Os analistas do mercado financeiro voltaram a reduzir as projeções para a inflação no Brasil em 2024, após duas semanas de alta. Isso sinaliza que os economistas estão um pouco mais otimistas em relação à taxa inflacionária neste ano, mas isso só poderá ser confirmado ao longo das semanas, com as novas estimativas.
Com o acréscimo do recuo, a taxa continuou dentro da meta definida para o ano, algo que é muito positivo para o país. Isso porque, quando a inflação fica controlada, há uma sinalização clara de fortalecimento da economia brasileira, ao menos no geral.
De acordo com o boletim Focus, divulgado na terça-feira (26) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 3,75% neste ano. A taxa é levemente menor que a projetada na semana anterior (3,79%) e segue abaixo do limite estabelecido para a inflação em 2024.
A propósito, o BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Analistas ficam atentos a dados econômicos
Os analistas do mercado financeiro ficam atentos a todos os dados divulgados no país. Na terça-feira (26), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou os dados da prévia da inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). O indicador subiu 0,36% em março.
O resultado desacelerou fortemente em relação a fevereiro (0,78%), mas veio levemente acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,31% em março. Isso aconteceu porque, apesar de a maioria dos grupos pesquisados registrar alta dos preços em relação ao mês anterior, os avanços foram menos intensos que os de fevereiro.
Para 2025, os analistas também reduziram suas estimativas para a taxa inflacionária do país, de 3,52% para 3,51%. O recuo aconteceu após leve alta observada na semana anterior, mas as variações para o ano que vem seguem bem tímidas.
BC tenta cumprir a meta da inflação
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%. Logo, as projeções dos analistas, de 3,75%, estão dentro do limite, dado muito positivo para o país.
Estimativas para o PIB brasileiro crescem
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Pela sexta semana consecutiva, o mercado elevou as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2024, de 1,80% para 1,85%.
Apesar do avanço, o crescimento do PIB deverá se manter distante da alta registrada em 2023. Segundo o IBGE, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023, em relação ao ano anterior. O resultado foi levemente menor que a alta de 2022 (3,0%), mas superou significativamente as estimativas que os economistas fizeram no início do ano passado, de 1,0%.
A expectativa é que o desempenho do PIB brasileiro em 2024 também surpreenda o mercado e cresça mais que o esperado atualmente pelos economistas. Inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o avanço da economia brasileira será superior a 2,2%, taxa projetada nesta semana pela pasta.
Já para 2025, as estimativas permaneceram estáveis em 2,00%. A alta estimada para o ano que vem é superior à projetada para 2024, mas a taxa não costuma apresentar grandes variações porque os analistas ficam mais atentos ao desempenho do ano vigente, ou seja, 2024.
Taxa de juros no Brasil se mantém estável
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic, em 9,00% neste ano. Nos últimos meses, o BC promoveu cortes de meio ponto percentual na Selic, totalizando uma redução de 2,5 pontos percentuais entre agosto de 2023 e março deste ano. Agora, a taxa de juros está em 10,75% ao ano.
O BC promoveu a redução mais recente, seguindo a política menos contracionista de juros. Nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, houve cortes de meio ponto percentual em cada uma delas, e a expectativa é que haja uma nova redução de mesma magnitude no próximo encontro do Copom, em maio.
Para 2025, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 8,50%, patamar praticamente idêntico ao que deverá ser observado no final deste ano. Isso mostra que o BC deverá pisar no freio, parando de cortar os juros em 0,50 ponto percentual em todas as suas reuniões.