O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (26) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa básica de juro da economia brasileira, de 11,25% para 10,75% ao ano.
De acordo com o documento, não há como projetar um corte na taxa Selic em junho deste ano, quando o Copom realizará mais uma reunião para definir os rumos política monetária do país.
O documento informou que, diante das “incertezas do cenário” em relação à inflação do Brasil nos próximos meses, tornou-se mais apropriado ter “maior flexibilidade” na política de juros. Com isso, a autarquia preferiu evitar qualquer confirmação de corte dos juros no futuro breve.
Redução dos juros devem perder força
Na semana passada, o BC já havia informado sobre a possibilidade de reduzir os juros na “mesma magnitude”, de 0,5 ponto percentual, somente “na próxima reunião” do Copom, marcada para maio. Caso isso se confirme, será o sétimo corte seguido de meio ponto percentual, e que deverá ficar marcado pelo fim destas reduções.
“Argumentou-se que uma retirada tardia, possivelmente vista como uma promessa não cumprida [de um corte em junho não adotado], deveria ser evitada porque poderia ter impacto sobre a credibilidade futura da comunicação e provocar volatilidade excessiva“, explicou o BC, na ata do Copom.
“Alguns membros argumentaram ainda que, se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária [de corte dos juros] pode revelar-se apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir“, acrescentou a autarquia.
Veja as expectativas para as próximas reuniões
Segundo a ata do Copom, o BC poderá reduzir os cortes dos juros de 0,5 para 0,25 ponto percentual a partir de junho. Em suma, isso poderá acontecer a depender da variação da inflação no país. Caso a taxa ganhe força, os cortes dos juros deverão ficar cada vez mais difíceis.
De toda forma, vale destacar que estas decisões serão tomadas apenas durante as reuniões do Copom. Portanto, se o cenário ficar mais positivo, o BC poderá mudar essa sinalização, mantendo o corte dos juros na mesma magnitude.
BC corta Selic pela 6ª seguida
No último dia 20 de março, o BC decidiu cortar pela sexta vez consecutiva a taxa básica de juro da economia, a Selic. A redução veio em linha com as projeções dos analistas do mercado financeiro e fez a taxa cair para o menor patamar desde o início de março de 2022, quando a Selic também estava em 10,75%, ou seja, em dois anos.
Para quem não sabe, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a famosa e temida inflação. Assim, quanto mais alta a taxa Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país, pois a Selic puxa consigo os juros para cima, no geral.
Dessa forma, o crédito fica mais caro no Brasil, reduzindo o poder de compra do consumidor. Portanto, as pessoas se veem obrigadas a pagar mais caro para contratar crédito, muitas delas reduzem seus gastos e modificam seus hábitos de consumo para adequarem suas rendas à nova realidade financeira.
A principal consequência de tudo isso é o desaquecimento da economia brasileira, uma vez que o consumo é um dos principais motores da atividade econômica.
BC tenta cumprir a meta da inflação
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%. Logo, as projeções dos analistas, de 3,77%, estão dentro do limite, dado muito positivo para o país.