Os investidores que alocaram seu dinheiro na Bolsa de Valores Brasileira em março podem ter comemorado ou sofrido com o resultado. Isso porque o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa, encerrou o mês com perdas de 0,71%, refletindo a estabilidade das altas e quedas dos papeis.
Em resumo, 45 das 86 ações que compõem a carteira do indicador fecharam o mês no vermelho, ou seja, 52,3% do total. Por outro lado, 41 papeis tiveram ganhos em março (47,7%). Isso mostra que parte dos investidores teve perdas no mês, mas uma quantidade semelhante conseguiu fechar o mês com ganhos.
EUA ajuda a derrubar Ibovespa no mês
No final do ano passado, a expectativa dos investidores era que os juros nos Estados Unidos caíssem até sete vezes em 2024, a partir de março. Entretanto, o terceiro mês do ano está chegando ao fim e ainda não houve qualquer corte na taxa de juros da maior economia do planeta.
Os comentários atuais indicam que os juros poderão cair até quatro vezes no ano, mas não há qualquer confirmação que isso realmente acontecerá. Portanto, a entrada de capital estrangeiro no Ibovespa, fortalecida pela sensação de corte dos juros nos EUA, deixou de acontecer com intensidade, como ocorreu no final de 2023.
Em síntese, os juros elevados nos Estados Unidos atraem mais dinheiro para a renda fixa do país. Isso porque muitos investidores aproveitam esse cenário para adquirirem títulos do Tesouro norte-americano, que passam a ter um rendimento mais elevado quando os juros estão mais altos.
Vale e Petrobras derrubam Ibovespa
A queda do Ibovespa observada em março foi bem leve, mas o recuo acumulado no primeiro trimestre de 2024 chegou a 4,53%. Esse forte tombo fez a Bolsa Brasileira dar adeus a mais da metade dos R$ 45 bilhões aportados por estrangeiros em 2023.
Como os estrangeiros estão atentos à decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, sobre os juros, qualquer notícia positiva dos outros países poderia ter força para atrair investidores. Entretanto, a situação do Brasil no primeiro trimestre não foi atraente.
Em suma, as principais portas de acesso do Ibovespa são ações da “velha economia”. O grande destaque do primeiro trimestre foi a mineradora Vale, que despencou 17,69%, respondendo por 57% da queda do Ibovespa no período.
A mineradora viveu à sombra do risco político, uma vez que o governo Lula ainda tenta escolher o seu presidente, mesmo a empresa deixando de ser estatal há três décadas. Além disso, vale destacar que os preços do minério de ferro, principal produto da mineradora, caíram 20% no trimestre.
Já nas últimas semanas, a Petrobras inverteu a trajetória de ganhos e passou a cair, puxando ainda mais o Ibovespa para baixo. A petrolífera acumulava ganhos de 15% até meados de fevereiro, nas máximas históricas, mas isso mudou completamente na sequência.
Em síntese, a estatal abandonou a política de distribuição de lucros há 20 dias e ainda não explicou o que a fez tomar essa decisão. Isso fez os investidores fugirem da Petrobras, retirando capital do Ibovespa. Vale destacar que, no trimestre, o petróleo teve alta de 13%, mas nem isso impediu a fuga da petrolífera.
Ações que mais subiram no 1º trimestre
Em março, as ações que mais subiram foram impulsionadas, em parte, por fatores específicos às empresas ou setores dos quais fazem parte. Por exemplo, a Embraer se fortaleceu com dados de novas encomendas, com destaque das modificações feitas pela American Airlines.
Confira abaixo o top dez de ganhos em março:
- Embraer ON: 36,35%;
- Braskem PNA: 25,48%;
- 3R Petroleum ON: 18,03%;
- Natura ON: 13,99%;
- Suzano ON: 13,54%;
- Carrefour ON: 12,74%;
- Klabin Unit: 11,92%;
- PetroRio ON: 11,51%;
- São Martinho ON: 9,65%;
- Grupo Soma ON: 8,71%.
Vale destacar que empresas de commodities conseguiram ter um bom desempenho no mês. No caso da Suzano e da Klabin, o fortalecimento da demanda da China impulsionou seus papeis. Ao mesmo tempo, o aumento do câmbio também ajudou no desempenho das exportadoras.
Veja os papeis que mais caíram no mês
Dentre as 10 ações que fecharam o mês de março com as maiores quedas, as varejistas se destacaram.
Confira abaixo os únicos recuos de novembro:
- Pão de Açúcar ON: -26,55%;
- Casas Bahia ON: -25,00%;
- Magazine Luiza ON: -15,49%;
- CVC Brasil ON: -13,43%;
- CSN Mineração ON: -12,69%;
- Yduqs ON: -11,05%;
- Usiminas PNA: -9,58%;
- Totvs ON: -7,53%;
- Petrobraa ON: -7,13%;
- Telefônica Brasil ON: -7,12%.
Por fim, a varejista francesa Casino deixou de ser controladora do Grupo Pão de Açúcar (GPA). A empresa está em processo de reestruturação de dívida e a incerteza em relação ao futuro derrubou as ações do GPA em março.