O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, manteve inalterada a taxa de juros de referência do país. Nesta quarta-feira (20), a entidade divulgou a sua decisão sobre os novos rumos da política monetária adotada no país, e manteve os juros no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, assim como aconteceu nas últimas reuniões do banco.
A decisão foi unânime e veio em linha com as projeções do mercado, que acreditavam na manutenção da taxa. Aliás, vale destacar que os juros nos Estados Unidos continuam no maior patamar desde 2001, ou seja, em 23 anos. Isso é muito negativo para a população, que sofre com a redução do poder de compra.
Entretanto, vale destacar que os economistas dizem que os juros elevados são um “remédio amargo” necessário para conter a inflação. Por falar nisso, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se pronunciou em relação à decisão de manter a taxa estável.
Em suma, o órgão responsável por supervisionar e controlar as operações de mercado aberto no mercado financeiro norte-americano afirmou mais uma vez que não considera adequada no momento a redução do intervalo de juros. Isso só deverá acontecer quando houver “maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%“, que é a meta do Fed.
Inflação segue elevada nos EUA
Em comunicado divulgado hoje (20), o Fomc também informou que a inflação nos EUA caiu em 2023. No entanto, a taxa inflacionária segue elevada no país, estando em 3,2% no acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro.
“Ao considerar quaisquer ajustes sobre o intervalo para a taxa dos fundos federais, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio dos riscos“, afirmou o comitê.
Além disso, a entidade ressaltou que indicadores econômicos recentes sugerem que a atividade econômica do dos EUA “tem se expandido em um ritmo sólido“. O comitê ressaltou, em relação ao mercado de trabalho dos EUA, que “os ganhos no emprego permaneceram fortes e a taxa de desemprego permaneceu baixa“.
Todas estas notícias são mais indícios de que o Federal Reserve poderá iniciar os cortes dos juros no país em breve. Inclusive, a projeção dos analistas é que, em 2024, ocorram três cortes de 0,25 ponto no referencial de juros. Caso isso se confirme, a redução será de 0,75 ponto até o fim do ano, e o intervalo da taxa de juros cairá para 4,50% e 4,75% ao ano.
Juros elevados enfraquecem inflação
Em todo o planeta, os bancos centrais decidem elevar os juros com o objetivo de segurar a inflação nos países. Em síntese, política monetária apertada é sinal de juros elevados em diversos setores, ou seja, a população sofre com o seu poder de compra reduzido.
Esse cenário não é positivo para a economia, que sofre para se manter aquecida, já que a redução do consumo prejudica a atividade econômica dos países.
Apesar de negativa, a ação é vista como algo positivo pelo mercado, porque o aumento dos juros limita o avanço da chamada “inflação por demanda”, caracterizada pela alta dos preços de bens e serviços devido à procura elevada dos consumidores.
Veja como a decisão do Fed impacta o Brasil
Embora tenha mantido os juros estáveis, a taxa continua muito elevada nos EUA, e isso deverá afetar todo o planeta. No caso do Brasil, o que mais deverá impactar a vida da população é o aumento dos preços dos produtos importados.
Em resumo, quanto mais altos estiverem os juros nos EUA, mais rentáveis ficam os ativos relacionados ao governo norte-americano. Dessa forma, os investimentos estrangeiros tendem a crescer no país, fortalecendo o dólar em detrimento de outras moedas.
A saber, a cotação internacional de bens e serviços é feita em dólar, ou seja, tudo o que vier de fora do Brasil seguirá tão caro quanto está. Aliás, nem todos devem saber, mas diversos produtos consumidos diariamente no Brasil vêm do exterior, como o trigo, usado em pães, bolos, massas e biscoitos. Estudos revelam que entre 50% e 60% do trigo consumido no Brasil vem do exterior.
Também não há como esquecer os combustíveis. Em síntese, a política de preços da Petrobras leva em consideração a cotação internacional do barril de petróleo e as oscilações do dólar. Assim, quanto mais cara estiver a moeda americana, maiores os riscos de alta dos combustíveis no país.
Além disso, o dólar mais elevado encarece a dívida pública do Brasil e pressiona o BC brasileiro a também manter os juros elevados no Brasil. Isso porque, mesmo com uma inflação mais baixa, uma redução nos juros brasileiros pode fortalecer o dólar e impulsionar novamente a inflação no país.