível de incerteza reflete os sinais de relativa resiliência da economia brasileira, com mercado de trabalho aquecido, inflação controlada e resultados favoráveis de algumas atividades setoriais nesse início de ano“, acrescentou.
Em suma, o componente de expectativas caiu 2,4 pontos em março, para 95,1 pontos, menor patamar desde janeiro (93,0 pontos). Este componente mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, segundo o FGV IBRE.
Componente de mídia também cai no mês
Embora a incerteza em relação às expectativas com o futuro tenha se destacado em março, o componente de mídia também recuou no mês, apesar de a variação ter sido bem mais tímida que o outro componente. Em síntese, a queda foi de 0,2 ponto, para 105,6 pontos.
Com o acréscimo do recuo, o componente de mídia contribuiu com a queda do IIE-BR em -0,2 ponto. Logo, o componente de expectativas respondeu por -0,5 ponto da redução da incerteza econômica do país em março.
Vale destacar que, apesar da forte variação observada, o componente de expectativas exerce um impacto bem mais tímido no IIE-Br. Em março, o componente só figurou como o grande destaque porque teve uma redução real 12 vezes maior que o componente de mídia, mas a influência no indicador de incerteza foi apenas 2,5 vezes superior.
Com o resultado de março, a incerteza em relação às expectativas seguiu na zona favorável e se afastou ainda mais da marca de 100 pontos. Por outro lado, o componente de mídia continuou acima desse patamar, ainda refletindo um leve pessimismo no país.
Por fim, a economista Anna Carolina alertou para os próximos resultados do indicador. “Vale a ressalva de que já no fim desse mês, o início de uma discussão em torno do ritmo de queda da taxa de juros interna e do andamento da economia externa, pode vir a impactar os resultados do IIE-Br nos próximos meses“, disse.