A onda de calor que atingiu o Brasil em fevereiro elevou o consumo de energia no país e mudou um pouco os hábitos da população. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), divulgados nesta quarta-feira (27), o consumo de energia cresceu 5,7% em fevereiro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.
Em resumo, a CCEE afirmou que esse aumento na demanda por energia elétrica aconteceu por causa do calor que atingiu o país no mês passado. Para fugir do calor, os brasileiros utilizaram bastante a energia elétrica. Um dos principais aparelhos escolhidos pela população foi o ar-condicionado, que mantém o ambiente fresco e resfriado. O ventilador também foi bastante utilizado pelas pessoas no país.
De acordo com a CCEE, o mês também ficou marcado pela melhora na performance de alguns setores econômicos, que utilizaram mais intensamente a energia elétrica, contribuindo com o aumento do consumo no mês. Os grandes destaques de fevereiro foram os seguintes setores:
- Bebidas,
- Comércio e madeira;
- Papel e celulose.
Estes setores lideraram o ranking de maiores taxas de crescimento no consumo de eletricidade em fevereiro. Em suma, isso aconteceu por conta do aumento na produção, que fez as empresas elevarem o consumo no país.
Veja mais detalhes do aumento do consumo em fevereiro
Segundo a CCEE, o calor expressivo no Brasil em fevereiro influenciou o aumento no consumo da energia elétrica no país. A população usou com mais intensidade alguns equipamentos de refrigeração, assim como shoppings, hiper e supermercados. Todos tentando fugir das temperaturas elevadas, que atingiram boa parte do país no mês passado.
Além disso, o mês também ficou marcado pela entrada de mais empresas no mercado livre de energia. Em síntese, as empresas que possuem contas de luz por volta de R$ 10 mil podem negociar os contratos com fornecedores no mercado livre desde janeiro. Assim, não há obrigação de comprar da distribuidora local, e isso impulsionou o consumo de energia no país.
Consumo cresceu em 25 das 27 UF
Em fevereiro, a CCEE revelou que quase todos os estados conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN) registraram aumento no consumo de energia elétrica. Houve apenas duas exceções: Bahia, que teve queda de 1%, e Distrito Federal, cujo consumo caiu 2,8% em relação a fevereiro do ano passado.
Já os estados que registraram as maiores taxas de crescimento no consumo de energia em fevereiro foram:
- Amazonas: 28,4%;
- Acre: 16,9%;
- Mato Grosso do Sul: 14,4%.
Massa de ar quente elevou temperatura no Brasil
O consumo de energia elétrica no Brasil cresceu em fevereiro por causa de uma onda de calor que atingiu parte do país. Estes fenômenos ocorrem devido a dois principais fatores climáticos: massas de ar quente e seco e bloqueios atmosféricos.
Em suma, a junção destes fatores não impede a formação de frentes frias, que poderiam ajudar a reduzir o calor. Entretanto, quando estas se formam e tentam avançar, elas encontram um bloqueio e acabam seguindo diretamente para o oceano. Portanto, a massa de ar quente no continente tende a ficar mais forte, gerando uma onda de calor, já que não há frente fria para amenizar a situação.
Com isso, as temperaturas ficam acima do normal, dificultando a vida das pessoas, que veem na energia elétrica uma forma de acabar com o calor e o desgaste que as temperaturas elevadas causam. A propósito, o fenômeno climático El Niño e o aquecimento global pioraram a situação no país, aumentando ainda mais as temperaturas. Isso não ficou restrito a fevereiro, uma vez que o calor também foi muito forte em março.
Brasileiros vão pagar caro pela energia elétrica em 2024
Os consumidores do país que pagam conta de luz deverão perceber o aumento da tarifa neste ano. A saber, o valor dessa despesa deverá ficar ainda maior devido ao orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Em novembro de 2023, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs um orçamento de aproximadamente R$ 37,2 bilhões para a CDE em 2024. Em resumo, esse é o maior orçamento dos últimos 11 anos.
A saber, 88% do valor será pago pelos consumidores do país em 2024, através de dois encargos incluídos nas contas de luz. No total, os brasileiros deverão pagar R$ 32,7 bilhões do orçamento da CDE.
Vale destacar que a conta de luz é muito cara no Brasil porque os consumidores não pagam apenas valores relacionados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, mas também precisam custear:
- Impostos;
- Subsídios;
- Taxas que custeiam políticas públicas;
- Ineficiências do setor elétrico.
Em síntese, tudo isso encarece a conta de luz, que acaba pesando no bolso de milhares de famílias no país. Por isso, nesse momento de muito calor, as famílias também precisam ficar atentas para não gastar muita energia e ter uma péssima surpresa quando chegar a conta.