O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1,6 ponto em março deste ano. O indicador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) avançou pela primeira vez em 2024, após dois meses de queda.
Embora o indicador tenha subido no mês, segue em patamar que reflete o pessimismo dos consumidores do país. Em suma, o ICC chegou a 91,3 pontos, conseguindo se aproximar um pouco da marca dos 100 pontos. Já em relação às médias móveis trimestrais, o indicador caiu 0,6 ponto, sexto recuo consecutivo, após seis meses de alta.
Diversos fatores impulsionaram o otimismo dos brasileiros em 2023, como a desaceleração da inflação e a redução dos juros. Contudo, as expectativas com a situação atual e as expectativas com o futuro perderam força e vêm puxando a confiança dos consumidores para baixo nos últimos meses no país, apesar do avanço observado em março.
Cabe salientar que a confiança do consumidor segue abaixo de 100 pontos, mas o recente avanço fez o indicador voltar a ficar acima de 90 pontos. A saber, a faixa de 100 pontos indica neutralidade, ou seja, níveis inferiores a essa marca refletem o pessimismo dos consumidores, enquanto valores superiores indicam otimismo.
“Esse é o primeiro resultado positivo do ano, elevando o indicador de um nível pessimista para moderadamente pessimista, acima dos 90 pontos“, afirmou Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
Componentes do ICC sobem em março
Em março, a alta do ICC foi provocada pela melhora da situação atual do país. Da mesma forma, o componente que se refere à expectativa com o futuro também avanço no mês, ajudando a impulsionar o ICC.
Em suma, o indicador de confiança possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram a mesma direção neste mês. Segundo o levantamento, o ISA subiu 2,1 pontos, para 80,7 pontos, segundo avanço seguido, após o componente iniciar o ano em queda. Esse resultado foi o principal fator para a alta da confiança dos consumidores neste mês.
Por sua vez, o IE subiu 1,2 pontos em março, para 99,1 pontos. O avanço foi mais leve que o do ISA, mas vale destacar que este componente está bem próximo da faixa de neutralidade, enquanto o outro sinaliza um pessimismo firme entre os consumidores, próximo da faixa de 80 pontos.
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Em síntese, o componente do ICC referente às perspectivas para as finanças familiares futuras entre os quesitos foi o principal destaque de março. Isso porque o quesito apresentou a maior contribuição para a alta da confiança no mês, subindo 7,6 pontos, para 100,8 pontos. Com isso, devolveu a maior parte da queda observada no mês anterior, de 8,5 pontos.
Além disso, o FGV IBRE também destacou o avanço do indicador que mede as perspectivas sobre a situação futura da economia, que teve alta de 4,8 pontos, para 110,6 pontos. Isso sem contar na melhora das percepções sobre as finanças pessoais e da economia local, cujos indicadores avançaram em 2,0 e 2,1 pontos para 69,9 e 91,8 pontos, respectivamente.
“A alta da confiança dos consumidores foi motivada pela melhora de todos os quesitos que compõem o indicador, com exceção ao de intenção de compra de bens duráveis que recuou fortemente no mês“, explicou Anna Carolina.
Por falar nisso, apenas o ímpeto de comprar bens duráveis caiu em março. Em resumo, o componente recuou 9,2 pontos no mês, para 85,8 pontos. Aliás, o indicador vem apresentando fortes oscilações nos últimos meses, segundo o levantamento.
Confiança tem variações semelhantes entre faixas de renda
Em março, o indicador apresentou variações semelhantes entre as faixas de renda, com todas elas registrando aumento da confiança dos consumidores no mês.
Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:
- Até R$ 2.100: 83,8 pontos;
- Entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800: 87,4 pontos;
- Entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600: 95,9 pontos;
- Acima de R$ 9.600: 97,2 pontos.
Cabe salientar que a maior alta da confiança veio das famílias com renda entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600 (3,8 pontos), cujo indicador estava em 92,1 pontos em fevereiro. As famílias com renda de até R$ 2.100 também registraram forte crescimento da confiança em março, de 3,3 pontos.
Por sua vez, a confiança teve um avanço mais tímido para as famílias que tinham renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800 (0,7 ponto) e para os consumidores com renda acima de R$ 9.600 (0,4 ponto).
Vale destacar que todas as faixas continuaram apresentando taxas abaixo da marca de 100 pontos, indicando pessimismo entre os consumidores. A situação mais complicada, com números inferiores a 90 pontos, ficou restrita às pessoas de menor renda, refletindo maior pessimismo entre os consumidores. Já as duas faixas mais elevadas tiveram taxas próximas a 100 pontos.