O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (27) que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai crescer mais de 2,2% em 2024. A taxa de avanço foi projetada pelo Governo Federal no final do ano passado, e se manteve neste mesmo patamar nesta semana, quando o Ministério da Fazenda manteve suas estimativas para o desempenho da economia do país.
A declaração do ministro ocorreu na manhã de hoje, dia em que serão divulgados os dados sobre a criação de vagas de trabalho formal no país em março e no acumulado dos três primeiros meses de 2024.
“Este ano, nós estávamos projetando um crescimento de 2,2%, mas eu penso que, à luz do aquecimento da economia no começo do ano e da geração de empregos, o Ministério da Fazenda vai ser obrigado a rever, sim, a projeção de crescimento. Portanto, eu acredito que a área técnica vai concluir que o crescimento pode ser, sim, superior a 2,2%“, disse Haddad em entrevista à rádio Itatiaia.
Redução dos juros deve impulsionar PIB brasileiro no ano
Durante a entrevista, o ministro da Fazenda afirmou que a redução da taxa de juros no país vem fortalecendo a economia brasileira. Em resumo, desde o ano passado que Haddad pedia por cortes na taxa Selic, algo que começou a acontecer em agosto, e vem se mantendo até os dias atuais.
“Não posso chutar o percentual, pelo cargo que eu ocupo. Quem fala pelo ministério sobre isso é a área técnica, mas eu acredito — aí sim, é uma crença minha, com base nos indicadores — que muito provavelmente a área técnica do ministério vai acabar tendo que rever esses indicadores, sobretudo se a taxa de juros continuar caindo, como previsto“, disse o ministro.
A saber, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu em 0,5 ponto percentual (p.p.) a taxa Selic em agosto de 2023, e manteve as reduções neste mesmo patamar nas cinco reuniões seguintes. A expectativa é que a próxima reunião do Copom, em maio, corte os juros novamente em 0,5 p.p., mas, a partir de junho, as reduções poderão ficar mais fracas, como projetou o próprio comitê.
Haddad afirma que não impõe revisões ao ministério
O ministro da Fazenda aproveitou a entrevista para afirmar que não impõe qualquer decisão sobre as revisões realizadas pela pasta. De acordo com ele, estas revisões são habituais e ocorrem conforme o entendimento da área técnica em relação aos indicadores econômicos do país.
“Revisão é rotina, não é uma determinação minha ou de quem quer que seja, é uma rotina do Ministério da Fazenda. Mas isso pode acontecer no primeiro semestre essa revisão ou não. Eu não estou dizendo que vai acontecer“, disse. A propósito, as estimativa de crescimento do PIB brasileiro são feitas pela Secretaria de Política Econômica.
Estimativas do governo superam projeções de analistas
Na última terça-feira (26), o Banco Central (BC) divulgou as novas projeções de analistas do mercado financeiro em relação aos principais indicadores econômicos do Brasil. A publicação, chamada de relatório Focus, é divulgada semanalmente, trazendo atualizações das estimativas do mercado.
Segundo o relatório, os analistas elevaram suas projeções para o Produto Interno Bruto brasileiro em 2024. Em suma, a economia brasileira deverá crescer 1,85% em 2024, taxa levemente maior que a da semana passada (1,80%). Aliás, o avanço foi o quinto consecutivo, sinalizando maior otimismo entre os analistas desde o final de fevereiro.
Apesar dos recentes avanços, as estimativas dos analistas para o desempenho do PIB ainda são mais modestas que as projeções do governo federal, que indicam um crescimento de 2,2% da economia neste ano. Entretanto, como as atualizações são semanais, os dados podem continuar apresentando alterações nas próximas atualizações da publicação, aproximando ambas as taxas.
Projeções do governo para o PIB em 2025
Para 2025, as projeções para o avanço do PIB também se mantiveram estáveis. Em resumo, o Ministério da Fazenda continuou estimando uma um crescimento de 2,8% da economia brasileira no próximo ano, indicando aceleração em relação a 2024.
De acordo com a pasta, alguns fatores deverão ajudar no crescimento da economia no médio prazo, com destaque para:
- Reforma tributária, que deve reduzir a complexidade da tributação no país, equilibrando-a entre os setores;
- Programas de incentivo ao investimento, renegociação de dívidas e transferência de renda.
As projeções do governo são bem mais otimistas que a dos analistas do mercado financeiro. Nesta semana, as estimativas do mercado indicaram um avanço de 2,00% do PIB brasileiro no ano que vem, dado que vem se mantendo estável há alguns meses.